Alma gêmea

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_ Você fica tão sexy quando toca violão. 

_ Mesmo vestida assim?

_ Vestida? Eu jurava que você estava nua.

_ Estou sempre nua para você? 

_ Está _ confessou com um sorriso divertido quando corei. 

_ Vamos igualar a situação _ falei puxando a toalha da sua cintura e jogando na cadeira.

Tampou o sexo com uma  mão e jogou a outra toalha  na mesma direção. Foi deitando enquanto  me empurrava com o seu corpo para que deitasse com ele _ Agora tira a camiseta do Michael Jordan, ele a quer de volta _ gargalhou já tirando a única peça que eu vestia _ Perfeita _ disse ao me ver nua.

Ficou me olhando e contornando o meu rosto. Era tarde alta, umas três horas talvez. Mas adormecemos, cansados, com o olhar sobre o outro. 

Foi mágico e maravilhoso cada segundo que passei com o Natan. Se existia esse lance de alma gêmea, ele era a minha.

Perdi contato com o Chris depois do colégio. Cursei oito anos de faculdade com o Natan. Nos formamos em neurocirurgia. Fizemos estágio juntos, seis meses. Entramos no mercado de trabalho e marcamos o casamento. 

Claro que iríamos nos casar onde sempre vivemos antes da faculdade, e não perto de onde trabalhávamos. 

Convidei todos os meus amigos, até o Chris. E o grande dia chegou.

Todos vieram ao casamento. A mãe do Natan cuidou dos preparativos,  o que que estava tudo muito lindo.

O meu nervosismo não tinha tamanho. Não por ter dúvidas ou coisa do tipo, mas porquê depois desta cerimônia a minha vida seria para sempre feliz.

Tocam a marcha nupicial. Eu caminho  sozinha até o homem sorrindo, que também está nervoso, eu o conheço. 

O sermão, os votos, a troca de alianças, a declaração de matrimônio e o beijo. Estava feito. Estávamos felizes.

Falei com cada um dos meus covidados. O Christopher estava sério com a Júlia. Quem diria! Ele seguiu carreira artística e era cobiçado entre os figurões de Hollywood. 

Em minha mente, me perguntava como consegui a sua presença no meu casamento.

Tudo correu bem.

Eu e o Natan saímos em lua de mel fugindo da festa.

_ Quero um filho com você _ foi um pedido.

Nossos corpos descansavam após ter feito amor. A sua mão passeava pelo meu ventre, quando pousei a minha mão sobre a dele.

_ Eu também. 

Lembro que três meses depois, estava procurando por ele no hospital onde trabalhávamos. Um lugar imenso. Tinha o resultado do teste, positivo, e estava muito feliz.

Perguntei aos membros da sua equipe de trabalho onde ele estava, e fui seguindo suas dicas, até encontrá-lo dentro do aparelho de ressonância magnética. 

O desespero tomou conta de mim e avancei para ele, deitado sem ter noção da minha presença, até  eu toca-lo na perna. 

_ O que você tem? _ cobrei em um tom rude.

Saiu do aparelho de vagar e sentou diante de mim _ Eu não sei ainda.

_ Não pode ficar doente. Você me prometeu um feliz para sempre. 

_ Não é minha escolha, linda _ falou naquele tom calmo e eu não soube como reagir.

Ele pegou o exame da minha mão e leu o resultado, sorrindo. 

_ O nosso bebê está aqui _ falei sentindo uma lágrima quente rolar pelo meu rosto. 

Um mês depois, eu estava de volta àquela vizinhança, diante do corpo do meu marido. Um câncer cerebral maligno intratável o levou de mim. Tudo o que restou dele era o nosso filho com um mês e meio de gestação. 

Hoje com vinte e seis anos eu sei que devo tudo o que sou ao Natan. Tudo o que vivemos... Tudo o que vivenciamos um do outro foi digno de um romance shakespeariano. E como tal teve um fim. Mas valeu cada segundo. 

Os meus sogros me convidaram para a sua casa, mas preferi ficar com a minha mãe. 

Estava em meu quarto relembrando o Natan neste ambiente. A sua imagem... o seu sorriso... a sua voz... 

Barulhos repetitivos na minha janela, me trouxeram a realidade e fui olhar levando uma pedrinha no peito. Olhei para quem me atacava, era a Júlia. Estava rindo por achar graça de algo.

_ Meu Deus, Júlia! Você parece uma adolescente _ reclamei abrindo o portão para ela.

_ E você parece velha _ me puxou para fora _ Vem comigo. 

_ Pra onde?

_ Animar você. 

_ Como assim? Acabei de enterrar o meu marido _ protestei. 

_ Foram ordens do Mr Perfeito. 

_ O Nathan te mandou me sequestrar?!

_ Tenho provas em vídeo. Quer ver?

Era um vídeo do Natan, claro que eu queria ver _ Quero.

_ Depois. Se você se comportar direitinho _ negociou.

_ Tá bom, você venceu. 

Fomos para um clube das mulheres. Haviam homens dançando, seminus ou uniformizados por todo e qualquer lugar que se olhasse.

_ Porquê estou aqui? 

_ Porque você tem bom gosto _ sorriu pegando bebidas para nós. 

_ O Christopher sabe que você está aqui? 

_ O Christopher! _ gargalhou _ Não temos nada. Nunca tivemos _ bebeu do seu copo.

_ Mas vocês estavam sempre se pegando na escola e no meu casamento. 

_ Era uma encenação para você. 

_ Porquê fariam isso?

_ Foi pra te causar ciúmes _ confessou meio envergonhada _ Mas não funcionou, não é? 

_ Ver o meu primeiro amor e ex namorado com a minha melhor amiga me deixou duplamente enciumada _ confessei depois de um gole _ Mas não era como se eu tivesse esse direito.

O olhar da Júlia ficou surpreso e analítico sobre mim e eu desviei para olhar os dançarinos. 

Meu Deus! O quê uma mulher grávida está fazendo num lugar desses? Olhei o copo em minha mão _ O que tem nisso?

_ Suco de fruta com vodka.

Devolvi para ela _ Estou grávida _ informei.

Depois da surpresa a loira caiu na risada _ Eu não sabia _ puxou pela mão para fora do clube _ Desculpa. O vídeo não falava nada sobre isso. Apenas disse para te divertir.

Passei a mão pelo meu ventre _ Imagino que ele pensou que veria o filho antes de partir.

_ Você comeu hoje? _ quis saber.

_ Não _ neguei.

_ Vamos _ começou a andar me impelindo a segui-la.

Fomos a pizzaria e depois subimos para o boliche.

O Christopher estava lá com os amigos e veio até nós cumprimentando. Me abraçou mais demorado a falou sobre o meu ombro _ Sinto muito _ se afastou e me olhou nos olhos _ Conta comigo, tá? 

Afirmei com a cabeça. Os seus amigos se aproximaram, e depois de apresentados, jogamos juntos. 

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