- Pare de brincar e coma. - a nativa a repreendeu.
Kauane tirou algumas frutas e um pedaço de costelas de porco assado e entregou para Alisha. A garota virou-se, sentando de costas para a cena do cão devorando o cadáver; pôs as frutas entre suas pernas cruzadas e, com o pedaço de carne nas mãos, começou a comer.
A carne havia sido assada com cuidado, para que não queimasse e nem houvesse partes cruas. Estava bem temperada, mas não muito, para não anular o gosto da carne. Assim que mordeu o primeiro pedaço, os olhos de Alisha se iluminaram de prazer,então, ela começou a comer rapidamente, desesperada para preencher o vazio em seu estômago. Ela deixou de se importar com todos ao seu redor, se concentrando apenas em comer, raspando a carne dos ossos que estavam escondidos. Quando terminou, passou a comer as frutas. Reconheceu duas pêras, e as comeu primeiro, sentindo o gosto doce e familiar da fruta descendo por sua garganta, juntamente com a água que havia em ambas. A última que restou era vermelha, tinha cinco elevações, deixando-a parecida com uma estrela. A aparência não era das melhores, mas o odor que exalava era atraente, como o cheiro de um abacaxi maduro. Com a autorização de Kauane, Alisha mordeu um pequeno pedaço da fruta, sentindo seu interior macio e molhado se dissolver em sua língua, fazendo-a sentir seu gosto agridoce. Logo, a garota começou a comer aquela fruta com vontade, desejando mais.
Enquanto isso, o que restou do cadáver foram suas roupas e uma pilha de ossos, brancos como marfim, divididos e espalhados pela sala. Heilos catava o ossos, os jogando nas diversas lareiras acesas, para que virassem pó e não houvesse provas do homicídio. Ao mesmo tempo que o guerreiro tentava tirar o crânio da boca de Nêmesis, a nativa e o viking trabalhavam para limpar o chão, visando eliminar qualquer sinal de sangue.
- Me dê isso, seu cachorro maluco! - Nêmesis rosna em resposta, o guerreiro rosna de volta, usando o crânio de cabo de guerra contra o cão. - ME DÊ ESSA MERDA!
Nêmesis rosnava alto, puxando com força o crânio, ao mesmo tempo em que Heilos colocava toda a força nas pernas, para conseguir puxar para si a caixa óssea que protegia o cérebro do homem morto.
Sieron se encarregou de se livrar das roupas. Ele rasgou as vestimentas sujas, jogando os pedaços do pano em uma das lareiras, observando o fogo transformar tudo em cinzas, por isso, estava distraído quando uma cápsula metálica caiu da túnica rasgada. O som do metal contra o chão foi estridente, assustando Nêmesis, que largou o crânio, então, Heilos se aproveitou a o jogou na lareira, tirando um resmungo frustrado do canino.
Kauane pegou o cilindro metálico e o abriu, tirando de dentro dele um pergaminho. O grupo se entreolhou, então, a nativa o desenrolou, revelando uma história contada em desenhos. Logo, ela começou a tentar decifrar o que o pergaminho dizia.
- Parece falar sobre Khoasang. Ham... Sobre como ele cria os Armyasenkis. Parece que são Daes e Hyds, com habilidades especiais, a maioria parecida com a de Alisha.
- Como sabe disso? - Sieron pergunta curioso, procurando pelo pergaminho o desenho que mostrava isso.
- Por causa disso. - Kauane aponta para um desenho, parecia ser um grupo de pessoas, todos estavam rodeados por massas escuras, e algumas pareciam ter olhos. - São pessoas. E esses desenhos borrados parecem ser... Ham... Outra coisa. Como as criaturas que dizem haver em Dunjoi.
- Ah...
Ela volta a ler.
- Parecem que são desmembrados, e seus membros são substituídos por membros de animais, em sua maioria répteis. - ela estreita os olhos, procurando entender a próxima imagem. - Então magia é lançada? Eu não entendi.
- De acordo com Marcon, eles usam magia para dar o impulso final. - Heilos se intromete. - Vocês não estavam, mas ele analisou o Armyasenki que capturamos no dia da invasão e chegou a essa conclusão.
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Daechya - A Crônica Do Kniga *Revisando*
FantasyCapa por: @FadinhaLacerda Daechya e Hydarth, dois mundos incríveis que divergiram em algum momento da história. Hydarth, aquele que evoluiu para a ciência e tecnologia. Daechya, o que permanece relativamente atrasado, onde a magia prevalece viva e f...