Capítulo 5

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Tokai

Há muito tempo eu observava Enola. A conheci quando ela tinha 14 anos e eu tinha 20 anos.Visitei a comunidade norte junto com meu pai, estávamos comparecendo a uma reunião que tinha o objetivo de fazer acordos de paz entre os mestiços, Afrogs e Índigos. Estavam ocorrendo diversas rixas e crimes nas três raças, muitos sem solução e permaneciam no desconhecimento, sem identificar os motivos e os autores dos crimes. Os Afrogs estavam bastante nervosos e aguardavam o mínimo para um confronto.

Enola estava em sua banca vendendo seus produtos, tratava todos com gentileza, sem distinção ou discriminação. Ela era linda, doce, delicada, possuía um charme estarrecedor, ela simplesmente brilhava. Desde o início senti uma atração muito forte por ela, mas sabia que uma união com uma mestiça era impensável para o meu pai, que só queria que nos uníssemos com Índigos. E também naquele momento delicado em que vivíamos eu não poderia fazer um movimento na direção dela. 

Em toda a minha vida, eu só conheci guerras, confrontos, sangue, dor… Minha mãe morreu enquanto eu ainda era uma criança, durante um confronto com os Zumianos. Muitos morreram de ambos os lados. Meu pai se encheu de mágoa, assim como muitos da minha tribo, ele era muito duro. Não conheci carinho, apenas aprendi sobre disciplina, honra e combate. Me tornei um grande guerreiro e logo seria o sucessor de meu pai. Me envolvi com algumas mulheres da minha tribo, mas minha mente era dominada por Enola, um dia eu a teria, eu estava obcecado por ela.

Eu sabia que muitas Zumianas nos consideravam selvagens e repugnantes e Enola deveria estar incluída nesse grupo. Sempre que entrávamos em sua comunidade, ela não nos endereçada um segundo olhar, na maioria das vezes ficava com a cabeça baixa, era educada ao nos atender em sua banca da feira, mas sem muitas palavras ou olhares, era sempre fria conosco. Mas eu a queria desesperadamente, e à medida que o tempo passou meu desejo por ela aumentou. 

Ela ficou bem mais bonita, se é que isso seria possível. Seus cabelos brilhavam, eu me perdia naqueles olhos verdes e seu corpo era voluptuoso, feito para a paixão, eu me enchia de luxúria ao imaginá-la na minha cama.

Mas, quando ela completou 15 anos se casou com o filho de um dos membros do conselho de sua comunidade. Eu nem sabia que ela estava noiva, foi um noivado bem rápido e quando percebi ela já estava casada. Eu observava eles de longe, me enchia de ódio pelo marido dela, pensei até em matá-lo e sequestra-la. Meu pai percebeu a minha fixação por Enola e teve uma conversa séria comigo. Resumindo, a prioridade de um futuro líder deve ser seu povo e não uma inimiga. Engoli minha dor, pois só de saber que ela estava com outro, que ele a tocava, eu sentia que morria aos poucos por não poder fazer nada.

Meu pai morreu no grande confronto que teve há dois anos com os Afrogs, eles estavam em maior número e exterminaram muitos Índigos e mestiços. Mas como éramos fortes e treinados e, por naquele momento, nos unirmos aos Zumianos, nós vencemos a batalha. Enola perdeu seu marido nesse confronto, eu o conheci durante a batalha, lutamos lado a lado em alguns momentos, e eu tenho que reconhecer que ele parecia ser um homem de honra e muito valente. Mas não posso negar que senti alegria em saber que ela estava livre novamente. 

Durante o período pós-guerra nossos povos tentaram se reerguer, os Zumianos foram os que mais sofreram as consequências da guerra, principalmente em suas plantações e seu comércio. O rei Otávios acabou estabelecendo tratados de paz e todos foram pressionados em aceitá-los,  inclusive os Afrogs.

Com a morte do meu pai me tornei o líder, tinha que mostrar força e estabilidade em todos os momentos. Com todas as coisas que tive que resolver e viagens para outras tribos distantes que tive que fazer, me afastei da comunidade norte e só consegui voltar no dia em que pude vislumbrar novamente Enola na feira, no dia da última reunião. Ela continuava linda, seus cabelos estavam bem maiores e eu não conseguia parar de olhá-la. Naquele momento já comecei a pensar e arquitetar um plano para tê-la. Mas nunca imaginei que o destino iria me agraciar trazendo ela para mim. 

