Capítulo 9 - Pao e Circo ~ Parte 1

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Os cavalos trotavam e brincavam uns com os outros durante a viagem, mas sempre tomando cuidado com o penhasco a esquerda, que revelava uma paisagem bela e mortal. Kauane estava montada na garupa de Nêmesis, divertindo-se com o grande cão enquanto Heilos e Sieron davam os últimos goles nas garrafas de bebida alcoólica ao mesmo tempo em que discutiam sobre a profecia que Raniel lhes deu. Alisha, que tinha algumas partes do corpo enfaixadas, permaneceu quieta, sem interagir com ninguém.

Sua mente estava uma bagunça. Aqueles acontecimentos estavam dando-lhe uma dor de cabeça insuportável, fazendo-a desejar algum tipo de remédio em comprimido. Ela massageou o osso do nariz, querendo que esse pequeno ato a ajude a relaxar.

Quando sua bebida terminou, Heilos olhou para a Hyd, analisando seu corpo. Suas roupas estavam rasgadas e algumas faixas ainda tinham um pouco de sangue, entretanto, a mancha negra do veneno havia desaparecido graças a magia do cristal. O guerreiro suspirou, lembrando-se de todos os ocorridos até agora. Droga, desse jeito ela não vai sobreviver por muito tempo. Afastando seus pensamentos realistas e desencorajantes, ele fez seu cavalo diminuir a velocidade, ficando lado a lado com a jovem Hyd.

— Como está se sentindo?

— Quebrada. — Heilos a observa, percebendo que seus olhos pareciam vazios enquanto seu corpo estava curvado, em uma posição desleixada e desconfortável. — Meu corpo dói. Minha cabeça dói. Eu só quero minha casa...

Heilos respirou fundo, mantendo a paciência. Não queria voltar a repetir que o único jeito de voltar para Hydarth era através do Kniga, mas também não queria lutar para protegê-la. Ele não foi criado para isso.

Abruptamente, ele segurou as rédeas do cavalo de Alisha, fazendo-o parar. A garota voou por cima da montaria, rolando pelo chão até parar três metros a frente. Ela se ergueu com dificuldade, seus olhos se encontraram com os de Heilos, que tinha um sorriso zombeteiro no rosto. Aquele sorriso, juntamente com as duas grandes cicatrizes em seu rosto o deixaram tão assustador quanto a própria insanidade.

Ele a encarou, então, seu sorriso desapareceu, dando lugar a sua carranca seria cotidiana. Aquela cena a fez se lembrar de sua visão, onde o guerreiro estava extremamente ferido e chorava, revelando o quanto sua Essência Vital era quebrada, apesar de emitir uma aura homicida na maioria das vezes.

Sieron e Kauane pararam seus cavalos, observando a cena com quanto tanta confusão quanto Alisha. Nêmesis se aproximou da garota, lambendo a sujeira de seu rosto, deixando-a babada depois do gesto. Ela riu, agradecendo ao cão, acariciando suas orelhas, sentindo a maciez de seu pelo avermelhado. Em resposta, ele começou a balançar a cauda, em seguida, deixou a língua cair pela lateral da boca entreaberta enquanto seus olhos se fechavam tranquilamente.
Todos esperavam Heilos para seguir viagem, entretanto, o guerreiro amarrou seu cavalo na coleira de Nêmesis para que não fugisse e puxou duas espadas.

— Acampamos aqui hoje.

— O que?! — Kauane é a primeira a protestar, se aproximando do guerreiro.

Ambos conversaram baixo o suficiente para que ninguém pudesse ouvir, além deles. Alisha estava curiosa, imaginando o assunto da conversa, que estava tão interessante e atrativa a ponto do guerreiro e a indígena estarem tão próximos que, se a Hyd não os conhecesse, pensaria que ambos são amantes a algum tempo.

Para passar o tempo, a adolescente se juntou a Sieron, passando a conversar com o viking. Enquanto o tempo passava, os dois conversavam e Sieron lhe mostrou como usar seus anéis, cujas pedras possuíam símbolos entalhados, para facilitar o manuseio da magia.

Após alguns minutos, Kauane e Heilos pareceram concordar com algo e se separaram, se virando para Alisha. Heilos cruza os braços, olhando para ela.

Daechya - A Crônica Do Kniga *Revisando*Onde histórias criam vida. Descubra agora