Sua cabeça doía, sua visão permanecia embasada enquanto toda a casa era consumida pelas chamas. Ele olhou ao redor, vendo a madeira do telhado desabar lentamente junto as telhas, fechando uma das passagens. Droga, eu não devia estar aqui, não de novo. Ele pensa, levando a mão ao rosto, sentindo suas cicatrizes abertas e em carne viva.
— Merda.
Correu para o outro lado, atravessando a porta antes que fosse bloqueada, caindo no cômodo que reconheceu ser a cozinha. Em cima da pia, havia uma janela ainda fechada. O guerreiro puxou a espada, usando-a para arrombar as pequenas portas fragilizadas, que caíram no gramado do lado de fora.
Quando tentou sair, algo o impedia, um tipo de barreira invisível. Ele estendeu a mão, tocando o ar, sentindo uma estrutura gelatinosa, que brilha em azul turquesa sobre seu toque. Heilos aumentou a pressão e a superfície se curvou, em contrapartida, se ajustou a sua mão e não fez menção em se partir.
O fogo aumentou, fazendo com que Heilos procurasse outra saída. Sem muitas opções, ele cruzou o fogo e retornou para a sala, se dirigindo para a porta de entrada e a arrombando com um chute, fazendo com que pedaços de madeira caíssem sob seu corpo.
Do lado de fora, um mar de sangue iluminado pela luz prateada da lua, e cadáveres de soldados inundou sua visão, enfeitando o jardim de forma macabra. Aquele cenário era familiar, então, houve um aperto em sua mente. Ele gemeu de dor, com as mãos apertando a cabeça. Sua respiração se tornou ofegante e seus pulmões, repentinamente, pareciam começar a não se encher de ar.
— Essas são as suas lamentações.
Uma voz sussurrou. Heilos, entrando em desespero, olhava fixamente para sua imagem refletida lá fora, pronta para matar duas pessoas em específico.
— Não faça isso...
— Veja o que você fez. Sofra com isso.
Quando seu reflexo concluiu o serviço, Heilos urrou, entrando em total insanidade. Ele avançou, atacando a parede gelatinosa, a atravessando com a espada e a rasgando da sua altura para baixo.
A memória se distorceu até desaparecer, o mergulhando no escuro.
***
Kauane olhou ao redor, se encontrando em uma floresta,e percebendo trajar penas e palha para cobrir suas partes íntimas. Um vulto passou por ela, um javali ferido, então, uma pessoa para ao seu lado. Outro nativo, assim como ela.
— Ubiratã? — sua voz sai em um sussurro, quase que imperceptível.
— Kauane? Porque está aí parada? — diz o nativo, de pele queimada e longo cabelo negro preso em um rabo de cavalo baixo e mal feito, trajando apenas uma roupa de palha, que cobria unicamente sua genital. Ele olha para Kauane, apontando com a lança para a direção para qual o animal fugitivo se dirigiu. — Venha. Temos de pegar o jantar.
Mesmo descrente, ela sorri.
— Claro! Vamos pegar aquele javali!
Ela arrancou um galho fino de uma árvore próxima e passou a acompanhar seu companheiro na caçada. O animal corria desesperado, fugindo de seus caçadores, até que algo o atinge, o deixando empalado. Era grande e maciço, uma tábua de madeira repleta de espinhos afiados.
O javali chorou, seu corpo perfurado o matava lenta e dolorosamente, por isso, Ubiratã puxou de seu cinto uma faca de pedra, então, ajoelhou-se ao lado do animal, enfiando a lâmina em sua garganta e acabando com seu sofrimento. Kauane franziu o cenho:
— Você devia tê-lo acalmado, agradecido seu sacrifício.
— Isso não é necessário. É o destino dos inferiores sustentar os superiores, portanto, ele é nosso alimento.
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Daechya - A Crônica Do Kniga *Revisando*
FantasyCapa por: @FadinhaLacerda Daechya e Hydarth, dois mundos incríveis que divergiram em algum momento da história. Hydarth, aquele que evoluiu para a ciência e tecnologia. Daechya, o que permanece relativamente atrasado, onde a magia prevalece viva e f...