Christopher

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Naquela manhã, acordei de um sonho picante com o garanhão da escola. Estava tão aérea, que sentia vontade de me bater. Olhava para ele, da minha carteira. Todo sorridente com algo. O Chris sorria muito. Devia ser uma pessoa muito feliz. Eu seria feliz, se eu fosse ele.

Christopher era tudo o que eu sempre sonhei, mas muitas garotas pensavam como eu. Por isso, desisti de qualquer coisa que não fosse amizade. Afinal, era concorrência demais. Eu não fazia o seu tipo. Ele gostava de garotas corpudas, com muita bunda e muito peito. Eu não tinha nada muito.

Estávamos no início do ano letivo, e fazíamos teatro juntos, no final de semana. Isso era bom para conhecê-lo ainda melhor, e ficar um pouco perto. Caímos na mesma turma, em muitas matérias, no último ano do colégial.

O que eu mais gostava no Teatro, era o poder de autodescobrimento que este curso nos dava. Alguns dos meus colegas, perceberam o seu verdadeiro gênero, em poucos meses de curso. O Christopher abriu mais a sua mente no quesito sexo-relacionamento, mas permanecia hetero, como sempre. Era um cafageste que adorava um rabo de saia. Gostava da fruta até o caroço.

Se me perguntassem se eu pensava em algo além de amizade? Sem chance! Nunca imaginária isso. Mas a vida nos prega peças bem estranhas, que nos fazem pensar que é possível.

Como naquela noite, na festa de encerramento do ano passado. Foi uma noite e tanto! Fizemos sexo à três, na casa da minha melhor amiga. Júlia fazia o tipo do Chris, não tinha dúvidas. Só não entendi como eu fui fazer parte desta equação. Mas como discordar? Saí no lucro. Meio Christopher é melhor do que Christopher nenhum.

Mas o que mexeu comigo, de verdade, foi o que o Chris me disse depois de tudo e antes de adormecer.

Ele fazia carinho nos meus cabelos, e eu estava sobre o seu peito. Vez ou outra, encostava o nariz no topo da minha cabeça, cheirando os meus cabelos. Estava quase dormindo. Havia dado conta de duas mulheres, na boa. Sei que nós duas não tinhamos nada para reclamar.

_ Nem acredito que você veio, Yasmin _ respirou suave e mais demorado, pareceu suspirar.

Mas quando o olhei no rosto para perguntar algo sobre o que ele disse, ele havia adormecido.

Descrevendo a cena

Festa agitada, todo mundo se divertindo. Num grupinho, os garotos mais fodas da escola: Denis, Guto e Chris. Estavam cercados de uns amigos menos fodas, que os admiravam e adoravam ficar ao seu redor.

Eu, Júlia, Rose e Beatriz, olhávamos para eles, como todas as garotas daquele lugar, mas ninguém chegava neles. Havia a chance de um fora? Nunca! Os caras pegavam todas, mas não costumavam pegar mais de uma vez. Por isso, o receio.

_ Eu vou lá _ disse a Júlia com um sorriso de canto à outro, meio nervoso.

_ É o que? _ soei assustada.

Um vai, vai, vai, vai, vai desconcertante era quase cantado pelas nossas amigas. E a Júlia foi.

Caminhou até os caras e, em algum momento, apontou para o nosso grupo. Não sei porque achei que isso fosse dar certo, mas sutilmente, escondi o meu rosto atrás do copo de refrigerante com vodka que tinha na mão.

De repente, o Chris vinha em nossa direção agarrado à Júlia pela cintura e piscou para mim no caminho, pouco antes de me estender a mão, que peguei. Fez eu levantar, me segurou pela cintura, com a mão livre e fomos para um cantinho menos agitado.

Ele me olhou nos olhos. Eu estava nervosa. Sorriu meio que sobrepondo os lábios nos dentes, como se tentando esconder o sorriso. Eu já vi aquele sorriso, queria dizer que ele estava tímido. Ora! Quem diria?

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