Antes tarde do que nunca

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Era de manhã cedo. Eu estava saindo da sala de cirurgia depois de horas trabalhando em um paciente. Só me toquei que era muito cedo quando a voz sonolenta do Chris me disse alô.

_ Oi Chris! Te acordei. Me desculpa. Eu não sabia que era tão cedo.

_ Não não não. Tá tudo certo _ falou parecendo bem desperto, agora. Você me ligou.

_ Liguei. É... Então, eu tenho um emprego.

_ Que ótimo!

_ É não é? Sabe a sua proposta de me ajudar a encontrar uma casa para mim?

_ Ah, sim!

_ Ainda tá de pé?

Gargalhou _ Claro Yasmin. Eu tenho duas casas, que me parecem boas para você. Por coincidência, passei na imobiliária ontem. Quer almoçar comigo hoje? Daí podemos ver as casas. Elas ficam perto da praça.

_ Almoço? _ olhei no relógio na parede do hospital, contando o tempo de dormir um pouco e sair do hospital direto para o almoço com o Chris _ Meio Dia e meio tá bom pra você?

_ Tá ótimo!

Notei um sorriso na sua voz _ Combinado. Tchau.

_ Até mais.

Fui tomar uma ducha e dormir um pouco.

Se o paciente ficasse estável eu teria cinco horas de sono para me sentir humana de novo antes do almoço. Se não, eu iria voltar para a sala de cirurgia.

Vamos torcer para o melhor comum a todos.

Cheguei no restaurante que sempre frequentamos e nem sinal do Chris. Pedi um suco de abacaxi com hortelã, e fiquei contando o tempo que ele levava para chegar. Me propus a esperar meia hora, no máximo. Não iria esperar ele tranzar com alguma fã, antes de se lembrar de mim, se ele demorasse mais que isso para fazê-lo.

Imaginei a cena toda. Se ela loira ou morena... Magra ou gorda... Alta ou baixa. Ou se eram as três.

Foi quando o avistei através da porta de vidro do restaurante tirando fotos com umas fãs que o abordaram.

Seus olhos vinham para mim com ansiedade, mas sorria para cada flash sem demostrar nada para elas.

Sorriu aliviado quando notou que eu o vi. Sorri achando graça da sua situação e relaxei curtindo a cena real e o meu suco.

Ri muito dele, e quando finalmente veio até mim, estava encabulado.

_ Não ria de mim, por ficar preso na porta do restaurante? _ cobrou antes de me beijar o rosto e sentar.

_ Mas foi tão fofo! Você é amado. Fique orgulhoso.

_ Eu fico orgulhoso. Só não queria você pensando mal de mim. Você ficou uns dez minutos concentrados no seu suco. Imagino que me imaginava em um bacanal. Te conheço.

_ É, bem isso mesmo _ admiti.

_ Nunca vai me perdoar por eu ter sido quem fui antes de você, não é? _ falou sério em um tom triste.

De repente, me senti tão injusta com ele.

_ Eu não tenho que perdoar nada. Aquilo passou. Vejo que você mudou. Fico feliz por você. Me desculpa por ter sido cética por tanto tempo, quanto a sua mudança.

_ Acredita que te namorar me mudou? Fala sinceramente.

_ Acredito _ admiti lembrando de todo o seu comportamento após o nosso namoro.

_ Antes tarde do que nunca _ sorriu abrindo o cardápio. Penso que ficou muito feliz com isso.

Na época em que tudo aconteceu, não era pra ser. Eu não podia perdoá-lo. Mas hoje, depois de tanto tempo, e de todo amor e experiência que eu adquiri na vida e relacionamento com o Natan, sei que não quis perdoar o Chris, por um pouco de egoísmo e muita imaturidade.

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