PARTIR É UMA DOR TÃO DOCE

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Emma adormeceu assistindo novela junto a Jully. A senhora acaba acordando com um som de porta se abrindo no apartamento vizinho.

Sorri, um sorriso de constatação. Passa uma das mãos nos cabelos de Jully que desperta um pouco sem rumo.

- Parece que alguém resolveu visitá-la.
Jully a olha com um sorriso maroto. Corre lavar o rosto e se recompor. Está tão linda com um vestido verde de babado deixando suas belas pernas a mostra. Ajeita os cabelos em frente ao espelho enquanto Emma lhe estende a mão com um batom discreto.

- Sempre ajuda.

Ambas riem com gosto. Logo ouvem a campainha. Emma apenas com o olhar sinaliza que  Jully deve atender.
Ao abrir a porta sorri dicretamente, mas logo seu sorriso se espande ao notar que Henry sorri emocionado.

- Eu amo esse vestido... E amo você! Podemos conversar?

Jully abaixa a cabeça e leva uma das mãos aos olhos tentando conter as lágrimas.

- Eu errei muito com você, mas isso não voltará a acontecer eu juro. Meu amor.
Jully o abraça com força e dessa vez as lágrimas caem livremente, sem receio.
Se despedem de Emma que olha para Henry com aprovação.

Ao chegarem Jully nota as malas de Henry no chão.

- Veio pra ficar?

O rapaz, emocionado, segura sua mão delicadamente e a leva até o sofá. Continua a segurá-la enquanto trocam olhares ternos.

- Eu precisava refletir sobre tudo isso. Essa loucura...

- Eu sei...

- Não Jully você não sabe de nada.
Ela o encara com ar de dúvida.
- Quando você estava grávida da nossa filha eu tive um frerte com uma moça da empresa.

- Você me traiu?

- Não. Não cheguei a sair com ela, mas desejei, assim como desejei uma antiga secretária antes de você conseguir engravidar.

- Mas você não chegou a consumar.

- Mas desejei e seria hipocrisia dizer que é diferente. Eu cheguei a beijar a segunda, e só não saímos porque na noite que marcamos você passou mal.

- Porque você queria ficar com ela?

- Por fraqueza simplesmente porque você era tudo o que eu queria... E ainda quero. Me perdoa?

- E eu tenho opção? Também errei.

- Mas você não era você. Agora eu consigo olhar nos seus olhos e consigo encontrar o olhar da minha Jully. Você  me aceitou mesmo sabendo que não poderia lhe dar um filho e mesmo apática continuou comigo. Largou tudo pra cuidar da minha filha. A filha que eu desejei por você.

Jully se emociona.

- Foi tudo tão diferente nesses últimos dias Henry. Eu consegui sentir um amor que nunca havia sentido. Apesar de ainda ter medo da nossa filha eu consegui defendê-la perante todos. Eu me senti viva novamente.

- Por isso ela se foi porque você conseguiu.

- Então você acredita?

- Sim. Em tudo. Jully... Você cuidou do meu maior bem e agora eu cuidarei do seu.

Jully aperta os olhos de tanta emoção. Abraça Henry forte.

- Você é a mulher mais linda do mundo. Eu te amo.

Passa a mão pela pequena barriga da esposa. Ambos olham para o fruto que traria paz novamente ao casal.

- Agora entendo o que Emma quis dizer quando citou que  o fato de Kim partir não era a parte mais significativa, mas o que viria depois. Esse é o nosso depois. Uma solução torta para um final feliz.

Jully sorri sem jeito.

- Sabe. Agora pensando em tudo como ocorreu vejo o cuidado que tiveram com nossas vidas. Estamos juntos e felizes, sem apatia, sem julgamentos, livres. Kim é nosso verdadeiro anjo!
- Sinto sua falta. Seu riso preenchendo essa casa. Antes me irritava e há dias espero por ele.

- Um dia a dor será menor... Venha, vamos contar sobre nossa reconciliação a dona Emma.

Henry toca a campainha algumas vezes, mas não há resposta.

- Deve estar dormindo.

- Mas a campainha é alta.

Henry não se dá por vencido e entra no apartamento. Passa pela sala e vai de encontro a cama de Emma. Está deitada de lado. Jully se aproxima rapidamente e coloca a mão em frente a seu nariz.

- Não sinto sua respiração.

Henry coloca uma das mãos no ombro de Jully.

- Ela cumpriu sua missão.

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