Quando retornou à mansão, o cocheiro foi até Andrew e relatou sobre a viagem e sobre o choro desesperado de Melise. E mais uma vez ele questionou se o motivo daquele choro seria somente por causa de Victoria. Às vezes gostaria de acreditar que era por ele também. Principalmente depois da última noite em que estiveram juntos e só não chegaram às vias de fato por um milagre. Ele fechou os olhos obviamente lembrando daqueles momentos de êxtase. Talvez se tivessem concretizado o ato ela tivesse desistido de partir e aceitado casar-se com ele. Mas não seria leal da parte dele. Andrew não conseguia concatenar as ideias. Era como se Melise fosse o norte daquela casa, sem o qual tudo ficava desencaminhado. Ele teria de aprender a viver sem ela, principalmente por Victoria. Victoria, por sua vez, não estava em si desde a partida de Melise. A falta dela era tanta que se recusava a estudar, a ler, a jogar, a fazer piquenique e só se alimentava do necessário, quando o corpo já estava prestes a desfalecer de fome.No princípio, Andrew calculou que o tempo seria seu aliado nesse sentido, mas com o passar dos dias ele começou a preocupar-se. Já fazia duas semanas da viagem de Melise e Victoria começou a emagrecer. Ele tinha de fazer alguma coisa, mas tudo que tentava era descartado por ela. Teve medo de Victoria cair doente. Tentou de tudo, desde levá-la para nadar, até fazer compras em Londres. Inútil. Parecia que todas as coisas reportavam-se a Melise. Então, ela passou a definhar assustadoramente. Andrew também estava muito triste. As coisas perderam o sentido depois da partida de Melise e, não fosse a preocupação pela saúde de Victoria, com certeza ele mesmo teria caído doente. Doente de amor. Quem diria? Doença de amor, de dor, da ausência. Que saudade ele sentia! Em cada canto da casa havia uma lembrança dela. Não havia alternativas além de sofrer. O tempo... quem sabe o tempo.
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Há duas semanas Melise havia chegado na propriedade, onde foi recebida com muita alegria pelos empregados, que ansiavam por seu retorno, e tentava manter as coisas sob controle. A contabilidade estava em dia e aparentemente todos os setores da casa caminhavam bem, desde a cozinha até a baia de cavalos. Agradava-lhe muito cuidar do lindo jardim que seu pai organizara para sua mãe no quintal e também adorava a horta. Os empregados se incomodavam porque ela sempre procurava alguma coisa para fazer, que, no entender deles, não era sua obrigação.
Melise temeu chegar na casa onde os pais moraram por tantos anos e de onde partira há alguns meses totalmente machucada. Mas, curiosamente, foi mais fácil do que supusera. Talvez por causa da dor que sentia por ter-se afastado de Kinsley House, onde havia deixado as duas pessoas mais importantes da sua vida. Mas, agora que os dias passavam, ao invés de diminuir, a saudade aumentava de forma tal que chegava a doer fisicamente. Seu coração palpitava de forma lancinante e Melise sentia vontade de voltar correndo. Também perguntava-se todos os dias como eles estariam. Para tentar esquecer metia a cara no trabalho com uma disposição que se renovava a cada dia. Disposição essa somente empregada para essa finalidade. Dependendo do seu estado de espírito, sequer comia e já amanhecia o dia no estábulo, cuidando dos cavalos, para horror dos empregados que tinham essa obrigação e não imaginavam que se tratava de uma fuga do ócio, para poder sobreviver.
Às vezes escolhia ir à cozinha, onde aprendera a desenvolver aptidão pela culinária, deixando a cozinheira e a ajudante de cabelos em pé, muito embora, vez ou outra acertava um diferente prato que saboreava em companhia delas, apenas para satisfazê-las. Não tinha ninguém, então amenizava a solidão comendo na cozinha com elas. Até mesmo tirar leite de vaca e limpar chiqueiro fazia. O importante era manter-se ocupada para que a mente não divagasse sobre sua desventura. Mas nem o excesso de atividade dava cabo de seus pensamentos. O corpo mantinha-se ocupado, porém, em meio às tarefas, pegava-se pensando. Era difícil esquecer os meses que passara em Kinsley House. E a maior preocupação de Melise era que Andrew apaixonasse-se por alguém. Ela sentia ciúme de quem ele pudesse abraçar e beijar. Gostaria de ser a última mulher a ser beijada e abraçada por Andrew.
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Amor Impossível
RomanceDISPONÍVEL NA AMAZON - Amor Impossível é um romance que tem como principais personagens Andrew Clark e Melise Evans. O ano é 1815 e Hamptonshire, cidade campestre da Inglaterra, é o cenário onde ocorre a fascinante narrativa. Andrew é um lindo viúvo...