Se eu te dissesse que isso só iria machucar
Se eu te avisasse que o fogo iria queimar
Você andaria nele? Você deixaria eu ir primeiro?
Fazer tudo em nome do amor
Você me deixaria te guiar mesmo quando for cego
No escuro, no meio da noite
No silêncio, quando não há ninguém ao seu lado
Você apelaria em nome do amor?
[…]Dirijo prestando a maior atenção possível, embora o trânsito esteja praticamente nulo a chuva torrencial que cai me impede de ter uma visão melhor da rua.
Olho o sinal verde e continuo acelerando o carro, quando estou prestes a cruzar a faixa um vulto me chama a atenção, freio, mas o asfalto molhado faz com que o carro se arraste por mais alguns metros, atingindo quem quer que seja em cheio.
Coloco as mãos na cabeça antes de soltar o cinto e sair do carro para ver quem é.
Há uma mulher quase em baixo do carro, não sei se posso tocar nela, as roupas que ela usa são curtas e estão sujas, seu rosto encoberto pelo cabelo ensopado pela água da chuva.
O que eu faço meu Deus, o que eu faço agora, volto para o carro e pego o meu celular, disco o número do socorro e passo as informações que eles me pedem.
Volto até a frente do carro pra ver se ela ainda está inconsciente, pego sua mão e sinto o seu pulso batendo, ao menos não está morta, tudo vai ficar bem, só preciso esperar o socorro chegar. Sinto um leve apertar em minhas mãos, ela está recobrando a consciência.
— Calma, vai ficar tudo bem, o socorro já está a caminho, não se mexa - ganho um leve grunhido em resposta.
O que me intriga é o que uma moça sozinha faz aqui a uma hora dessas? Nessa chuva?
Me lembro do momento da batida novamente, ela não parece ter visto o carro, ou talvez tenha visto e se jogou, não ninguém seria tão louco assim.
Nem mesmo eu com todos os problemas que insistem em me perseguir não seria capaz disso, nada disso faz sentido, estou realmente perdido.
Ouço a sirene avisando a aproximação da ambulância ao longe, logo avisto as luzes, e sinto um alívio, tomara que ela fique bem.
Os paramédicos chegam e me afastam para fazerem os primeiros procedimentos, eu estaciono o meu carro e vou com eles para o hospital, indico o hospital em que tenho convênio, é o mais caro do Rio, nada mais justo de que eu arque já que fui o culpado pelo seu acidente.
Passo minutos, que logo se transformam em horas olhando para o relógio da sala de espera, pondero ir atrás de informações, mas nem sei o nome dela.
Mais alguns minutos e uma enfermeira me chama para poder ver como ela está, me sinto aliviado ao ver que ela só fraturou um braço, ao menos não tirei a vida da moça.
— Seu desgraçado por que fez isso? - ela diz assim que a enfermeira sai.
— Desculpe, mas não foi minha intensão, foi um acidente.
— Você não devia ter freado aquele carro, eu queria estar em outro lugar agora, um lugar onde essa dor que estou sentindo, não me mataria aos poucos. - estou paralisado, ela queria mesmo morrer, o que de tão ruim pode ter acontecido para essa moça.
— Olha desculpa moça, qual o seu nome mesmo? - ela faz uma careta pra mim.
— Aurora! - responde com desdém.
Antes que eu diga algo um médico entra no quarto.
— Tudo bem Aurora? - ela não responde – todos os exames estão bons, inclusive a ultrassom, o seu bebê está bem.
Era só o que me faltava, querendo se matar e ainda grávida. Qual o problema dessa garota, ela não deve ter muito mais que 20 anos, é bem bonita e quer acabar com a própria vida, olhando para ela nunca diria que é uma suicida em potencial.
O médico diz mais algumas coisas a ela e sai do quarto, e eu fico ali olhando pra ela.
— Perdeu algo na minha cara? - ela é grosseira, grosseira de mais com quem nem conhece.
— Qual é o seu problema? Além de tentar acabar com a sua vida, ainda quer acabar com a de um bebê inocente que não pediu para vir ao mundo?
— Eu também não pedi para ter um filho, eu não quero essa criança ela só me trouxe dor - e então irrompe em um choro avassalador.
Me aproximo para tentar acalmá-la e ela me agarra chorando em meu peito, e eu fico ali. Com uma desconhecida chorando em meus braços.
Vou descobrir qual o problema dela, sei o quanto um bebê pode ser perturbador, passei por isso com Brenda, ainda bem que tudo se resolveu.
Mas por mais que um filho seja indesejado ele não merece a morte.
Aos poucos ela vai parando de chorar, quando percebo ela adormeceu em meus braços. A deito com a cabeça no travesseiro e me sento na poltrona no canto.
Fico velando o seu sono por algum tempo, preciso descobrir um pouco mais sobre ela.
Encaro ela enquanto dorme, as feições serenas, percebo sua beleza, apesar dos cabelos desgrenhados, e as olheiras em baixo dos seus olhos. A boca carnuda chama a atenção e o nariz fino dá um toque delicado ao seu perfil.
Estou perdido em sua fisionomia quando a vejo mudar, e antes que eu tome qualquer atitude um grito agonizante sai de sua boca, saio correndo para o seu lado, ela se agarra a mim.
[…]
Prólogo do meu malvado favorito postado ❤
Ele não é mal né meninas, apenas perdido.
Deixem a ★ e comentem
20/07/2018
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A Redenção Do Império.
Roman d'amourSEGUNDO LIVRO, PARA COMPREENDER MELHOR LEIA PRIMEIRO - A Megera Da Bazam. Paulo César Britto teve o seu mundo virado de pernas para o ar após uma descoberta sobre sua vida, viu a pessoa que mais deveria lhe amar e ajudar ser a causadora de sua ma...