Stuart
Eu podia ter escolhido qualquer profissão. Qualquer uma, engenheiro, marceneiro, padeiro, dedetizador, médico, mas não, eu quis ser professor. Vai lá Stuart dar aula para adolescentes que não querem nada com nada, vai ser super divertido. Por que mesmo que eu me levo a sério?
Prazos chegando, um projeto para elaborar, provas para corrigir, planos de aula para fazer e os olhos escuros dela não saem da minha cabeça, como é possível? Nós nos vimos duas vezes e brigamos em ambas e ela já até ameaçou me mandar para a cadeia, só que ainda assim, simplesmente não consigo não me lembrar de seu rosto vermelho de raiva, Débora era uma graça irritada, mesmo por que eu ainda não tinha tido a oportunidade de vê-la de outro jeito que não fosse assim.
Nosso primeiro encontro foi mais inusitado impossível. Eu estava louco para ser o primeiro a chegar à casa de tia Vera e descobrir em primeira mão o sexo do meu mais novo sobrinho ou sobrinha. Mas sabe aquele dia em que tudo o que pode dar errado dá? Pois aquele foi o meu. Atrasei os diários e simplesmente esqueci que devia passar uma atividade para a nota, resultado: ficamos eu e os alunos presos até o fim da aula, e quando finalmente consegui sair da escola acelerei como se minha vida dependesse disso, eu passava por aquela rua todos os dias, como imaginaria, como podia se quer pensar que naquele dia especifico que eu queria muito chegar rápido ao meu destino teria uma blitz ali? Era realmente só o que faltava.
Passei com tudo pelo carro da policia parado no acostamento e me mandaram parar. No mínimo devem achar que eu sou algum traficante de drogas tentado furar o bloqueio, não um tio desesperado para saber o sexo do sobrinho.
- O senhor não viu as instruções para parar, não? – a policial perguntou assim que abaixei o vidro. Ela me olhou a espera de uma resposta e eu só conseguia reparar em seus olhos escuros extremamente expressivos e no quão bonita ela era. – O senhor está me ouvindo? Preciso de sua habilitação e dos documentos do carro.
- Por quê? – perguntei sinceramente. O que eu tinha feito de errado?
- Como assim "Por que"? Você sabe que acabou de furar um bloqueio da polícia, né?
- Ah, isso – sorri e o olhar incrédulo dela foi impagável.
- Senhor, ainda estou esperando os documentos – ela estendeu a mão parecendo impaciente e eu peguei a carteira de motorista para dar logo a ela, só o fiz por que estava com pressa. Ela olhou a foto e depois para mim com um sorriso mínimo e fiquei um pouco incomodado, aparentemente eu tinha escolhido a pior foto 3x4 que eu tinha para colocar ali. – Tudo, Ok – ela me devolveu ainda com um sorrisinho. – Agora os documentos do carro e o senhor pode ir.
Peguei os documentos e já tinha lhe estendido quando me lembrei que devia tê-los renovado há duas semanas, ela pegou o papel e eu não o soltei.
- Senhor – ela insistiu tentando tirá-los da minha mão e eu puxei de volta sem saber o que fazer. Não sei bem como, mas aquilo acabou virando um cabo de guerra. – O senhor pode soltar agora.
- Não quero – foi minha resposta madura. – Você já viu que eu os tenho, não precisa olhar mais, devolve!
- Eu preciso vê-los, solta!
- Não!
- Senhor!
- Oficial!
- Isso não faz o menor sentido, só solta isso logo de uma vez! – ela já tinha perdido parte da compostura de policial, parecia quase uma questão de honra pegar esses malditos documentos agora.
- Ainda bem que percebeu que não faz sentido, então que tal você soltar e me deixar ir, estou atrasado.
- E eu querendo trabalhar!
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Meu Pequeno Anjo ✓
RomanceIzzie sabia que estava encrencada assim que colocou os olhos na casa cheia de pessoas desconhecidas e provavelmente bêbadas, ela sabia que devia ter ido embora assim que chegou, mas é claro que não foi, que mal havia em se divertir um pouco? Ela mer...