Voluntários

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Yasmin

Aquele final de semana era o início das férias. Levantei de manhã muito envergonhada por ter passado a noite na cama do Chris. Mas fui muito bem recebida na mesa no café da manhã.

Fizeram piadas sobre nós juntos finalmente e falaram sobre como eu seria uma noiva linda. 

_ Sim. A minha noiva será a mais linda de todas _ o Chris concordou sorrindo e piscou para mim.

Decidi ser voluntária num orfanato. Na segunda feira foi o meu primeiro dia.

 Fui informada de que havia outra pessoa voluntária no orfanato, e que eu trabalharia com ela. Deveria encontrar ele no playground. 

Ele estava sem camisa consertando um dos brinquedos quando o vi pela primeira vez. Meu deus, como era lindo! Pensei quando ele caminhou até mim.

_ Olá! Meu nome é Natan estendeu a mão para mim.

_ Oi! Yasmin _ segurei a sua mão _ Quer ajuda?

_ Seria muito bom _ sorriu voltando ao brinquedo e eu o segui _ Infelizmente o conceito de trabalho voluntário, parece presumir que você tem que fazer tudo sozinho, e eu não sou o super man _ sorriu.

Sorri _ Só diz o que devo fazer _ ofereci.

_ Segura isso para mim, Yasmin.

 Indicou uma ferramenta prendendo um parafuso. Obedeci. 

Deitou no chão começando a consertar a gangorra.

_ O que te levou a fazer trabalho voluntário, Yasmin?

_ Tempo livre. E você?

_ Morei aqui há uns doze anos. Lembro como era difícil chamar este lugar de lar, e não entender porquê os meus pais não me quiseram. Estou tentando fazer uma pequena diferença aqui.

_ Concertando os brinquedos do playground?

_ Na verdade, é só um parafuso solto aqui e ali. Eu dou aula para elas _ riu um pouco _ Não sei se posso chamar de aula. Não ensino nada de específico. Eu só conto história e a ajudo a matar o tempo de uma forma divertida.

_ Parece algo muito importante para crianças. É assim que elas aprendem.

_ Muito gentil. Obrigada. A Bá disse que você poderia me ajudar. Se você concordar, é claro.

_ Vai ser ótimo, Natan _ sorri.

Ajudar com as crianças era tudo o que eu queria desde o início.

Christopher me esperava no portão do orfanato. Sorria para mim ao me ver, mas eu conversava com o Natan antes e por isso o esperei.

Foi estranho ver toda cor sumir do rosto do Chris quando ele viu o Natan. Parecia que tinha visto um fantasma. 

Preocupada segui até ele é toquei a sua testa fria de suor _ Está passando mal?

Negou com a cabeça e olhou para o Natan.

_ Este é o Natan _ apresentei _ Ele também é voluntário.

_ E aí? _ o Natan estendeu a mão cordial.

_ Beleza _ aceitou a mão do Natan.

Nos despedimos e cada um seguiu o seu caminho. 

_ O seu amigo parece legal _ comentou enquanto eu colocava o cinto de segurança.

_ Ele é. Foi um órfão deste orfanato, mas foi adotado e agora pode ajudar as crianças.

_ Impressionante como a sorte dele mudou, não é?

Estranhei o seu tom. Parecia estar bravo por algum motivo. Não poderia ser com o Natan, mal o conhecia.

_ Algum problema?

Olhou nos meus olhos como se me analisasse _ Não meu amor _ sorriu _ Como foi o seu dia?

Deu partida seguindo para a minha casa.

_ Foi ótimo. Estou ajudando o Natan com as crianças. O que é muito legal. Porquê ele é bastante criativo e divertido.

_ Que bom que você está gostando do trabalho voluntário. Fico feliz por você _ ainda estava estranho, pareceu preocupado.

_ O que você tem? Parece que algo aconteceu quando você viu o Natan.

_ Está tudo bem. Só fiquei com medo de te perder. 

_ O que? Você está com ciúmes?

_ Não. Você nunca me trairia. Só tenho medo de ser pouco para você e, de ser trocado por outro melhor.

_ Você nunca pensou assim, antes. Se sentia tão confiante.

_ Você sabe que isso sempre foi uma grande mentira quando se tratava de você. Você é boa de mais pra mim. Eu tenho muita sorte.

Sorri lisongeada _ Você é perfeito para mim, Chris. Não sinta ciúmes do Natan. Ele nem tá afim de mim. Somos amigos de trabalho e só. Em poucas semanas nem nos veremos mais.

Chris

Cheguei no orfanato na hora certa da saída da Yasmin no seu trabalho voluntário, mas tive que esperar uns bons quinze minutos. Quando vi a sua companhia, soube o motivo.

O perfeito Natan em pessoa trabalhava lá. Como nem tudo o que sonhamos é confiável, achei que talvez o Natan não existisse. No fundo, eu torcia fortemente para que eu nunca o encontrasse .

Aquele cara era o meu maior pesadelo. Sentia medo dele perto da Yasmin. Eu não queria ser comparado com ele, nunca. Sabia muito bem quem sairia perdendo e eu não podia perder de novo. Se eu perdesse não teria mais nenhuma chance. Seria o fim para todos os meus sonhos.

Confessei o meu medo, e ela me respondeu que eu era perfeito para ela e que o Natan seria passado. Torci em meu coração para que fosse assim. 

_ Oi Chris _ Estela me sorriu _ sobe para o quarto com a Yasmin.

Tomei um susto ao ouvir isso. A Estela que eu conhecia, nunca diria isso para mim. Ela me odiava. Hesitei, mas a Yasmin me puxou pela mão, escada acima.

Entrou no banho e me deixou sozinho para explorar o seu quarto.

Ver o seu quarto todo fora do meu sonho, foi bom. Me sentia aceito de verdade como namorado, isso era realmente bom. 

Tinha um pôster de um ator americano na parede com o peito nu, usando um jeans e com uma expressão sexy no rosto. Cocei a nuca desconcertado. Era para ele que ela olhava antes de dormir. Será que sonhava com ele?

Um tabuleiro de xadrez que tinha uma partida em andamento. Com quem ela jogava? A Júlia não era esperta o suficiente. A Estela talvez não tivesse tempo, bem como o padrasto da Yasmin. A não ser que... Será que ela jogava sozinha?

Reparei no jogo e movi uma peça. Vi os livros na sua estante. Poesia, economia, yoga, receitas fáceis, física quântica, Kama Sutra.

Fui flagrado pela Yasmin, ainda de toalha com os cabelos molhados.

_ Você não lê livros normais? _ cobrei indignado.

_ Eu sou objetiva, Chris.

Caminhou até o guarda roupa e pegou outra toalha e secou os cabelos. 

_ O que vamos fazer hoje?

_ O que acha de ver um filme debaixo das cobertas comendo sorvete na casquinha?

Sentei na cadeira giratória da sua mesa de computador, e girei de frente para ela.

_ Divino. Mas a sua tevê é melhor que a minha.

Sorri _ Vou adorar outra noite como a de ontem.

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