Capitulo 2 - Tormento

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Lentamente seus sentidos começaram a retornar. Seus olhos se abriram e passearam pelo quarto, ela sentia uma energia pesada tomando conta de seu corpo e do ambiente.

Estranhamente, estava tudo quieto demais, nem o ventilador de teto estava fazendo o barulho de giro que deveria fazer. Lucky não estava a sua vista e isso a preocupou, afinal, a porta continuava fechada e a cama era baixa demais para ele conseguir se esconder debaixo.

- Lucky? - ela chamou pelo canino, esperando que o mesmo saísse de seu esconderijo para atender seu chamado, mas isso não ocorreu.

Intrigada, se levantou e olhou as horas no celular, era exatamente três da manhã e involuntariamente seu corpo se arrepiou por completo ao sentir a atmosfera do cômodo densa demais e o chão frio como gelo, como se algo estivesse a espreitar através das sombras .

Três da manhã. A hora do capeta. pensou. Quanta sorte a minha.

- Venha aqui rapaz. Não é hora de brincar.

Ela procurava incessantemente por seu cãozinho. Debaixo da cama, nos lençóis caídos pelo chão e no meio vazio da mesa do computador onde um dia já se encontrou a impressora. Nada do canino em lugar nenhum.

- Nada...

Um vento gélido entrou pela janela e balançou os cabelos e a camisola de Alisha. Ela se aproximou do guarda roupa e empurrou para a esquerda a terceira porta de correr, revelando roupas penduradas em um apoio horizontal feito de alumínio e um espaço vazio com apenas cinco pares de sapato e algo extremamente peludo encolhido.

- Você me assustou! Não faça mais isso. - diz pegando Lucky no colo, o mesmo pôs as patinhas em seus ombro e se encolheu com a cauda entre as pernas. - O que te assustou rapaz?

Em uma resposta inesperada, Lucky começou a latir e rosnar.

- Shiu. Não é hora de latir! Está tarde!

Alisha repreendeu o canino o pondo sentado no chão e dando um tapa de leve em seu focinho, mas ele não havia parado, pelo contrário, começou a latir mais alto.

A jovem iria abrir o outro lado do guarda roupas para poder pegar a focinheira anti-latido, mas um rosnado bestial ecoou atrás dela a fazendo parar. Imaginou ter sido Lucky, mas concluiu que não, afinal, ao contrário dos latidos irritantes do pequeno peludo, aquilo havia sido assustador.

Os latidos de Lucky estavam mais altos e aos poucos se tornavam mais agressivos enquanto havia sons de metal se quebrando e contorcendo. Alisha se virou devagar para ver de onde vinham aqueles sons perturbadores para os ouvidos.

A base da estatueta estava caída no chão, mas possuía apenas seu rochedo metálico. O poste do lado de fora da casa emitia uma luz que entrava por entre as cortinas. Graças a essa pequena iluminação, Alisha pode ver algo vermelho pontudo refletir no chão, e ao encarar aquela ponta ela foi, subitamente, puxada de volta para as sombras do outro lado do quarto. Mais que merda, porque essas coisas só acontecem comigo?

Seu coração estava batendo forte no peito como se gritasse desesperadamente para que ela corresse, mas como poderia correr? Aquele misterioso ser de cor vermelha estava entre ela e a saída da salvação. Ela se inclinou olhando para o chão, entrou notou que a janela era muito distante dele para ser considerada uma rota de fuga vantajosa. Uma queda dessa altura iria no mínimo me quebrar uma perna. Agora, sua única opção era se defender.

Com cuidado ela retirou todas as roupas penduradas do apoio e puxou aquela peça de metal que sustentava todas as roupas penduradas. Isso vai ter de servir.

Daechya - A Crônica Do Kniga *Revisando*Onde histórias criam vida. Descubra agora