Medos

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Depois da dança a festa se transformou e haviam os que ficavam conversando e os que dançavam. Notei mais jovens na festa. muitos, na verdade.

_ São seus amigos? 

_ São mais filhos dos amigos dos meus pais. Eu fui adotado, lembra? Essas pessoas me vêm como inferior. 

_ Que injustiça! 

_ É só a natureza humana em ação, acho. Estão se protegendo de novas idéias para não perder a própria identidade. É normal. 

_ Isso é um absurdo.

_ Obrigado _ sorriu _ Mas não precisa tomar as minhas dores. Eu estou bem sem eles. É minha escolha. 

 Não demorou até ele me levar para fora pela mão, para o jardim. Pegou uma rosa vermelha do jardim e me entregou, me levando para trás da casa, em seguida. Sentamos nas cadeiras da piscina que estavam lado a lado.

_ O céu está lindo _ falou me impelindo a olhar também. 

O céu estava muito bonito, cheio de estrelas brilhantes. Me vi cheirando a rosa enquanto olhava para o céu. Encontrei o olhar do Natan sobre mim, ao baixar o olhar, e nossos olhares se cruzaram gerando um magnetismo que me prendia naquele olhar. O momento perfeito para um beijo. 

Esperei que ele me beijasse, mas ele só me olhou até que o momento passou. Talvez o Natan não pensasse em mim como um amor. Talvez eu fosse mesmo, só sua amiga. Talvez ele amasse alguém entre as filhas dos amigos dos seus pais, e não pudesse se declarar.

_ Dorme aqui? _ pediu de repente sem interromper o nosso entreolhar.

_ Eu não vim pronta para isso _ sorri meio desconcertada com o pedido repentino. 

_ Te empresto uma camisa para você dormir. Posso te levar em casa de manhã. 

_ Você tem carteira de motorista?

_ Em um mês terei, mas eu tenho um chofer. 

Pensei nisso por um segundo. Ele devia se sentir bem solitário, e eu queria ficar _ Sim.

Um sorriso largo surgiu no seu rosto. 

_ Mas não sei se é prudente dormir aqui _ respondi. 

_ Se dormir, eu te protejo disso que você sente medo.

_ Não sinto medo de nada.

_ Todos sentem medo.

_ Eu não. 

Gargalhou _ Tá bom. Já que é assim. Pode ficar para me proteger do que me faz sentir medo? 

_ E o que é? 

Esboçou um sorriso e me olhou ternamente, em silêncio. Me senti meio boba naquele momento, mas não sabia porquê. 

_ Só... fica.

_ Tá _ me vi falando sem pensar. 

Sua reação foi de surpresa e sorriu contente. 

Quando a festa acabou, nós despedimos dos convidados e Natan pôs um colchão ao lado da sua cama. A sua mãe insistiu num quarto de hóspedes, mas o Natan argumentou que eu ficaria melhor com ele. Os convenceu, mas ficou óbvio que a sua mãe não achava que eu fosse só uma amiga. 

Tomei banho e vesti a sua camisa. Natan me olhou atento, quando saí do banheiro para a sua cama. Ele já havia tomado banho, em outro banheiro da casa, imagino. Apagou a luz. Deitou no colchão e puxou assunto comigo. Sobre coisas da infância e frivolidades. Adormeci ouvindo a sua voz e o seu riso.

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