Andrew encanta-se por Melise

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A partir daquele dia as coisas voltariam ao normal. Pela primeira vez na vida, obrigatoriamente, comeria com os empregados da casa. Não que isso fosse novidade para ela, porque, quando vivia com os pais, fazia isso com os empregados da sua casa, com a diferença de ser por vontade própria. Agora seria obrigação. Ela jamais poderia se dar ao luxo de fazer suas refeições junto às pessoas da casa. Com certeza também teria de voltar ao quarto dos empregados, já que o pai de Victoria estava de volta. Mas o que ela queria? Um dia ela teria de encarar a dura realidade de frente. 

Quando Andrew se retirou, ela levou Victoria a fim de arrumá-la para o jantar e depois foi ela própria se arrumar. Vestiu um vestido verde, solto abaixo do busto e corpete levemente decotado. Sabia que era um vestido composto, porém aquele pequeno decote a incomodou como nunca havia acontecido antes da chegada de Andrew. Mas não tinha roupa diferente. Se o patrão quisesse, ela poderia mudar a forma de vestir. Mas aguardaria sua manifestação. A senhora Smith não entregou nenhuma roupa específica com a qual devesse trabalhar. O que lhe soou estranho, mas talvez as coisas funcionassem dessa forma ali. Ela sinceramente não gostaria de usar aquelas roupas e chapéus que identificavam a criadagem, no entanto, se preciso fosse, não haveria alternativa. 

Somente quando estava terminando de se arrumar, permitiu-se pensar no patrão. Ele era o homem mais lindo que já vira: uma mistura de beleza e virilidade. Tinha os olhos verdes iguais aos da filha, mas os cabelos eram pretos, escorridos e bastos, caídos sobre a testa, o nariz era tão bem formado que parecia de mulher. Deveria ter mais de um metro e noventa de altura, corpo musculoso e sem gordura nenhuma. Não conseguia precisar que idade teria, talvez mais de trinta, pois algumas rugas apareciam no canto dos olhos quando sorria. Ainda, detinha uma elegância natural ao mover-se. Por que um homem belo daquele nunca se casara novamente? Tinha conhecimento de que ele era viúvo desde o nascimento de sua filha e, com certeza, muitas mulheres gostariam de desposá-lo. Até porque, além de bonito, era muito rico. 

Ao perceber-se pronta, seguiu para buscar Victoria e levá-la para jantar com o pai. 

Andrew levantou os olhos à medida que elas se aproximavam e não conseguiu evitar de percorrer o olhar dos pés à cabeça de Melise. Esperava que ela não houvesse notado a indiscrição. Ficou maravilhado com tamanha beleza e classe. Discretamente continuou observando o modo como tratava a filha e se agradou muito do que viu. Graças a Deus ela não percebeu que estava sendo observada, muito menos a forma como ele a olhava. 

– Boa noite, Sr. Clark! Façam uma boa refeição. Antes de Melise sair, Victoria informou rapidamente: 

– Papai, a Srta. Melise fazia as refeições comigo sentada à mesa para que eu não me sentisse sozinha na sua ausência. Pode continuar sentando à mesa conosco? – A filha a chamou pelo primeiro nome, precedido pelo pronome de tratamento.

 – Meu bem, estarei com os outros empregados. – Melise apressou-se em falar. 

– Isso foi antes do seu pai chegar. Como disse, era para que você não se sentisse sozinha. Agora não é mais necessário pois ele está aqui. 

Andrew teria ficado irritado em outra situação, pois ela se adiantou ao falar. Mas, mais uma vez percebeu a sabedoria de suas palavras ditas no tom exato. No entanto, queria que ela ficasse, mesmo sabendo que não era explicável a presença dela na mesa com eles. Por isso resolveu intervir, para completa alegria da filha.

– Isso quem vai dizer sou eu, Srta. Evans. Pode ficar, sim. A partir de hoje você fará as refeições conosco. É bom, para ensinar a Victoria as regras de etiqueta à mesa – Andrew decretou secamente.

 Dentre as obrigações de uma preceptora, uma era ensinar regras de comportamento aos seus pupilos. E um excelente momento para esses ensinamentos era durante as refeições. 

Amor ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora