O telefone toca insistente. Jully sai apressada e desajeitada do banho. Após conversar brevemente com o esposo a ansiedade toma conta.
Compreeende que em breve Henry e Kim estarão chegando para um almoço em família.
Se arruma modestamente. Prende os cabelos como de costume e o máximo de cuidado que tem para si é o uso de um protetor solar.Inexplicavelmente o terrível mal estar que sentira até o momento a abandona paulatinamente quando avista Henry e Kim no restaurante do hotel. Sente-se segura e as palavras cravadas naquele papel lhe ferindo a alma no dia anterior se dissipam.
Corre abraçar Henry que retribui prontamente, feliz. Beija Kim que permanece indiferente enquanto cutuca seus waffles em forma de coração.
- Está diferente. Parece extasiada. A viagem já trouxe ótimos resultados.
Algumas lágrimas saltam do rosto de Jully, logo está chorando copiosamente. Henry a abraça, complacente.- Quero ir embora.
Recorda-se das palavras de Steve afirmando ter se encontrado com Henry antes da viagem então voltar também não lhe traria alento.
- O que houve?
- Estou sensível só isso.
- Mesmo?
- Esquece. Só senti saudade. - diz, limpando as lágrimas. - Vamos nos trocar e ir à praia?
- Claro. - Henry disfarça.
- O que foi? - pergunta com um meio sorriso.
- Já estivemos na praia.
- Como assim?
- Não resistimos.
- Ah seus engraçadinhos, como assim? Sem mim?
-Eu tenho boas explicações.
- Boas?
Henry sorri como uma criança escondendo um doce.
- Mas vamos subir e nos trocar e no caminho eu te conto o que aprontamos.
- Ah não. Tem mais?
- Não briga com a gente, por favor...
Jully pega Kim pela mão e seguem conversando. Se espanta com as coisas que descobre sobre o que pai e filha aprontaram nesses dias separados.
Ao longo da conversa a paz roubada outrora agora retorna aos poucos.
Vão à praia e pela primeira vez Jully entra na brincadeira formando um trio de bagunceiros.Durante uma saída de Henry notou um rapaz de uns vinte e poucos anos olhando para kim de um jeito malicioso.
Traz a filha para si e encara o rapaz como uma Leoa encara uma presa. Abraça Kim como nunca fizera após sua adolescência.
Sente medo pela primeira vez que algo ocorresse com a filha em sua ausência. Desejou não ter tido aquela noite. Desejou que os dias voltassem antes da viagem.
Deu-se conta de seu erro, começa a chorar novamente. Kim começa a enrolar os cachos da mãe com os dedos como sempre faz, mas dessa vez não há resistência.
Jully a abraça mais forte, com vergonha de tudo o que ocorrera ao mesmo passo que triste por sua vida inóspita, fria.
- Eu queria te enteder filha. Eu só queria conversar com você sobre tudo, mas eu me sinto tão sozinha. Nunca sei o que você está pensando. Eu queria te ensinar a usar um absorvente e enxugar suas lágrimas, mas você não chora. Desculpa por não ser igual ao seu pai. Desculpa por ser quem eu sou.
Kim olha para o mar. Jully consegue compreender que quer brincar mais. Correm para a água e brincam como duas crianças. Dessa vez Jully não corre conferir os olhares, se deixa levar, precisava disso.
Kim e o mar lhe trouxeram a paz novamente. Se diverte com a diversão da filha quando bate as mãos na água, seu sorriso é acolhedor.
Henry retorna de seu passeio solo e se emociona com a cena. Parece um sonho mãe e filha brincando juntas.
Chora feito criança. Toda a tensão que guardara por anos escapam por suas lágrimas. Uma senhora que passa e vê a cena busca uma água e entrega a Henry. Ele agradece com um abraço.
- O que houve jovem?
- Eu tenho a melhor família do mundo, foi isso que aconteceu. - responde um pouco mais calmo.
- Então corre pra ela. A vida é uma só. Aproveita!
Henry volta a abraçar a senhora e corre para as suas mulheres. Brincam até acabarem todas as possibilidades de risos.
Retornam para o hotel, exaustos.
Kim está tão cansada que logo após o banho se joga em sua cama.
Jully se deita ao lado de Henry que confere as fotos no celular.- Olha. Minha família linda.
Jully retira o celular da sua mão.
- Porque não admiramos isso depois.
Henry entende a insinuação.- Mas e Kim?
- Essa não acorda hoje.
Henry passa a mão nos cabelos de Jully e beija seu rosto. Jully o abraça com força.
- Sabe o que eu me lembrei esses dias?
- O quê?
- Lembra quando saímos de uns dos shows do seu irmão e paramos em um estacionamento?
- Henry olha lá.
- Aqui tem um estacionamento.
Jully sorri maliciosa.- Não creio...
- Só lembrei...
Nas pontas dos pés descem até o estacionamento. Henry um pouco preocupado com Kim, mas logo se entrega ao momento quando Jully o puxa para a parte mais escura.
Henry se sente um adolescente e realizado visto que há meses não se relacionam.
Quando retornam ao quarto percebem que Kim nem se mexera na cama.
Tomam banho juntos como há muito não faziam e continuam a relembrar fatos do passado com uma garrafa de champanhe a tiracolo.Por pouco não são flagrados por Kim, que sonolenta anda pelo quarto. Jully corre de roupão e a recoloca na cama. Parece sonâmbula.
Volta para o banheiro e continuam a farra como dois forasteiros.
Mais tarde Jully abraça Henry e adormecem. A paz inunda os corações de ambos.
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OLHOS DE ANJO
RomanceJulianne deseja de todo o coração um filho. O que esta jovem sonhadora não sabe é que os desejos podem se tornar realidade, mas não da forma como esperamos. kim veio ao mundo com seu jeito especial para comprovar esse fato. . . . . Obra com direito...