Christopher
A festa estava igual a todas. Fazia média com os manos, mantendo a Yasmin no meu campo de visão. Sempre gostei de vê-la. Mesmo antes, quando não sabia o que isso significava. Quando éramos apenas crianças e me divertia implicar com ela. Deixá-la brava, ter um elo qualquer com ela mesmo que momentâneo. Mexer com ela, bagunçar o seu mundo, ter influência e poder sobre as suas emoções, ser o centro do seu universo por míseros segundos de explosão de sentimento.
A raiva me fulminando no seu olhar, os lábios trêmulos em um quase pranto de pura insegurança do que fazer. O que fazer? Ela queria me bater, mas eu era maior. Queria gritar pela mãe, mas isso era como assumir a minha vitória e a sua fraqueza. Ah, como eu gostava deste poder de importuná-la! Claro que eu não sabia que isso era um pequeno feixe de reflexo do que ela causava em mim. Uma pequena ponta do enorme iceberg que me comandava a cada segundo. Pensando nela, relembrando-a. Ah, Yasmim! Você começou tudo.
Correspondia ao meu olhar agora. Só agora! Putz, Yasmim! Quantos anos passaram? ... Sei lá! Não vou contar estou com sono.
O teto do meu quarto acima da minha cama, estava iluminado pela luz amarela da lâmpada no centro. Amarelo lembra fogo, calor, abraço... os braços de uma garota magrela de cabelos compridos e expressão maternal, naquele meio sorriso, me envolvendo. Aquele sorriso me desconcerta, perturba e eu me perco nele.Suspiro impaciência e frustração ao notar que tudo é ausência. Dezoito anos é a nossa idade agora. Anos depois ela resolveu me olhar. Antes tarde do que nunca. Mas o que fazer agora que toda escola também me olha? Como posso dizer não quando sempre disse sim? Como posso rejeitar as outras se ainda nem tenho você?
Nas festas ela me olha. Está interessada, mas nada faz, apenas me olha, é sempre assim. Não sei o que fazer, então não faço nada. Mas algo me tenta.
Estava quase indo lá. Quase dando o primeiro passo. Quase cedendo ao seu domínio sobre mim mais uma vez. Quando a Júlia se aproximou.
Júlia, a sua amiga inseparável desde sempre. A sua proteção contra mim quando éramos pequenos. A sua proteção contra mim agora que somos grandes. E estava diante de mim me apontando você. Veio me oferecer aquilo que eu sempre quis: uma chance.A melhor chance da minha vida de ter você.
Agarrei a oportunidade como se minha vida dependesse disso. Procurei pela certeza de que ela realmente queria isso. Seu olhar era firme, embora estivesse nervosa. Sorri, mas tentei esconder. Não queria deixar tão óbvio que estava feliz. Mas eu estava feliz.
Caminhei na sua direção com a Júlia. O que eu faço com a Júlia? Ela nunca esteve presente nos meus sonhos com você. Estendi a mão para ela ainda descrente de que fosse pegar, mas pegou. Agora acreditava que era real. Certo, está tudo bem. Como vou me livrar da Júlia antes de tudo? Depois penso nisto.
Provei os seus lábios de vagar, sentindo. Porém um certo receio me pegou. E se ela não gostasse do meu beijo? Vi em um vídeo que as garotas rejeitam os caras por causa de um beijo mal dado. Hesitei bem no meio. Segundos de um completo nada. Fiquei em pânico. Achei que estava acabado quando ela tomou a vez e me beijou, intensa. Desejei que nunca terminasse. Como eu iria me livrar da Júlia?
Continuei com o esquema de sempre, a pegação clichê de sempre. Como se isso fosse só mais uma ficada. O que mais dava para fazer?
_ Os meus pais não estão em casa _ ouvi a Júlia dizer ofegante e quase não contive meu sorriso.
Na casa da Júlia, notei a loira muito louca, logo ela dormiria. Talvez ela nem se lembre desta noite. Que sorte a minha!
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Friendzone
RomanceLibertou os meus lábios para me ver sentada sobre ele. Gostava do que via, pois tinha uma expressão de admiração excitada sobre mim. Não demorou, até ele ficar por cima, de novo, e tomar o controle... ... Chris tinha cara de sono, quando se deitou d...