O senhor Perkins tinha uma dívida conosco, comprávamos frambalas e outros produtos dele e ele nos ofereceu produtos podres e cobrou valores exorbitantes. Ele era um covarde e morria de medo pensando no que faríamos com ele, pois era bem conhecido que não gostávamos de tratar com comerciantes desonestos. Então, ele apareceu na minha tribo com Enola, dizendo que havia trazido ela para demonstrar sua lealdade. Meu braço direito, Caspian, o recebeu com ameaças e disse que ele nunca mais aparecesse em nosso território e ele foi embora bem rápido. 

Avistei de longe quando ela se levantou e deu um bom soco no rosto de Caspian, que ficou surpreso pela atitude inesperada. Pude ver também um dos meus soldados dar um tapa nela que fez ela cair. Me enchi de raiva, tratarei dele mais tarde. Quando eu pedi que ela levantasse e ela olhou para mim, meu mundo parou ao fitar aqueles olhos verdes. Eu falei comigo mesmo, ela será minha, ninguém irá tirá-la de mim!

Após a tentativa de fuga frustrada de Enola e várias ofensas que ela me dirigia, eu decidi entrar na comunidade dela para tratar sobre sua situação. E descobri que o Senhor Perkins tinha espalhado a notícia de que Enola havia fugido para se casar com o líder dos Índigos, por quem havia se apaixonado. Ele inventou essa mentira com medo de represálias contra ele, pois um sequestro seria um ato grave. Eu não desmenti a história, não confirmei e nem neguei, queria evitar mais complicações. 

Foi fácil conversar com o líder de sua comunidade, o homem era corrupto e logo entendeu a situação depois que lhe dei um bom dinheiro. Difícil foi fazer um acordo com os pais dela, eu conversei bastante, eles estavam irredutíveis, contudo deixei que acreditassem que ela foi por livre escolha e lhes ofereci presentes, como mandava a tradição. Eles não queriam aceitar, mas eu insisti, até que me fizeram prometer que eles iriam poder visitar Enola dentro de algumas semanas. 

Saldei toda a dívida deles no banco, comprei seus animais de volta, dei dinheiro para reformarem a casa, para contratarem mais empregados para a plantação e para que se mantivessem até sua situação se normalizar. O pai dela ficou bem desconfiado, mas acho que deixei ele relativamente convencido de que ela me escolheu e eu fazia isso para demonstrar o quanto a filha dele estaria sendo bem tratada.

Ao voltar para minha tribo, todos os dias eu ia ver Enola e era sempre recebido da pior forma possível. Até que, após três semanas, passei o dia todo fora resolvendo questões da tribo e quando voltei bem tarde da noite encontrei Enola no meio da minha sala, com uma camisola que deixava pouco à imaginação. Foi mais forte do que eu, quando dei por mim estava sobre ela, beijando-a intensamente. Ela lutou e gritou muito, disse duras ofensas contra mim e então tentei me controlar, eu não era um estuprador. 

Até que, num rompante, ela me beijou e me agarrou, me surpreendendo momentaneamente, mas logo retribui com o mesmo ardor. Nem acreditei que ela estava me correspondendo, ela também me desejava. Sei que ela nunca vai me amar, mas pode me desejar. Mesmo que ela lute contra esse sentimento, ela pode sentir-se atraída por mim.

Levei ela para meu quarto e a possuí. Foi bem melhor do que imaginei! Ela foi maravilhosa, deliciosa e gostosa, eu poderia passar toda noite comendo ela e ainda não me saciaria. O corpo dela era perfeito, o gosto dela sublime, os gemidos dela me deixavam louco e o modo como ela passava as mãos sobre mim me davam um tesão enorme. Depois que transamos, a limpei e deixei ela descansar. Ela me olhava de um jeito estranho, seu olhar tinha medo, surpresa e outros sentimentos que eu não consegui identificar. Mas eu não quis pensar muito sobre isso, só queria saber que ela era finalmente minha!

O selvagem que me consquistouOnde histórias criam vida. Descubra agora