Funkboy

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Semana de provas na escola, o ar estava tão tenso que poderia ser cortado, naquele dia em especial. O Chris mascava chiclete, com o rosto tenso. Alguns tinham colas na barra das saias, ou no pulso coberto pelo relógio. Acredito que eles estavam mais nervosos do que nós.

O barulho das folhas das paginas da prova era a única coisa que se ouvia na sala de aula. Quem terminava podia ir embora. O Chris terminou primeiro que eu, e fez um gesto indicando que iria me esperar.

Não demorou muito, logo o estava procurando. Segui pelo pátio sem vê-lo e fui para o jardim onde a Analice, a única garota com quem o Chris ficou mais de uma vez, se insinuava abertamente para aquele descarado sorridente.

Ele sentado num banco com as mãos do lado do corpo e ela com um joelho apoiado no banco bem no meio entre as suas pernas.

Caminhei até eles, e Analice saiu como se tivesse que salvar alguém. Encarei o Chris com os braços cruzados sobre o peito.

_ Eu não fiz nada _ defendeu-se.

_ Você deu ousadia pra ela.

_ Tenho certeza de que não dei nada.

_ E esse sorriso?

_ O que? Você vai me proibir de sorrir? Yasmin, para com isso, amor? _ pediu tentando me pegar pela cintura e conseguiu, me puxou para o seu colo _ Você é a única mulher que eu vejo.

Os seus olhos verdes sobre os meus, estavam sérios, mas o Chris sorriu ao me ver vacilar na minha raiva. Passou a mão pelo meu rosto com carinho.

_ Eu odeio ver as suas ex peguetes se insinuando pra você.

_ Seria um problema se fosse eu cantando ela, não?

Ele tinha razão nisto. Tinha razão em dizer que eu não o via como era agora. Eu só pensava nele como o funckboy de antes. O que eu podia fazer? Eu não sabia.

Mais um mês se passou, e agora era possível para mim, acreditar no amor do Christopher. Eu estava tão perdida de amor por ele! Hoje era o último dia de apresentação da peça que o grupo todo ensaiou arduamente e apresentou por duas vezes.

A plateia estava cheia de desconhecidos, o que era bom. Os pais, família e amigos também estavam presentes. Depois de tantos ensaios, acabamos atuando no automático. E quando as cortinas baixam, voltamos a ser mero mortais cheios de nós mesmos.

Saí para os bastidores a procura do Chris para parabeniza-lo pela sua atuação, e por que sentia saudades do meu namorado. O impossível era que por mais que o procurasse eu não o encontrava.

Cruzei com o Caio e perguntei do Chris.

_ Lá fora, Yasmin _ indicou a porta para fora do prédio.

Segui para fora apressada e ainda vestida com o figurino da peça. Rodeei o prédio, não o tendo visto perto da saída. Mas o achei atrás do prédio com a boca dentro da boca da Analice.

Aquilo partiu o meu coração e lágrimas molharam o meu rosto, mas ele precisava saber que eu vi isso. Eu queria ver a cara dele quando notasse que a sua máscara caiu.

Bati palmas para eles. Pararam o beijo e me olharam. Analice estava sorrindo, mas o Christopher me olhava sem saber o que fazer, meio perdido com a minha atitude.

_ Lindo! Perfeito mesmo a sua atuação de namorado sério. Me comoveu e envolveu. Parabéns!

_ Não Yasmim _ caminhou dois passos em minha direção que eu recuei para longe dele.

_ Não parem por mim _ balancei a cabeça negativamente _ Vocês ficam bem juntos. Aliás, você é um adereço que fica bem em toda a garota, Chris. Aproveita esse seu dom.

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