DOIS DIAS ATRÁS

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Sobre a cama brincos, pulseiras e um sapato caramelo de salto agulha comprado especialmente para a ocasião.

No saguão do hotel alguém espera por Jully. Trajado de um casaco jovem, mas de alta costura lhe conferindo um ar charmoso, mas reservado, tanto que algumas mulheres o observam de canto de olhos, mesmo na presença de seus respectivos pares, lá esta Steve, um homem de olhar magnético, hipnótico e misterioso.

É fascinante a primeira vista e envolvente, desses que não se pode admirar de forma breve.

Jully está tão encantadora que faz jus ao homem estiloso à sua frente. Agora os homens do recinto fazem a vez de contemplarem um belo par de pernas, torneadas, atléticas, resumo de anos de ginástica olímpica e balé, Henry sempre pedia que colocasse vestidos que evidenciasse sua privilegiada forma física, sem resultado.

Seu busto está incrível em um modesto decote e alças finas sustentando o que a genética mantém perfeito.

Os cabelos estão soltos e a maquiagem, feita a tarde no salão de beleza ainda está evidenciando os seus lindos e amendoados olhos cor de mel.

Com um sorriso sagaz, Steve, seu companheiro a pega pela mão,  enquanto encara um rapaz que contempla a existência de Jully com insistência.

Se dirigem a um carro onde o motorista vestido a caráter, fraque luvas e tudo que o identifique como motorista da alta sociedade, abre a porta com pompas.

Jully olha para todos os lados, maravilhada.

Chegam a um finíssimo restaurante. Steve mais uma vez pega sua mão, afável e se dirigem a entrada. Jully percebe pelo tom solene do maitre que Steve é conceituado em seu meio de negócios.

Se sente valorizada, seu sorriso nunca esteve tão evidente.
O casal não passa despercebido no chique restaurante, tanto pelas feições,  pois são de outra nacionalidade, quanto ao belo porte.

Steve cumpre seu papel de cavalheiro trazendo a cadeira para si enquanto Jully extasiada, senta-se.

- Sabe Julliene. Quero a sua fórmula da juventude.

- Pare Steve. Estou com as marcas do tempo estampada claramente no meu rosto.

- Não seja dura consigo mesma. Está linda, assim quando a conheci. Pena que nunca mais havíamos nos encontrado.

- Fiquei muito animada quando o vi ontem. Tanto tempo... Uma bela coincidência.

- Sim. Coincidência.

- Após tantos anos de convivência e amizade.

- Amizade? Eu sempre te amei Julliene.

- Ah para com isso. - Responde vaidosa.

- Tentei o quanto pude, mas Henry venceu.

- Não pense assim...

- Eu não tinha dinheiro nem para ir a esquina Julliene, e Henry era filhinho  papai...

- Me chame de Jully. Ah não foi bem assim.

- Prefiro seu nome completo. Henry era sim de boa família...

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