Capítulo 20

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O romance está nos capítulos finais... Espero que estejam gostando! Não esqueçam de compartilhar, comentar algo e marcar com uma estrela, se quiserem. Gratidão!


Kerll

Acordo e vejo que estou em meu quarto, sinto uma forte dor no peito, percebo que estou enfaixado. Penso em Tamar, em como ela deve estar agora... Antes de desmaiar vi que Tokai estava vencendo a luta com os últimos traidores. Tamar estava ao meu lado com lágrimas nos olhos e sangue nas mãos, não  sei se era meu ou dela. Enquanto estava inconsciente, sonhei com seus cabelos ruivos, seus profundos olhos azuis, sua boca suculenta como um morango silvestre e seu corpo cheio de curvas. 

Ela foi a melhor coisa que aconteceu comigo em anos. Se eu pudesse voltar no tempo faria tudo diferente... Analisando meus sentimentos, percebo que a amo, meu tio sempre me disse que o amor chegava inesperadamente e rapidamente como um raio. Eu não acreditava e apenas ria de suas comparações. Ele foi muito feliz com minha tia, que morreu muito cedo, depois dela ele nunca mais se envolveu com ninguém. Diferente dos meus pais que casaram por conveniência, eu não queria isso para mim, mas não confiava muito que iria amar um dia. Mas o amor chegou rapidamente como meu tio falou, me pegou desprevenido e mudou minha vida! Sentirei falta dela….

Olho ao redor e vejo minha mãe, minha irmã, um dos meus comandantes e o curandeiro da tribo.

-Meu líder, como o senhor está se sentindo? Retiramos a bala, estancamos o sangramento e conseguimos diminuir a febre. Logo o senhor ficará bem. - fala o curandeiro.

-Meu filho, quase te perdi também! Não concordo com sua decisão, você deveria ter vingado seu pai, mas ao invés disso você poupou a vida daquelas Zumianas e aliou-se aos Índigos… - dizia minha mãe exaltada, então levantei uma mão interrompendo seu falatório. Minha irmã apenas me olhava com lágrimas nos olhos e um sorriso discreto. Parecia estar feliz com minha decisão.

-Mãe, estou construindo minha jornada como líder, não quero seguir os passos do meu pai, meu povo viverá em paz! Você bem sabe que o meu pai era cruel e ávido por sangue, ele amava seu povo, mas queria cuidar de nós massacrando outros povos. Vamos construir uma história de respeito e dignidade para nossa tribo, um novo começo, mãe… - falo com uma voz cansada, ainda me sinto fraco, acho que perdi muito sangue.


Minha mãe apenas me olha, vejo mágoa em seu olhar, mas ela aceita minhas palavras. A verdade é que minha mãe não pensava muito diferente do meu pai, ela também concordava com o lema “ sangue por sangue”, que o meu pai seguia fielmente. Minha irmã aproxima-se de mim, beija minha testa e fala baixinho próximo ao meu ouvido: “estou orgulhosa de você meu irmão”. Meu coração incha com suas palavras, ela sempre foi mais sensível, afetuosa, uma flor delicada vivendo no meio de um povo rude. Ela e minha mãe se retiram dizendo que vão deixar-me descansar.

-Como foi o final da batalha? Como ficaram as mulheres, estavam bem? - pergunto ansioso ao meu comandante, querendo saber sobre Tamar.

-Meu senhor, todos os traidores foram mortos e saímos vitoriosos. O líder Tokai lutou bravamente. As mulheres ficaram a salvo. Inclusive, uma delas voltou conosco e ajudou a cuidar do senhor - suspirei de alívio ao ouvi-lo falar. Mas, será que ouvi bem suas últimas palavras?! Será que Tamar voltou por mim?!

-Quem?!.... - eu não sabia o que falar diante dessa notícia.

-A jovem chamada Tamar, a ruiva, disse que voltaria conosco para nos ajudar a cuidar do senhor, pois salvou-lhe a vida  - falou meu comandante.


Nesse momento, o comandante pediu para se retirar pois iria checar como estavam os soldados feridos. Eu o liberei e pedi que me enviasse notícias sobre meus homens. 

-Meu líder, se me permite falar, a jovem Tamar passou todo o tempo aqui comigo ajudando a cuidar do senhor. Ela me auxiliou em todos os procedimentos. O senhor está desacordado desde ontem. Ela só saiu hoje de manhã quando sua mãe chegou. Acontece que… que sua mãe a expulsou aos tapas. Eu tomei a liberdade de pedir que uma de suas empregadas a levassem para outro quarto e cuidassem dela, ela ainda não havia se alimentado e estava com as mesmas roupas ensanguentadas. - falou o curandeiro.


