Capítulo 19

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Kerll

Após deixar Tamar junto com Enola naquela cabana, vim todo o caminho pensando no que fazer. As certezas que eu tinha antes de conhecer Tamar, foram por água abaixo. Aquele ódio e revolta já nem sei para onde foram, estou confuso… Não sou um homem sem honra, não posso machucar uma mulher grávida para vingar a morte de meu pai.  A verdade é que quase tenho a esperança de ser feliz ao lado daquele ruiva louca que fala demais. 

Fui cruel com ela, a ameacei para se ter seu corpo... Ela se entregou a mim em troca da segurança de sua amiga, mas até imaginei que foi porque também me queria… Pelo menos posso sonhar. Eu a chantagiei e a coloquei numa situação difícil, não me orgulho disso, mas eu a desejava desperadamente, nunca senti isso por nenhuma mulher antes. Depois do que fiz, ela deve me odiar, não a culpo, com minhas titudes demonstrei a ela ser tudo o que ela me acusou de ser...
 

Se dependesse do meu pai, eu seria ainda mais cruel e desumano do que ele, já teria devastado toda essa região que faz fronteira com minha tribo. Mas durante a minha juventude, tive grande influência do meu tio, ele era um grande homem e sonhava com a paz, com a possibilidade de todos serem tratados como iguais, com dignidade. Ele não queria ver mais guerras e sangue, ele queria a paz. Ele morreu há muito tempo, eu ainda era uma criança na época de sua morte. Mas antes do seu último suspiro ele me fez fazer-lhe uma promessa, que eu trilharia um caminho diferente do meu pai.

Depois que eu conheci Tamar e ouvi tudo que ela me falou, eu me peguei lembrando do meu tio, lembrando da promessa que lhe fiz, dos seus ensinamentos… E acredito que logo devo tomar uma decisão crucial, ou eu correspondo as expectativas de minha mãe e de alguns comandantes do meu povo e continuo o legado do meu pai, ou eu busco construir minha própria história como líder. Mudar, construir uma nova história, ser diferente... Será que ainda posso fazer isso? Ainda dá tempo?

Estou na sala de reuniões em minha casa, com os principais comandantes e anciãos da minha tribo. Acabamos de receber uma mensagem de Tokai, convocando-me a encontrá-lo na fronteira. Ele exige que entregue sua esposa e sua amiga ou iremos batalhar. Contei a todos que estava com sua esposa e a amiga dela em cativeiro. Alguns aconselharam a me encontrar com ele e decidir com diplomacia, outros clamavam por sangue e pediam que eu as matasse e mobiliza-se os homens para a guerra. 

Nesse momento minha mãe irrompe na sala de reuniões gritando para que eu mate as mulheres e me vingue definitivamente de Tokai. Todos falam ao mesmo tempo e me pressionam a tomar uma decisão....

-MATE AGORA A PUTA DE TOKAI, MEU FILHO! MATE A SUA AMIGA TAMBÉM, É UMA ZUMIANA QUE NAO TEM VALOR NENHUM. VINGUE SEU PAI - ela fala totalmente descontrolada. E todos na sala voltam a falar ao mesmo tempo exigindo iam decisão minha.

-CALEM A BOCA! TODOS! - grito com autoridade e todos me olham assustados.

-Eu sou o líder, eu tomarei a decisão, não me pressionem a nada, pois não serei manipulado por ninguém. Essa tribo irá acatar a minha decisão, seja ela qual for! - e saio da sala rapidamente. 


Fora da minha casa reúno um grande número de soldados, meus comandantes mais leais e sigo para a cabana. Pego Enola e Tamar, que me olham com espanto e pavor diante do que pode acontecer. E sigo para a fronteira, essa história acabará hoje!

Tokai

Vejo Kerll aproximando-se com um grande número de guerreiros. Estou na divisa, também acompanhado do meu exército. Posso ver Enola e Tamar em um dos cavalos, meu ser suspira de alívio. Olho detidamente todo seu corpo, vejo que está com uma expressão cansada, mas não parece machucada e nem Tamar. Ficamos frente a frente, todos prontos, alertas ao mínimo movimento do seu oponente.

O selvagem que me consquistouOnde histórias criam vida. Descubra agora