Connor
Olhei para Jace, meu acompanhante da vez e sorri, hoje ele não teria aula na faculdade e estava comigo. O pessoal vinha fazendo isso há uma semana, desde o dia em que Izzie sofreu o acidente, eu me recusava a sair daqui do hospital e eles haviam feito quase uma escala para não me deixarem sozinho. Meu chefe, depois que eu contei o que tinha acontecido, não se importou em me liberar. Nos últimos sete dias minha rotina era comer, cochilar no sofá que havia no quarto de Izzie, ouvir notícias dela e torcer para serem boas e garantir a Angie todos os dias que logo mais sua mãe iria acordar. E eu esperava fervorosamente que essas palavras logo se concretizassem.
Eu não sabia o que era pior, ver Izzie naquela cama sem saber se ela iria acordar ou ver que Angie perdeu metade do brilho no olhar que ela adquiriu nesses últimos meses. Minha pequena vinha todos os dias ao hospital trazida por minha mãe e Gwen para visitar e bater papo com a mãe e a irmã. Apesar de passar todos os dias aqui, eu sempre ia para a casa da minha mãe com Angie e nós comíamos e conversávamos e eu só voltava para o hospital depois dela já ter pegado no sono enquanto perguntava se na manhã seguinte a mãe já estaria acordada também.
- Eu sei que você não é muito de ler, mas pode te distrair – Jace disse me estendendo um livro e me tirando dos meus pensamentos ruins. Eu estava na sala de espera com ele aguardando Angie chegar, ela sempre vinha depois da escola.
Peguei o livro e sorri divertido.
- Harry Potter?
Ele deu de ombros.
- Os filmes são bons e os livros ainda melhores. Stu finalmente conseguiu pagar o conserto do carro e desamassou o porta-malas para resgatar os livros. Vai querer ou não?
Aceitei a oferta e olhei para o primeiro volume dessa série de livros tão comentada. Ler nunca foi meu forte, mas como Jace disse, poderia me distrair.
- A pequena vem hoje?
- Ela sempre vem. Trás flores e desenhos e fala sobre seu dia na escola – respondo com um sorriso triste.
Já haviam mais de vinte desenhos colados a parede perto da cama de Izzie. A enfermeira carrancuda da noite queria tirá-los, mas depois de uma quase discussão e de Angie piscar seus olhinhos doces ela finalmente cedeu e os deixou ali. A pequena sorria enquanto os fazia e diziam ser para Izzie ver quando acordasse. Nessas horas eu tinha que conter as lágrimas.
- Fica assim não, cara. Izzie logo, logo vai acordar – Jace sorriu e eu assenti, sem forças para responder qualquer coisa que fosse.
Alguém sempre dizia isso, eles deviam achar que me fazia sentir melhor, mas a verdade é que não fazia diferença uma vez que minha morena não devia nem mesmo estar assim para começo de conversa. Pensar nela imóvel naquela cama sempre acabava comigo, não ver seu sorriso ou não ouvir sua voz me fazia morrer aos poucos eu só não havia virado um zumbi rondando sua cama sem forças para mais nada por que tinha Angie e ela precisava de mim, que eu fosse forte e lhe dissesse que tudo ficaria bem, caso contrário eu não saberia dizer o que seria de mim.
- Hei! Terra chamando, Connor! – Jace balançou a mão na frente do meu rosto e isso me fez sorrir. Essas pequenas brincadeiras idiotas davam um pouco mais de cor aos meus últimos dias cinzas.
- Eu estou aqui, desesperado. O que foi?
- Tem meia hora que tô perguntando da casa. Você vai comprar mesmo?
- Não tenho tanto dinheiro. Nem mesmo se eu vendesse o carro. Mas eu queria. E queria mais ainda saber se a garota da casa de paredes vermelhas que quase me fez bater o carro da primeira vez em que sai com Angie era mesmo Izzie ou se eu estou aqui fazendo suposições estranhas.
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Meu Pequeno Anjo ✓
RomanceIzzie sabia que estava encrencada assim que colocou os olhos na casa cheia de pessoas desconhecidas e provavelmente bêbadas, ela sabia que devia ter ido embora assim que chegou, mas é claro que não foi, que mal havia em se divertir um pouco? Ela mer...