Friendzone

Sonho

Entrei na sala antes do professor, mas o Chris chegou atrasado. Esboçou um sorriso ao passar por mim, para a sua quarteira. Ao fim da aula, me ofereceu uma carona que eu aceitei.

_ O que andou fazendo no tempo em que se escondeu de mim? _ brincou sem muito humor.

_ Fui voluntária num orfanato e fiz amigos _ sorri lembrando dos funcionários das crianças e do Natan.

_ Vai continuar com o seu trabalho voluntário?

_ Adoraria, mas não vou poder ser mais tão presente por causa da escola e das aulas de teatro.

_ Vai ficar difícil para ver seu namorado, então.

Hã? O quê? Ver meu namorado?

O Chris acha que eu tenho um namorado! Agora fazia sentido o que ele disse no jardim.

_ Pois é, Chris...

Fui interrompida pelo seu celular _ Desculpa. Preciso atender.

_ Tudo bem, imagina?

Atendeu o celular, mas logo desligou _ Eu tenho uma emergência agora. Preciso ir _ parou a frente da minha casa dei dois beijinhos no rosto dele querendo que fosse mais, mas precisávamos conversar.

Era quarta. Depois da lição de casa, entrei no face do Chris vendo que ele não andava entrando muito. Vi as postagens dos meus amigos. E encontrei o Natan online.

_ Sentimos a sua falta hoje _ digitou.

_ Hoje eu voltei para a escola. Tá difícil conciliar os horários, mas sempre se dá um jeito. Eu vou poder ir visitar o orfanato e as crianças, mas infelizmente não vai dar para continuar todos os dias.

_ É uma pena. Eu queria poder te ver lá.

_ Posso te passar o meu watts e nós marcamos de ir no orfanato no mesmo dia. O que você acha?

_ Perfeito.

Trocamos watts e logo lembrei de desbloquear o Chris.

Matei o tempo assistindo doramas. Até adormecer e sonhar com um triângulo amoroso comigo, o Chris e o Natan.

Meu namorado! Uma luz brilhou em minha mente, assim que acordei. O namorado, ao qual o Chris se referia, era o Natan. Não que ele soubesse da sua existência, mas por quê sabia que eu estava melhor emocionalmente do que deveria, e é claro que eu devia isso ao Natan que era um amigo maravilhoso.

Sentamos em duplas, o Chris veio fazer o trabalho comigo. Depois de terminar a proposta do trabalho, ficamos conversando.

_ O professor de teatro quer montar uma nova peça _ informou.

_ É mesmo? _ sorri.

_ Sim. Os testes serão neste fim de semana.

_ Que bom! Eu vou participar, vou voltar ao teatro.

Seu olhar varreu o meu rosto com ternura. Senti um impulso de beijá-lo, mas me contive. Ele notou e baixou o olhar.

_ Preciso te dizer uma coisa _ comecei.

Voltou a olhar os meus olhos _ Fala.

_ Não tenho um namorado. Eu ainda te amo _ falei muito sincera.

O Chris parou de respirar por um instante e me beijou na frente da sala toda e do professor.

Por falta de ação, talvez, não sei, eles aplaudiram e assobiaram como se isso merecesse uma comemoração ou apenas curtiam a irreverência.