Andrew decide se declarar para Melise

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Estava próximo da hora do jantar quando Andrew chegou em casa. Não havia dito a Melise quando voltaria para Kinsley House, mas pensava que talvez ela pedisse que fossem embora o mais rápido possível, depois do ocorrido.

Durante o jantar, Melise estava um pouco abatida, sem levantar os olhos na direção dele, mas continuava tratando Victoria de forma carinhosa, educada e maternal. Somente quem a conhecia, como ele, saberia que algo estava diferente nela. Parecia envergonhada. Será que ela não entendia que não tinha do que se envergonhar? Ele tinha consciência de que ela nunca tivera esse comportamento com mais ninguém e que, só o teve agora porque nutria sentimentos por ele. E ele esperava, sinceramente, que esse sentimento fosse amor.

Depois que Melise se afastou dele, correu para seu quarto onde desatou a chorar entre os travesseiros. Depois se recompôs e desceu para dar as ordens referentes ao jantar. Naqueles momentos de enorme prazer, o seu corpo necessitou ardentemente que ele fosse até um caminho que ela não conhecia o final. Antes, ela o amava e o admirava; agora, ela o amava e o desejava sexualmente. Claro que isso só poderia ser um desejo muito carnal, que ele acendia todas as vezes que a tomava nos braços. Nas outras vezes que se beijaram ela o desejou, mas a intimidade que experimentara naquele fim de tarde tinha sido muito maior, deixando um vácuo a ser preenchido. Era algo tão pungente que chegava a latejar. Não sabia o que fazer a partir de agora. Decidiu ignorar o acontecido, mas sabia que uma hora ou outra teriam de conversar sobre isso.

Percebeu que Andrew procurava manter-se indiferente. Não sabia se isso era bom ou ruim. De uma parte era bom, porque daria tempo de ela se refazer totalmente e saber como se comportar quando voltassem a conversar, de outra, era ruim, porque não sabia o que se passava com ele. Começava a se perguntar se ele fosse embora e nunca mais voltasse, o que seria da sua vida. Vazia.

Victoria, como sempre, parecia adivinhar que algo errado estava acontecendo, pois não quis recolher-se cedo e os chamou para jogar cartas. Não poderiam demonstrar que havia algo errado e assim foram todos para a biblioteca, onde permaneceram até tarde da noite. Quando Melise percebeu que Victoria estava com sono, ela mesma se ofereceu para acompanhá-la ao quarto. Ainda não estava preparada para conversar com Andrew. Uma coisa era certa, o que aconteceu apenas aumentou seus sentimentos por ele. Ela pensou que, sem ele, morreria, mas continuava decidida a não aceitar seu pedido de casamento. Se suportou a morte de sua família, suportaria o sofrimento de não tê-lo. Aproveitaria todos os minutos enquanto estivessem ali e, quando partissem, encontraria uma forma de se acostumar.

Em todas as vezes que Andrew falou sobre casamento citou as palavras desejo e paixão, nunca, "amor". Houve um tempo em que achou que poderia casar com ele sem que a amasse, mas hoje teve um vislumbre do que é o casamento e tinha certeza de que a paixão e o desejo deveriam estar aliados ao amor para que houvesse perfeição num ato matrimonial. Se era assim para uma mulher, teria de ser para um homem também. Para ela, hoje Andrew não tinha esse discernimento, mas, quando o tempo passasse e as coisas se amainassem, talvez viesse a se arrepender se tivesse casado com ela, pois isso significaria perder a oportunidade de encontrar outra pessoa para amar. O casamento é um elo maravilhoso para aqueles que se amam e uma armadilha terrível para aqueles que não. Não seria egoísta em casar com ele apenas porque o amava. Ele tinha o direito de ser feliz.

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Quase uma semana desde a chegada deles e Andrew anunciou que partiriam dentro de dois dias. Melise sentiu o sangue fugir das veias e o coração desceu até os pés, tal a sensação de solidão que já se apoderava dela. Andrew não falou mais sobre o ocorrido entre os dois. O que reforçou a sua tese de que ele realmente não a amava.

Um dia antes da partida deles chegou uma charrete trazendo a vizinha que morava do lado esquerdo da propriedade, a cerca de um quilômetro dali. Era cedo da manhã e Melise a recebeu com alegre disposição.

Amor ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora