Capítulo 12 - Servo ~ Parte 1

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Alisha. Alisha... — Alguém a chama, a voz feminina cantarolando seu nome. — Hora de acordar, minha pequena preguiçosa...

O ferimento em seu pescoço doeu, como se a mordida tivesse sido naquele exato momento. Ela apertou os olhos, tendo a breve visão de uma jovem mulher, que sorria a olhando com seus olhos castanhos enquanto a acariciava; encantada, ela esticou a mão, tentando toca-la, entretanto, sem alcançar seu rosto. Logo, Alisha abriu os olhos e  sentou-se, derrubando no chão o lençol que a cobria. Olhou ao redor, reconhecendo estar em um cômodo velho e vazio, deitada em um tatame.

Ao seu lado, havia um balde metálico repleto de água e uma toalha agora seca. Seu tronco estava despido e seus pés, descalços. No metal enferrujado do balde, a garota olhava seu reflexo, vendo diversas estrelas de oito pontas desenhadas com óleo em pontos específicos em seu corpo. Sua testa e entre seus seios foram os principais, assim como nas costas das mãos e no peito dos pés. Com cuidado, ela tocou os desenhos, percebendo que o óleo estava totalmente seco e parecia estar impregnado em sua pele, já que não saia por mais que esfregasse. usando a saliva. Ao desistir, ela olhou ao redor, se vendo sozinha e resolvendo focar em algo mais importante.

— Céus, por quanto tempo dormi?

A porta do cômodo foi aberta, batendo com força contra a parede. Alisha assustou-se e se enrolou no lençol quando uma ventania fria invadiu o quarto e entrou em contato com seu corpo quente. Rapidamente ela calçou as botas e vestiu o sutiã, camisa e a armadura de couro, a fechando por inteiro para se manter aquecida ao máximo. Na pequena sacola de couro ela começou a mexer, apenas se tranquilizando ao encontrar a chave e a adaga ali dentro, do jeito que se lembrava de ter deixado.

Suas memórias do que veio a ocorrer anteriormente eram vagas, deixando um ponto de interrogação no ar a cada cena cortada. Seu corpo, ela se lembrava bem, não a respondia e doía como nunca antes; lembrava-se de ter se sentindo inútil, um verdadeiro peso morto.

Procurando por seus amigos, Alisha saiu daquele cômodo e caminhou pelo templo, atravessando salas, vendo lareiras e velas acesas para aquecer  o templo, até encontrar o grande portão da entrada então, empurrou ambas as grandes portas.

A ventania entrou. Montes de neve a derrubaram no chão e a cobriram. Ela soltou um gritinho de frio e se levantou, sentindo-se na neve e abraçando o próprio corpo enquanto o vento que entrava bagunçava seu cabelo. A praça estava deserta. Toda a paisagem estava coberta por neve e a água da fonte havia congelado, poucas pessoas tinham coragem de estar fora de casa durante a nevasca que ocorria.

Pensou em entrar para se proteger do frio, entretanto, lembrou-se de seus companheiros e seus olhos se arregalaram. Ela não os viu em canto algum do templo. Isso a desesperou, fazendo-a correr para dentro. A Hyd, após correr por todo o templo, encontrou diversas bandejas e jogou fora as velas que estavam presas a elas. Procurou cordas, para amarrar as bandejas em seus pés e poder sair, entretanto, ao passar pelo salão principal e ver  a estátua de uma grande serpente, ela parou, admirando a riqueza de detalhes e beleza.

— Eu realmente preciso de uma versão miniatura disso. Quero no meu quarto...

A observou com atenção, analisando todos os detalhes e se surpreendendo o quanto aquela estátua era bela e familiar. Por algum motivo, ela levou a mão ao pescoço, sentindo os dois furos feitos pelas presas da serpente.

— Maharpayã...

— Sim, é Maharpayã. — uma voz responde. Alisha se vira, percebendo ser o senhor que cuidou dela. Ele parecia ter  em mãos algo que considerava de valor, por isso,  escondeu por dentro da túnica. — É bom saber que conhece nosso Deus, jovem.

Daechya - A Crônica Do Kniga *Revisando*Onde histórias criam vida. Descubra agora