SE UM MINUTO É MUITO PRA SOBREVIVER UMA VIDA É POUCO PRA VIVER...

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- No sábado?

- Sim Jully. Falei com Henry há dois dias e ele disse sábado.

Jully se desespera.

- Eu não estou preparada. Eu não posso falar com o Henry e nem consigo explicar nada...

- Eu posso explicar Jully. Você só precisa dizer a verdade.

- A verdade já é louca por si só. O Henry não vai resistir...

- Você está resistindo...

- Mas a verdade pra ele na verdade são as verdades...

- Pare de poupar o Henry! Ele pode saber de tudo e resistir sim. Que mania de achar que os homens nunca vão entender. Eles entendem, se não deixarem as convenções sociais ditarem as suas vidas. Henry vai entender porque ele não é um homem duro e insensível. E você é alguém que vale a pena compartilhar a vida. Principalmente agora que você possui uma.

- Estou com medo...

- Não se agite. Confie no final da história. Crie o seu final e ele virá a você após a tempestade.

Jully se tranquiliza. Ouvem a campanhia. Emma atende e se depara com Henry afoito com malas em ambas as mãos. Jully está com expressão de quem avistou uma criatura sobrenatural.

- Muitas malas, muitas coisas para minhas princesas...

- Acho que sua conversa se adiantou. - Observa Emma antes de se retirar do recinto.

Henry encara Jully com uma expressão cômica.

- Deve estar cansada a coitada. - Deixa as malas no chão e se senta ao lado de Jully. - Você acredita que o Dexter me encontrou no corredor e disse que sente muito. Coitado deve ainda estar chocado com a morte do filho, ou filha não sei.

Jully esfrega uma das mãos na nuca revelando desconforto.

- Acho que estou falando demais né? - Beija Jully de leve. - Como foram esses dias? Quero saber de você.

Jully olha surpresa para Henry.

- Não vai perguntar de Kim?

- Sim mas primeiro quero saber da minha esposa amada.

Jully sabia que não podia agir com parcimônia, pois as notícias eram graves demais para serem digeridas por pequenas doses.

- Precisamos conversar sério.

A expressão de Henry vai de entusiasmada a preocupada.

- Acho que agora quero saber de Kim.
Jully não tem coragem de encará-lo então se levanta e inicia a conversa.

- Henry. Se lembra daquele ano que fizemos exames pra saber porque eu não engravidava?

- Claro. Nunca fui pegar os meus. Estava ocupado...

- Alguém não podia ter filho...

- Sim...

- Mas não era eu.

Henry encara Jully com incredulidade.
- Impossível. Se eu não posso ter filho então como...

- Calma. Não é por aí que se inicia essa história.

Henry dispara um olhar irônico.

- E começa como?

- Eu não sei como Kim veio ao mundo.
Henry engole a seco o que ouvira.

- Não? Então como você engravidaria? Das galáxias.

- Quase isso.

Henry ri alto enquanto bate palmas.

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