Capítulo 20 - Para reviver, ou apodrecer

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No quarto, Zithar chorava. A maquiagem borrada manchava seu rosto e vestido. Suas mãos tremiam. Seu coração havia se partido mais uma vez, não aguentava aquela dor, ela precisava destruir alguma coisa, precisava trazer Alisha de volta. Zithar havia arrancado o apoiador de toalha e começado a bater em tudo no banheiro, quebrando a louça da pia e da banheira enquanto gritava de ódio. Ao esbravejar, ela largou tudo e voltou a chorar alto, abraçando o próprio corpo com força.

Marylin voltou para o quarto com um copo de chá quente, então, fez com que a monarca bebesse todo o líquido.

— Eu a perdi... — ela repetia. — Eu a perdi também, Marylin! Eu perdi mais uma criança...

— Não foi culpa sua, minha rainha. — A serva estava tranquila apenas no exterior, porquê o interior estava totalmente perturbado. Alisha havia se tornado sua amiga. Saber que ela havia se matado com o veneno que Zithar planejava beber, era muito para ela. — Raniel vai resolver isso. Vai trazê-la de volta.

Zithar balançou a cabeça, negando a afirmação.

— Não, ele não vai. — diz entre soluços. — Ela sabia o que estava fazendo. Ele não vai trazê-la de volta.

— Acha que ela fez aquilo com algumas propósito?

— Eu não acho, eu tenho certeza. — zithar se levanta e lava o rosto, tirando toda a maquiagem. — Limpe os pedaços de louça do meu banheiro, por favor. Em seguida, me encontre no meu altar para Maharpayã. Seja rápida.

— Quer que eu leve alguns incensos?

— Sim, por favor. Eu preciso fazer uma oração aos espíritos, para que guiem a Essência Vital de Alisha.

***

Com o corpo mole de Alisha nos braços, Sieron cavalgou rapidamente para o Templo de Maharpayã.  Ele fez pouco caso para entrar. Apenas chutou a porta, a arrombando e entrando com a garota. Raniel o abordou e, ao sentir o estado da jovem, jogou no chão tudo o que estava sobre a mesa, ordenando que o viking colocasse o corpo lá.

O mago começou a analisar o corpo da jovem. Enquanto isso ocorria, Kauane entra correndo no templo. Seu vestido estava rasgado, deixando suas canelas e pés descalços de fora. Ela estava suada, a maquiagem havia sido borrada, e seu cabelo estava desarrumado, já sem todas as presilhas que o enfeitavam. A nativa havia corrido do castelo até o templo, sem se importar em pegar um cavalo. Não queria perder tempo.

Sieron perguntou o que havia acontecido, Kauane não demorou de explicar o que viu: Alisha fazendo Zithar de refém, com uma faca em sua garganta, então, sendo apunhalada no estômago por Skure, que tentou evitar sua fuga e foi esfaqueado também. Foi então que o viking contou sobre o veneno que a Zashti havia ingerido. Contou como seus músculos começaram a ter espasmos, e como a espuma e o sangue escorriam de sua boca. Ela havia se matado.

Quando chegou a um veredicto, Raniel acenou negativamente e se afastou do corpo. Kauane se revoltou com o pouco caso do mago.

— Por que não a traz de volta?!

Raniel suspira.

— Não conseguem ver?

— Ver o que?! — os dois amigos da jovem dizem em uníssono.

— Por ser jovem, e vir de Hydarth, ela possui uma Corrente d'alma muito forte, por causa da ligação que ela tem com bens materiais e aqueles que estão vivos. — ele começa a explicar, enquanto procura por algo nas caixas enfileiradas no chão. — Sem seus dons, ela não poderia chamar Mautke, então, ela foi até ele.

— Espera! — Sieron interrompe. — Está dizendo que ela fez tudo isso para ver Mautke?

— Exatamente. Agora, me ajudem a lixar, ou arrancar, a pele dela. Precisamos tirar todos os símbolos que foram desenhados em seu corpo.

Daechya - A Crônica Do Kniga *Revisando*Onde histórias criam vida. Descubra agora