*Capítulo 4*

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Quem sabe os segredos que o amanhã trará?
Nós realmente não precisamos saber
Porque você está aqui comigo agora, eu não quero que você vá
Você está aqui comigo agora, eu não quero que você vá
Talvez sejamos perfeitos estranhos.
[…]

  Aurora está inquieta e sei que tem algo importante a dizer, e pela sua cara não é algo bom, fico imaginando o que pode ser, tantas possibilidades passando em minha cabeça

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  Aurora está inquieta e sei que tem algo importante a dizer, e pela sua cara não é algo bom, fico imaginando o que pode ser, tantas possibilidades passando em minha cabeça. 

  Estamos sentados em lados opostos do sofá, eu a olho com expectativa, a espera do que ela tem a dizer e recebo de volta um olhar apreensivo.

  Fico por algum tempo olhando para ela, e ela também me olha, não digo nada, não quero a desencorajar, quero ouvir o que ela tem pra dizer, quero poder ajudar com o que for possível.

  Ela olha no fundo dos meus olhos e então dá uma longa respiração, parece reunir coragem e sua voz sai monótona, fria sem expressar qualquer sentimento me fazendo ter calafrios. 

     — Eu morei a minha vida toda no morro do Alemão. - ela me encara enquanto começa a contar – Nasci e fui criada pela minha mãe naquele lugar, nunca conheci meu pai e minha vida não foi fácil, perdi minha mãe e me virei com a ajuda de uma vizinha dona Mara que tinho como uma segunda mãe. Há pouco mais de dois meses atrás eu estava voltando do curso que eu fazia a noite, pelo mesmo caminho de sempre quando fui interceptada por um homem."

  Fico apreensivo só com essas palavras, no fundo acho que sei o que deve ter acontecido, espero que eu esteja realmente errado, antes que eu diga qualquer coisa ela volta a falar. 

     — Eu tentei, eu juro que tentei me defender, mas ele conseguiu me arrastar para uma casa em construção - ela está chorando novamente, eu pego sua mão em forma de apoio – dentro da casa haviam mais dois homens a nossa espera. 

  Ela fecha os olhos chorando e eu não sei o que fazer ou mesmo o que dizer para confortá-la.

      — Eu tentei pedir ajuda, gritei, mas a cada grito eu levava socos e chutes, então me calei, aguentei tudo o que fizeram comigo em silêncio, foram as piores horas da minha vida, ainda consigo sentir o cheiro e o toque deles, é isso o que me assombra nos sonhos, tudo parece tão real. 

      — Já passou, nunca mais vou deixar ninguém usar você, não se preocupe - é a única coisa que passa em minha cabeça.

     — Aquele dia que pulei em frente ao seu carro, já tinha pensado todas as maneiras possíveis de tirar esse bebê, mas não tive coragem, não consegui, por isso tentei me matar, eu queria acabar com tudo, quando essa criança nascer não sei como vou olhar pra ela, não sabendo que ela é fruto de todo o sofrimento que eu senti, ela é o lembrete da violência que eu sofri, tudo o que eu mais quero esquecer.

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