Capítulo 6

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Lauren

Meus pais e eu morávamos bem perto da fronteira com o território dos Afrogs, com uma distância de 5 horas da casa da minha amiga de longa data, Enola. E, há dois anos atrás, quando a batalha estourou, fomos os primeiros a ser atacados. Meus pais morreram tentando me defender. Logo depois chegaram os soldados Zumianos que formaram uma aliança com os Índigos para combater a violência desmedida dos Afrogs. Meu noivo morreu nessa batalha, eu nem pude me despedir. Ele me salvou, levou-me para um local seguro e voltou para a batalha. 

Fui acolhida por Enola e seus pais, Allia e Fergus. Eles são pessoas maravilhosas, me apoiaram naquele momento tão difícil. Enola e eu ficamos mais unidas, pois tínhamos sofrido perdas irreparáveis. Eu amava muito meu noivo, nos gostávamos desde pequenos e nosso casamento seria em duas semanas… Meu mundo caiu naquela época e custou muito tentar reerguê-lo.  

Hoje me encontro em outra situação difícil… Há mais de três semanas não vejo Enola, desde o dia em que ela desapareceu. Surgiu a história de que ela teria se apaixonado por um Índigo e casado com ele em segredo. Mas eu a conheço, ela teria me contado, ela não faria isso. Meus tios, muito aflitos, me questionaram se era verdade, se ela ficou com receio de contar por pensar que eles desaprovariam. Eu não sabia o que dizer, não tinha respostas, tudo estava bem confuso, eu só falava a verdade, que não sabia de nada disso. Estou muito preocupada com minha amiga, sei que tem algo a ser esclarecido nessa história, tenho medo de que ela esteja sofrendo de alguma forma agora. 

Há uma semana atrás, o líder dos Índigos, Tokai, apareceu em nossa casa depois da reunião que houve com o nosso líder e meu tio Fergus. Meu tio estava ao lado dele com uma cara estranha, desconfiada e preocupada, e Tokai estava ao lado dele com a expressão serena e firme, como se nada demais tivesse acontecido. 

Ele não afirmou com todas as palavras, mas pelo que pareceu Enola escolheu ir ao encontro dele e então começaram a viver juntos em sua casa.

Meus tios não tinham muita escolha, se não aceitassem, poderia se desdobrar outro confronto, sendo que nosso líder não apoiaria tal coisa. E se Enola voltasse para casa, estaria arruinada e mal falada, não conseguiria reconstruir sua vida. Tokai firmou o acordo de casamento com meus tios, sendo que estes aceitaram com muito custo. Nos ajudou bastante financeiramente e disse que não fazia mais do que sua obrigação, pois éramos a família de sua companheira. Mesmo com todo receio envolvido na situação, meus tios aceitaram depois de Tokai prometer que poderíamos ver Enola em algumas semanas. 

Eu estou muito angustiada, sei que tem algo muito estranho nessa história….

Enola

Acordei com o corpo todo dolorido e com sensações estranhas em algumas partes do meu corpo. Eu estava sozinha na cama, mas ainda conseguia sentir o cheiro de Tokai. Levantei, me lavei e vesti uma das muitas roupas que ele me deu. Alguns dias depois que cheguei aqui, ele mandou encomendar várias roupas, sapatos, acessórios e adereços para mim. Eu desci e encontrei Rispa na cozinha, ela me recebeu com um grande sorriso e um olhar de reconhecimento que me deixou corada de vergonha.

-Bom dia senhora, como você está? - me perguntou solícita. 

-Bom dia Rispa, eu estou bem. Não precisa me chamar de senhora…
-
-Claro que preciso. Agora é a senhora desta casa, a esposa do líder desta tribo, deve ser tratada com respeito por todos - e após esse discurso colocou um prato delicioso com várias iguarias na minha frente que eu logo devorei. 

Nesse momento entrou uma moça, que se apresentou como Samira. Ela era outra das empregadas da casa e disse que estaria ali para me ajudar a se vestir para a minha apresentação para o povo. Eu havia me esquecido completamente! Comecei a ficar nervosa, suar frio… Fiquei realmente com medo, pois sei que muitos Índigos odiavam os mestiços e não aceitariam fácil a esposa do líder ser uma deles. Subi com Samira e ela me mostrou um lindo vestido estampado, em que a cor vermelha predominava, e sapatos igualmente lindos. Ela ajudou a me vestir, fez uma linda trança no meu cabelo, deu-me variados adereços como colares e pulseiras bem diferentes. 

Quando eu saí do quarto, Tokai já me esperava na porta, estava vestido com uma roupa com tons escuros de azul, uma bota e um manto de pele que cobria seus ombros. Seu cabelo estava preso num coque, ele estava maravilhoso, tenho que admitir.

-Você está linda minha companheira - falou ele com seu olhar intenso sobre mim e ainda acrescentou - não vejo a hora de voltarmos para casa e eu poder tirar toda essa sua roupa e te foder bem gostoso. 


Subiu um calor! Eu já estava toda desestabilizada apenas com essas palavras, imagina mais tarde…

Ele pegou minha mão e saímos da casa. Ele me conduziu até um pequeno palco instalado num lugar central. Estava cheio de gente, muita gente mesmo, todos me olhavam fixamente. Alguns com curiosidade, outros com ódio estampado em seus olhares. Em algumas mulheres percebi inveja e despeito, em outras curiosidade e respeito. Muitos nos reverenciavam, nos saudando com respeito, outros saudavam de forma mecânica apenas por estar diante de seu líder. Eu estava muito nervosa, tentava controlar minha tremedeira e já estava com medo das minhas loucas reações. Tokai me apresentou e todos bateram palmas, logo começaram a servir uma bebida forte e escura junto com variados aperitivos e iguarias deliciosas. Eu aceitava tudo que me ofereciam, é claro, amo comer!

-Com licença, meu líder, minha senhora, eu saúdo o casal e desejo felicidades e prosperidade - esse foi o Índigo que eu dei um soco na cara. Abaixei a cabeça cheia de vergonha, ele apenas sorriu. 


Tokai o apresentou como Caspian, ele era seu braço direito. Depois disso muitos vieram nos cumprimentar pessoalmente, quando tentavam mostrar desagrado, Tokai lhes direcionava um olhar tão duro, que eles engoliam em seco e abaixavam a cabeça se retirando. 

Uma mulher, em especial, que nos parabenizou pela união me deixou intrigada. O nome dela era Delane, ela me pareceu tão falsa, sorria para mim, mas o sorriso não chegava aos seus olhos. De vez em quando eu percebia um olhar de puro veneno na minha direção e um olhar cheio de cobiça direcionado a Tokai. Ela parecia ter intimidade com ele e lhe direcionava muito sorrisos… Quem era essa mulher? Será que ela o queria? Será que ela já teve algo com ele? Naquele momento me deu um aperto no coração, um sentimento ruim…. Será que eu estava com ciúmes?

O dia foi bem cansativo, foi pressão aguentar tudo aquilo e eu ainda estava confusa em relação aos meus sentimentos. Ficava surpresa por não odiar Tokai, por ele ter me obrigado a ficar. Ao contrário, eu desejava sua presença ansiosamente, agora mesmo no caminho de volta para casa, eu já estava toda arrepiada de antecipação. Me tornei uma tarada, viciada em sexo!

O selvagem que me consquistouOnde histórias criam vida. Descubra agora