Capítulo 4 - Ophiocus

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Ao ler o feitiço, Alisha recobrou todo o controle que tinha sobre si, os latidos constantes de Lucky haviam trazido sua mente de volta a realidade, quebrando totalmente a magia que comandava o corpo de sua dona.

Tudo começou a ocorrer de forma rápida o bastante para não lhe dar tempo de gritar ou fugir, mas ela podia ver com clareza tudo o que acontecia e nao podia fazer nada para impedir, não sabia como fazer.

A primeira coisa que aconteceu lhe foi tão surreal quanto as coisas que aconteceram depois. Uma luz havia começado a emanar com força vinda dos pisos do chão em que ela estava em pé, a separando de seu cachorro — que latia incessantemente enquanto andava ao redor daquela barreira procurando uma forma de entrar — e de todo o resto do quarto.

Algo em sua mente a gritou para que abraçasse o livro com força e não largar a chave, foi o que fez sem pensar duas vezes.

Em seguida ocorreu algo que seria totalmente inexplicável pela ciência humana da atualidade. Uma gigantesca força invisível puxou Alisha a tirando do chão e a fazendo mergulhar no brilho que se erguia para o teto e tomava todo o quarto. Quando ela foi engolida pelo brilho, ele aumentou repentinamente a ponto de sair pelas janelas, e, com a mesma velocidade com que apareceu, ele cessou totalmente fazendo Lucky correr apavorado para o espaço vazio da mesa do computador.

Ela tinha a sensação de viajar a velocidade da luz enquanto vagava em sua própria mente, vendo o borrão de estrelas e planetas passar diante de seus olhos e sendo deixados para trás.

Por um instante ela tinha a certeza de que tinha acabado de atravessar a Via Láctea e que estava passando pelos planetas do Sistema Solar, porém, com as cores diferentes daquelas conhecidas e apresentadas nos livros de ciência do colégio.

Quando chegou cada vez mais perto do sol, ela passou a sentir algo semelhante a gravidade ou alguém a puxando para o solo, a fazendo entrar em uma queda livre, lhe proporcionando um frio na barriga e um embrulho no estômago.

Como se subitamente a velocidade fosse diminuída até não existir, Alisha se chocou com o chão com força o suficiente para ser comparado a uma queda da própria altura, nada grave para machuca-la e isso a confundiu tanto quanto o fato de que ela havia batido a cabeça no chão. Mas que porcaria aconteceu?! A viagem e a queda foram apenas uma ilusão? Eu estou morta? Bebi alguma coisa que não devia?

A garota sentiu a umidade no corpo. Ótimo, estou mortinha da silva. Aposto que estou deitada em um laguinho de dez centímetros de profundidade e que estou usando um vestido branco e sandálias de veludo de mesma cor! Ela abriu os olhos, que se arregalaram ao ver que estava deitada no gramado de floresta mais belo que já vira. Era de um verde escuro que tinha certa vida, o mato aparentemente nunca havia sido aparado. A ventania que cantava pelo céu, tingido de lilás e dourado pelo sol nascente, balançava a grama tão belamente que era como se a mesma dançasse em sincronia com a música que tinha o canto dos pássaros a ajudando com o refrão.

As árvores eram altas, de troncos grossos e cobertos de seiva ou cogumelos. Haviam algumas abelhas aqui e acolá, roedores entrando e saindo de suas tocas e insetos buscando seu alimento.

Alisha se levantou sentindo o gramado sob os pés descalços e pegou o livro do chão, ele estava trancado e a chave era uma caixinha novamente. Sua boca estava suavemente entre aberta enquanto seus olhos estavam banhados em um brilho de espanto e admiração ao observar a paisagem. No céu, onde o brilho das estrelas desaparecia, pássaros voavam longe em formação "V" para a longa viagem que é a migração.

Em terra, a floresta enchia a visão da jovem, não havia casas, carros, prédios ou placas. Nem nada que pudesse ser utilizado como ponto de referência para Alisha saber onde estava. Era tudo tão lindo e natural que era quase impossível acreditar que não era o mais belo sonho que já tivera.

Daechya - A Crônica Do Kniga *Revisando*Onde histórias criam vida. Descubra agora