UM DIA ME DISSERAM QUE AS NUVENS NÃO ERAM FEITAS DE ALGODÃO...

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Henry poderia ficar em casa para chorar a morte da mãe, mas dois dias após se despedir da tão amada progenitora prefere se ocupar com assuntos pertinentes aos negócios.

Descobrira um pequeno desfalque na empresa e sabe que este momento é crucial para não perder seus negócios de vista.

Fabricio adentra a sala, eufórico com o telefone móvel a mão.

- O senhor Daniel da empresa fast runner.

- Obrigada Fabrício. - Responde com um sorriso amigável, mas modesto.

- Olá Daniel, como vai? E os gêmeos? Beatrice está grávida? Que bênção. Agora vai ser vovô? Tão jovem. - Henry faz uma pausa e em seguida ri alto com a resposta. - Sim, estou sabendo da sua proposta e gostaria de vê-lo pessoalmente. Sim, será outro sucesso de investimento, garanto... Sim estou disposto a arriscar... Temos que combinar a viagem. - Faz outra pausa e mais uma vez se empolga com a resposta do amigo. - Como assim amiguinhas combinando uma viagem? Grato amigo por sua ajuda. Obrigada por apostar em minha empresa. Além de amigos seremos grandes sócios. Ótima tarde.

Henry sorri para a fotografia da mãe.

- É Dona Linda. Parece que uma parceria se aproxima.

Pensa nos últimos acontecimentos. A morte da amiga, companheira em momentos de aflição e dúvidas. O pequeno desentendimento com Jully. A demissão de Pedro que foi descoberto desviando dinheiro. Henry decide não denunciá-lo, mas sua reputação fora por água abaixo.

Respira fundo enquanto pensa sobre o futuro. Sente-se desconfortável e pessimista, então muda o foco da conversa consigo mesmo.

Quer abrir uma filial e com a parceiria que conseguira com um conhecido amigo no mundo dos negócios resolve que poderia ser a oportunidade para se mudar de Estado e principalmente de apartamento.

Amplo, área de lazer e espaços coletivos. Decide que os tempos de esconderijo acabaram. Quer se mostrar, quer viver. Chega de se comportar como quem deve camuflar algo.

Ama sua família e quer agir de forma livre e não como um fugitivo perigoso.
A morte de Linda o fez perceber que não teria outra oportunidade para ser feliz com as pessoas que ama.

Jully teria que entender, e viver plenamente. No momento apenas queria esquecer a triste despedida da mãe e o duro golpe do ex-amigo.

Decide que cada dia é uma nova oportunidade de ser feliz e quem lhe passa a mente nesse momento não poderia ser ninguém menos que sua ingênua e adorável filha.

Deixa o paletó sobre a cadeira, apaga a luz e decide encontrar a razão de seus melhores dias.

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