Capítulo 6 - Olhos da Mente ~ Parte 2

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— Tem certeza que é por aqui? Eu tenho certeza que não estamos indo para noroeste.

O grupo havia se distanciado da bagunça da cidade, o sol havia nascido e as gotas de água nas folhas das árvores e arbustos refletiam seu brilho. Assim como em sua chegada, o céu lilás ainda possuia resquícios do tom de fogo do nascer do sol. 

— Tenho certeza absoluta, afinal, ainda temos alguém para buscar. — Heilos olhava o mapa, ele parecia saber exatamente onde estavam, portanto, procurava uma rota rápida para o próximo destino. — Iremos desviar nosso caminho para o litoral, e seguir para As Ilhas.

Litoral? Que bela contra mão.

— As Ilhas? O que seria As Ilhas?  Podem me explicar?

— Se acalme, não é nada demais. — a indígena estava realmente calma, como se, o que irão encontrar, não iria ser nada surpreendente. — Nem perigoso. Então não há motivos para se preocupar.

Heilos pareceu encontrar a rota certa, afinal, bateu as rédeas e o cavalo acelerou o passo. Para acompanhar, as garotas fizeram o mesmo apesar de perceberem que seus cavalos estão começando a cansar, a viagem e o peso carregado estavam os esgotando, por isso, Kauane desmontou e passou a caminhar ao lado de seu equino.

O sol se movia devagar, a medida que as horas se passavam. O avanço do trio havia diminuído, os cavalos estavam com cede e a água estava no fim. O caminho após o desvio, era muitas vezes maior que o demonstrado no mapa, por isso Heilos estava com raiva, o guia cartográfico havia sido mal calculado.

Perto do meio dia, o som de uma correnteza forte cortou o assobio do vento. Alisha se apressou para encher o cantil, no entanto, Kauane a segurou antes que fosse engolida pela fenda. A Hyd gritou assustada quando algumas pedras se desprenderam debaixo dela e desapareceram na correnteza tempestuosa e cheia de pedras que corria dentro da fenda de duzentos metros de altura.

Era uma ravina, cheia de minérios nas laterais, no entanto, a queda e a passagem forte e rápida da água são os empecilhos da mineração no local. Heilos se aproxima guiando os cavalos, ele olha ao redor e segue para a direita.

— Vamos, tem uma ponte ali.

— Ponte? Que ponte? — Alisha se virou para a direção em que o guerreiro foi, ela respirou fundo ao ver uma ponte de cordas e tábuas de madeira. — Isso não é uma ponte, é um convite da morte!

— Vamos logo. — ele diz, começando a atravessar a ponte com os cavalos, as duas garotas se viram obrigadas a segui-lo para chegar ao objetivo.

A madeira estalava sob os cascos dos cavalos, Alisha se segurava nas cordas laterais, estava vendo a ponte se partir e todo o grupo cair para a morte na correnteza. Ela rezava baixo e com os olhos bem fechados, os pelos do seu corpo se eriçam com o medo e a brisa, mesmo que fraca, a fazia sentir um frio agoniante na barriga. Meu deus, eu não quero morrer. Eu sou nova demais pra morrer. Quando Kauane e Heilos saíram da ponte, a indígena fez questão de ajudar Alisha a terminar o trajeto. A garota estava tremendo, então, abriu os olhos e se viu em pé em grama baixa e molhada. Ela suspirou aliviada.

— Eu tô viva.

— Não comemore ainda. — Nos lábios de Heilos jazia um sorriso perverso, ele parecia gostar da reação da mais nova e esperava ver mais. — Temos de passar por aquilo.

Ele apontou para a frente, revelando que a correnteza desaguava em uma parte do oceano que é selvagem e repleta de pedras. Jaziam sombras na água, eram grandes e rápidas e, às vezes, barbatanas eram vistas, era um local repleto de tubarões. No ar, havia uma montanha e, ligada a ela por uma ponte maciça de madeira, havia dois pedaços de terra enormes flutuando. Na maior, haviam moradias muito bens construídas e os moradores agiam normalmente, como se não estivessem residindo em uma cidade flutuante capaz de desmoronar a qualquer momento. E, ligada a ela também por pontes, a segunda ilha era dividida entre armazém, criação de animais e plantações. Apesar de admitir que o local era  lindo e incrível, Alisha estava gritando por dentro:

Daechya - A Crônica Do Kniga *Revisando*Onde histórias criam vida. Descubra agora