Prólogo - Don't You Remember

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Eu sei que eu tenho um coração inconstante e amargo

E um olho errante, e um peso em minha cabeça

Mas você não se lembra?

Você não se lembra?

A razão pela qual me amou antes?

Dez anos atrás...

O céu estrelado acima de mim era uma das coisas mais incríveis da qual eu já tinha visto. Era noite com uma lua cheia e linda, me perguntava como é possível que algo tão magnífico ser ignorado pelas pessoas, passar despercebido? Eu amava fazer isso. Deitar aqui no enorme jardim da casa dos meus tios, olhar para cima contemplando a beleza da natureza  e relaxar. Como era possível tal perfeição em um mundo tão imperfeito?

- Camz? – a voz rouca de Lauren me tirou dos meus pensamentos.

Eu já havia esquecido que não estava sozinha, mas isso era comum, costumava me distrair e viajar em minha mente, me esquecendo completamente das pessoas a minha volta, meu pai – senti uma pontada em meu peito ao me recorda do meu papa – sempre dizia que eu tinha um universo paralelo em minha mente: “Kaki está em seu universo particular”. Fato é que neste momento, cá estava eu divagando e me esquecendo completamente da presença da minha “prima” a meu lado.

- Camila? – a ouvi tornar a me chamar.

- Sim... – falei sem deixar de olhar o céu, mas pelo canto dos olhos podia ver que Lauren permanecia no mesmo lugar, sua cabeça estava ao lado da minha, bem grudada e nossos corpos em direções opostas, nossos cabelos se misturavam.

- Você tem sonhos? Do tipo... Impossível? - perguntou hesitante.

- Quem não tem? - respondi óbvia.

- E desejos? Vontades? - prosseguiu.

- Sim. - suspirei.

- E alguma vez se sentiu muito tentada a realizá-los? Mesmo sendo algo errado? – sua voz era quase um sussurro, como se estivesse me contando um segredo.

- Isso acontece na maioria das vezes. - admiti.

- E o que faz? - perguntou curiosa.

- Eu os ignoro. - dei ombros.

Eu admito, não sabia onde Lauren queria chegar com isso, mas sabia que esta era a sua forma de confessar as coisas que mantinha para si e fazia questão de não contar aos outros, até se sentir sufocada o bastante, para então simplesmente, começar a divagar comigo, sua “prima” e sua melhor amiga. Eu a conhecia apenas no olhar, suas grandes esmeraldas verdes e brilhantes eram tão transparentes para mim que me perguntava se alguma vez ela já sentiu a minha facilidade em ler sua alma. Lauren era um ser humano complexo, o tipo de menina mulher de quinze anos que carregava em si uma essência doce e gentil, mas por vezes escondia suas fraquezas em uma casca grossa e prepotente, mas eu a conhecia e sabia o quão frágil e confusa ela realmente era.

- E você, Lo? – perguntei a olhando profundamente. O tom de sua pele branca banhada pela luz vibrante e perolada da lua, em contraste com seus cabelos castanhos escuros e seus olhos verdes esmeraldas lhe davam uma aparência que beirava a perfeição. Lauren era um dos seres humanos mais lindos que eu já tinha visto na vida. Por vezes me perdia em sua beleza, em seu sorriso, seus olhos...

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