Capítulo 17

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P.s.: Como o capítulo anterior podem haver descrições de cenas que são fortes e sugiram violência.

Tamar

Eu esperei que o temido Kerrl me violentasse, que me torturasse cruelmente, que me machucasse profundamente. Eu esperava um líder cruel e sanguinário, que não exitaria em matar quem fosse, homem, mulher ou criança. Mas, em vez disso, ele me deu prazer, o primeiro orgasmo da minha vida! Ele foi bruto, grosseiro, me amarrou, mais ainda assim, não me machucou.

Eu estou aqui nesse quarto em que ele me deixou trancada, ainda com as pernas trêmulas e com uma sensação estranha em minha vagina, foi maravilhoso! No início, estava com muito medo, mas ainda assim, me sentia excitada. Kerll é um homem lindo, tenho que admitir, pele escura, olhos e cabelos negros, lábios cheios, alto e muito musculoso.  A visão do seu corpo nu fez com que eu pegasse fogo, não me senti amedrontada como deveria, senti meu corpo todo formigar. 

Passei a noite nesse quarto, ele é bem grande, cheio de peles de animais e poltronas, com um banheiro enorme no lado esquerdo. Posso ver, por uma brecha na janela - que esta bem trancada -  que já amanheceu. Eu me lavei e me enrolei no lençol da cama, minhas roupas estão estragadas, ele as rasgou completamente. Estou sentada na cama pensando no que posso fazer. Me preocupo muito com Enola e seu bebê, espero que ela esteja bem. Sinto-me apreensiva em relação ao que pode nos acontecer, em como isso irá acabar… Espero que Tokai descubra logo o que aconteceu, sobre o plano de Delane e venha nos salvar, eu espero que aconteça um milagre…

Ouço alguém na porta, a maçaneta está girando, meu corpo vibra de medo e antecipação. Kerll entra no quarto, trancando a porta às suas costas. Ele me olha com intensidade, dos pés a cabeça, parece que pode ver através do lençol. 

-Como Enola está? O que fez com ela? - pergunto preocupada.

-Ela está bem - responde Kerll ainda olhando meu corpo. Eu tremia sob seu olhar.

-Por favor, não a machuque. Ela está grávida, está frágil, ela é inocente, não te fez nada… - falo com lágrimas nos olhos. Ele apenas me observa.  Vou apelar com tudo que posso se isso puder nos salvar. Se ele tiver um mínimo de sensibilidade, entenderá...

-Sei da história do seu povo, sei das injustiças… O que você está fazendo com ela foi o que fizeram com seu povo. Está cometendo as mesmas injustiças e atrocidades, está se igualando às pessoas que te machucaram. Não sei qual seu problema com Tokai, mas por favor, vingança não resolve, apenas torna-se um círculo de violência sem fim. No grande confronto com seu povo há dois anos, Enola perdeu o marido, Lauren, minha outra amiga, perdeu os pais e o noivo. Todos nós perdemos pessoas importantes…. - falo desesperada.  


Ele me olha com interesse, parece ponderar o que ouviu de mim, parace travar uma luta interna, me analisa detidamente… Depois ele pisca os olhos como se acordasse de um sonho e seu olhar fica indecifrável.

-Você ficaria aqui pela vida da sua amiga? Até onde iria seu sacrifício para vê-la em segurança? O que faria Tamar?! Você me daria sua pureza? - fala ele com malícia. Meu nome em sua boca pareceu tão depravado, tão profano. Eu engulo em seco diante do que ele falou, e o encaro pensando em como responder. Ele me olha de um jeito cruel.

-Eu faria tudo pela minha amiga! - falo com convicção.

-Então, mostre-me agora…  - fala ele com um tom cheio de segundas intenções. Eu me arrepio dos pés a cabeça. Sei a que ele está se referindo…


Por incrível que pareça, mesmo nessa situação que me encontro, imaginar ele me tocando não é mais apavorante ou repugnante. Ele está sendo frio e rude, mas me sinto confusa com suas reações e atitudes... Parece que ele não é assim tão cruel como tenta ser, parece ser uma máscara que ele veste, parece que ele trava uma luta dentro de si. Ele parece pensar em minhas palavras, refletir sobre elas...
Imaginar seu toque me deixa com uma sensação gostosa de antecipação, não sinto medo ou repulsa. É como se eu soubesse que ele não vai me machucar, mesmo em meio a crueldade de suas palavras, parece que ele tenta me dar uma escolha. 

O selvagem que me consquistouOnde histórias criam vida. Descubra agora