Surge um amigo de Melise e Andrew se corrói de ciúmes

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No dia seguinte acordaram animados, tomaram um rápido café e saíram caminhando para a casa da senhora Keaton. A preceptora ia um pouco à frente com Victoria, que costumava andar com passos quase correndo e Melise e Andrew caminhavam lado a lado, calados. Quando chegaram já havia muita gente.

Melise reconheceu todos os vizinhos dos quais esteve afastada após a morte dos pais. De repente, ela percebeu o quanto sentia falta daqueles momentos e se deu conta de que fora ela que se afastara. Os vizinhos apenas respeitaram a sua decisão. Observou que todos estranharam a presença de Andrew e teve a grata surpresa de constatar que a senhora Keaton não havia contado de quem se tratava. Ela nunca fora dada a fofocar. Então, ela os apresentou.

Victoria sentiu-se nas nuvens ao encontrar várias crianças da mesma idade e logo se misturou a elas. Era uma criança que tinha facilidade em fazer amigos tanto com adultos como com crianças. Tornou-se a sensação do piquenique, devido à inteligência e perspicácia, logo observadas por todos. Andrew ficou orgulhoso pela filha e sabia que devia um pouco do conhecimento adquirido por ela a Melise, durante as aulas que lhe dera quando fora sua preceptora. Ali no campo e naquela região eles não se importavam muito de que Melise estivesse sem uma acompanhante, apesar de ter apenas vinte e um anos e estar em companhia de um homem desconhecido, apresentando como um amigo. Aquilo em Londres seria um ultraje.

De dentro da casa surgiu um rapaz jovem, alto e bastante bonito.

– Melise, a quanto tempo! Ele se dirigiu a Melise como se não houvesse mais ninguém ali. Ela se virou como se não estivesse reconhecendo a pessoa imediatamente, mas em seguida abriu um sorriso franco e correu ao seu encontro.

– Clayton, é você mesmo! Quase não o reconheci.

– Você também parece outra pessoa. Cadê aquela menina magrela que deixei quando parti?

Andrew notou uma clara admiração daquele moço por Melise e seu sangue ferveu. Se tivesse havido algo no passado que os ligasse, muito facilmente poderia ser ressuscitado. Pelo menos, por parte dele. Comprovado isso, passou a observar Melise. Ela o abraçou ternamente. Foi um abraço quase fraternal, não fosse o ciúme que corroía o coração de Andrew naquele momento. No entanto, ele era um cavalheiro e disfarçou perfeitamente aquele sentimento negativo que se instalou de forma amedrontadora no seu peito. Outro sentimento que nunca havia sido despertado por outra mulher. Primeiro de Josh, agora desse... rapaz! Andrew tinha muito a aprender sobre relacionamentos. Nunca tivera um com o qual se importasse. Nunca tivera medo de perder ninguém, porque sempre teve as amantes escolhidas a dedo e que se puseram sempre ao seu inteiro dispor.

– Clayton, quero apresentar-lhe meu amigo Andrew e sua filha, que mais tarde a conhecerá, pois saiu desarvorada para brincar com as outras crianças.

Andrew curvou a cabeça educadamente e Clayton fez o mesmo, mas com um indisfarçável quê de preocupação. Ou seria ciúme também? Andrew teria todo o dia para descobrir. Alheia aos sentimentos dos cavalheiros em questão, Melise continuou falando normalmente.

– Andrew, o Clayton era o meu melhor amigo antes de partir para uma viagem sem fim. Achei que nunca mais o veria. – Disse olhando carinhosamente para o amigo.

– Um amigo sempre volta, Melise. Como eu poderia continuar longe, com meus familiares e amigos nesta terra maravilhosa? – De repente, seus olhos se entristeceram. – Soube dos seus pais e do John. Senti tanto, mas não pude voltar para ajudar minha querida amiga. Dito isso, beijou a mão de Melise, sinceramente contrito.

– Já passou, meu amigo. Encontrei conforto durante o meu luto. Fui acolhida pela família de Andrew, quando fui preceptora de sua filha, e pude me recuperar.

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