ENTRE FLORES E LANÇAS QUE ME TRAZEM LEMBRANÇAS DE TUDO QUE EU AINDA NÃO VI...

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Há dias que tenta falar com a filha ao telefone, mas Jully sempre tem uma desculpa. Impaciente, Henry resolve ligar para Emma.

- Que prazer amigo em falar com você. Como estão as coisas?

- De vento e popa, mal posso acreditar no interesse que demonstram pela minha empresa. Estamos todos entusiasmados. Sabe Emma, eu estou vivendo a melhor época da minha vida.

- Não se surpreenda. Você lutou anos pelo que acredita. Agora está naturalmente colhendo os frutos de sua empreitada.

- Obrigada. Sempre com as palavras certas. Emma, queria ouvir minha filha,  quer dizer. Seus balbucios.

- Sim. Sei que está ansioso, mas quantos dias faltam para retornar?

- Sábado estarei aí. Ganhei uma folga.
Emma ri do comentário.

- Um patrão ganhando folga. Só você Henry. Sim, então sábado conversamos todos.

- Aconteceu algo?

- Acontecem coisas todos os dias Henry.

- Você sabe o que perguntei.

- Ainda não, mas irá acontecer belas coisas daqui pra frente.

As palavras de Emma soaram tão promissoras que Henry pensa em avanços que a filha pode ter sofrido. Desliga o telefone com um sorriso extenso, de ponta a ponta.

Se reclina em sua cadeira, braços dobrados, com as mãos entrelaçadas por trás do pescoço. Dobra uma perna sobre a outra e lembranças surgem naturalmente tornando-o distante.

Se recorda do dia em que saiu com Kim nos braços do hospital. Jully surgia logo atrás, lenta e dolorida. Agora lhe passa a mente que não se preocupou com a esposa naquela momento, apenas queria contemplar sua prole, orgulhoso, ostensivo.

Dessa vez não se lembrou das peripécias de sua filha, mas das vezes que deixou Jully para segundo plano.

Quando finalmente se lembrou dela estava cansada, sem forças para ser feliz. Perguntou-se por um momento porque se recordara desses instantes, visto que nunca se importara.

Pensou em como às vezes jantares ou convites sociais não era o que Jully pudesse desejar, mas sua real companhia.

Ele chegava todas as noites interessado em sua filha e em relação a Jully apenas queria se empenhar em reanimá-la, mas como alguém pode se animar após perder sua carreira, sua identidade?

É como um sopro em seu ouvido. Se dera conta: Não fora o melhor amigo de Jully. No final ficou para ela a missão de se abandonar por completo e ainda se contentar em ser lembrada pelo marido.

Nunca pensou que tentar animar Jully não era a solução, mas buscar formas de resgatá-la pois quanto a Henry, nada precisou sacrificar para continuar sendo Henry.

Pensa em como deveria se portar por agora em diante com a mulher que o escolheu para ser seu companheiro, visto que sempre fora cobiçada por muitos meninos no colégio e mesmo após ser mãe.

Uma mulher incrível precisava ser resgatada. Decide regressar o mais breve possível.

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