Capítulo 4

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Enola

Acordo no outro dia, os raios de sol se infiltram pela janela. Observo que estou numa cama enorme, num dos quartos da casa, imagino. Ele é decorado de forma rústica, mas com bom gosto. Tudo é limpo e decorado com objetos coloridos e estranhos.

Observo que a janela está aberta, vejo uma possibilidade de fuga. Corro até ela, estou num primeiro andar, não é tão alto, já pulei de árvores bem mais altas. Não vejo ninguém por perto, então tento escalar para fora e depois pulo. Aterrisso sem problemas e começo a adentrar a mata que circunda a casa.

Tento me situar, pois com a sorte que tenho ou acabo entrando no território dos Afrogs ou vou me deparar com esses selvagens que estão em toda parte. Por incrível que pareça, acredito que estou indo na direção certa. Mas não vou muito longe, percebo que alguém está perto, quando olho para o lado, vejo o Índigo que eu dei um soco ontem e entro em pânico, então começo a correr desesperadamente. Sinto ele perto correndo atrás de mim, tropeço em galhos, me arranho nas plantas e árvores do caminho. Então, olho para trás rapidamente para ver onde ele está, e nesse exato momento, caio com tudo no chão, torço meu pé e sinto uma dor horrível. Pode ficar pior meu Deus?!

Ele para perto de mim, apenas me olha e não fala nada. Então faz um som estranho com a boca e logo vejo Tokai vindo em minha direção, está com o semblante raivoso e com um cara de que vai me dar o pior castigo que uma prisioneira fugitiva pode ter.

- Eu disse para você que se tentasse fugir não iria longe! Vejo que você não tem noção da realidade de sua situação, conforme-se com seu destino, você agora é minha. Vou fazer o quê quiser com você, está sob meus domínios. Então pense bem em suas atitudes antes de fazer algo estúpido como isso - fala cuspindo fogo sobre mim, seus olhos estão ainda mais escuros, se é que isso é possível.

Então ele me levanta no braço, sem nenhum esforço, e me leva novamente até a casa. Choro em silêncio, embora esteja sentindo muita dor no tornozelo. Estou humilhada e sem saída.

Ele me coloca de volta na mesma cama e começa a pegar algumas coisas para cuidar do meu pé, fazendo tudo em silêncio e me olhando intensamente, como de costume. Com a queda fiquei muito suja, pois cai numa poça de lama, só para variar minha desgraça. Ele tenta puxar minha roupa, eu me assusto e me agarro nas roupas como se fossem minha vida.

- Rispa! - ele grita - venha lavar e tratar dos ferimentos dela - ele ordena com impaciência e se dirige a mim - logo verei tudo o que você está tentando esconder, não me importa seu pudor civilizado ou que me considere asqueroso. Será minha e com o tempo farei você me querer... - E sai do quarto como um furacão.

- Oh menina, me deixe cuidar de você - fala Rispa. Ela é uma senhora de meia idade, empregada da casa, parece ser simpática e está sendo gentil comigo.

- Obrigada... - não consegui dizer mais nada, enquanto ela me conduzia ao banheiro, me ajudava a tomar banho e cuidava do meu tornozelo. Voltei para cama, percebi que estava limpa, algum outro empregado deve ter entrado e limpado. E também vi um prato de comida na cômoda ao lado da cama, e mesmo triste e contrariada, comi tudo, estava faminta.

Depois de três dias que eu estava lá, Tokai chegou ao quarto e me falou que foi a uma reunião na minha comunidade para tratar com o meu pai e o líder a minha situação. Falou que fez um acordo com meu pai bem vantajoso para minha família. Os acordos de casamento eram realizados com as partes interessadas ( o pai da noiva e o pai do noivo ou ele próprio) e havia a troca de presentes entre as famílias. Eles achavam que as mulheres não deviam falar nada sobre isso e depois dos acordos assinados elas eram enviadas para a casa do noivo para consumar a união e lá ficavam como sua mulher.

O selvagem que me consquistouOnde histórias criam vida. Descubra agora