Eu fiquei surpreso e, ao mesmo tempo, me enchi de esperança de que pudesse construir um futuro com Tamar. Irei tratar com minha mãe mais tarde, se Tamar concordar em viver comigo, minha mãe deverá aceitá-la como senhora dessa tribo. Pelo menos Tamar voltou por mim, sente-se grata por eu ter salvado sua vida. Talvez gratidão seja um bom começo, ela pode nunca me amar, mas pode gostar do meu toque. Passarei a minha vida tentando conseguir seu perdão, se for preciso... Agradeci o curandeiro e pedi que ele saísse e solicitasse que uma das empregadas acompanhasse Tamar até o meu quarto. Não vejo a hora de poder vê-la novamente…

Logo ouço batidas na porta e Tamar entra com um olhar apreensivo. Ela é linda, não canso de admirá-la… Ela aproxima-se devagar e encosta na cabeceira da cama com a cabeça baixa.

-Eu lhe agradeço Kerll, por ter salvado minha vida. Por ter libertado minha amiga. Como você falou, que nossos povos vivam em paz a partir de agora - fala ela com a cabeça baixa.

-Eu que agradeço por ter voltado e ajudado a cuidar do meu ferimento. Eu a admiro, você é uma mulher forte, leal e corajosa. Peço que me perdoe pelo que lhe fiz, se eu fosse um homem bom te mandaria de volta para sua família, mas sou egoísta e a quero para mim...  Seja minha companheira. Eu a desejo e a quero em minha cama, você é linda, nunca conheci uma mulher como você. Sei que não era isso que você gostaria para sua vida, mas te ofereço proteção, um lar confortável, nada te faltará, o que pedir te darei, e também terá paixão e muito prazer ao meu lado… - falo sondando seu olhar. 


Ela ficou surpresa com meu pedido e corou de vergonha com minhas últimas palavras. Parece pensar e vejo sua expressão oscilando com dúvida. Não sei o que farei se ela rejeitar meu pedido, mas não irei obrigá-la ou chantagea-la para que fique comigo, não mais. Se ela ficar, será porque quer realmente. Ela dá uma respiração profunda e focaliza o meu olhar.

-Kerll, quando o conheci pensei que era um homem cruel e desumano. Pensei que iria machucar eu e minha amiga, que iria nos torturar...  Sim, houve momentos que você foi violento, mas houve outros que eu podia ver algo diferente em você … Teve momentos que senti muito medo e imaginei que meu futuro seria trágico... Mas até nos momentos que você me amarrou e me chantageou, o medo estava misturado com prazer. Eu aceito ser sua companheira. Não sou indiferente ao seu toque... E também o admiro pela decisão que tomou, porque foi corajoso ao mudar a história do seu povo. - fala Tamar olhando no fundo dos meus olhos. 


Ela, como de costume, falou muito, mas com sinceridade e verdade, todas as suas palavras tocaram meu coração e me encheram de alegria. Eu apenas sorri e atrai seu rosto para o meu lhe dando um beijo apaixonado.

-Então, logo que eu melhorar, faremos nossa cerimônia de união. Enviarei uma carta para sua família formalizando meu pedido e também mandarei presentes como manda a tradição. Até lá, você ficará em meu quarto, onde é o seu lugar. Você acha que seus pais irão aceitar nossa união? - pergunto apreensivo.

-Sim, eu acho. Meus pais sempre disseram que cabia a mim e minha irmã escolhermos nossos maridos. Que eles não concordavam com contratos de conveniência. Ainda mais quando souberem que sua filha vai casar com o homem que ama - ela falou com um sorriso tímido. Eu nunca pensei que iria ouvir isso dela, mesmo depois de tudo que fiz, ela foi capaz de me perdoar e amar... Estou sem palavras, apenas olho seu rosto emocionado.

-Então, serei um homem abençoado e feliz, porque estarei casando com a mulher que amo e que retribui o meu amor. Nunca se arrependerá da sua decisão, será muito feliz aqui, eu me assegurarei disso. - falo com um grande sorriso no rosto.

-Eu tenho certeza que sim! - fala ela e nos beijamos novamente.

O selvagem que me consquistouOnde histórias criam vida. Descubra agora