Depois que almoçou Melise foi ao quarto de Victoria, onde permaneceu até a hora do jantar. Ficou feliz porque não precisou descer para o almoço. Nem sabia onde fazer a refeição, já que Victoria não estava em condições de descer. Então ficou imensamente feliz ao receber a refeição no próprio quarto, enviada por Andrew. Soube que o médico estivera ali e não entendia por que o estado de Victoria não apresentava melhora.
Bateram à porta e a Sra. Smith entrou dizendo que senhor Clark a aguardava para o jantar. O coração quase pulou e ainda tentou relutar, mas a governanta, com um movimento negativo da cabeça, informou que não era uma boa ideia contradizer a ordem do patrão. Ela decidiu descer.
Andrew estava em companhia do médico e ambos levantaram os olhos quando a viram descendo para o jantar. Andrew pousou os olhos sobre Melise e a achou mais linda do que nunca; o corpo coberto por um vestido azul-claro e saia longa, emoldurada por pequenas flores bordadas na barra. Ela parecia uma deusa dos mares, com uma parte dos cabelos caindo levemente sobre o seio direito e o restante quase na altura da cintura. Era deslumbrante. Além disso, possuía um andar calmo e elegante.
– Milles, esta é a Srta. Melise Evans, a preceptora de Victoria – informou Andrew, apenas para cumprir o costume, já que Dr. Milles sabia exatamente de quem se tratava.
O médico curvou a cabeça e a cumprimentou admirado. Estava mais bonita do que a última vez que a tinha visto. Se é que era possível. Mas era, pois estava. Não entendia por que o amigo a tinha chamado para jantar com eles. Melise o cumprimentou educadamente.
– Milles, a Srta. Evans acompanha Victoria durante as refeições – explicou Andrew. O médico percebeu o embaraço de Melise.
– Eu tenho a impressão de que já o conheço – disse Melise.
– E não está errada. Estive em sua casa pouco antes de seus pais morrerem. Desculpe a lembrança dolorosa.
– Ah, lembro do senhor. Não se preocupe, doutor; não esquecemos, mas felizmente nos acostumamos com a dor. Não parecia ser verdade o que dizia. Seu olhar transparecia uma dor profunda. Andrew a observava intensamente e mais uma vez a admirou por não querer que ninguém sentisse pena dela. Era muito corajosa e possuía um caráter orgulhoso.
Ela se sentou resignadamente no lugar de sempre, e durante o jantar respondeu de forma inteligente e graciosa quando inquirida sobre vários assuntos. Melise não era somente bonita, mas culta. A humildade escondia a inteligência dela. Entendia de política, coisa incomum nas mulheres, e falava dois idiomas, além do usual. Felizmente para Melise, o tempo passou mais rápido do que pensava e, quando estava pronta para se retirar, Andrew pediu que tocasse um pouco de piano. Ela sentou-se ao piano e obedeceu, tocando divinamente bem. O médico ficou encantado, chegando a fechar os olhos para absorver melhor a melodia da música. Melise sentia-se muito bem ao tocar. Talvez porque foi o pai que a ensinara a aperfeiçoar essa arte. Em determinado momento ela fechou os olhos enquanto executava os acordes melodiosos. Nem percebeu quando lágrimas começaram a rolar sobre a face. Mas Andrew sim, e pensou que era emoção pela música.
– Você toca muito bem, quem a ensinou? – perguntou o doutor.
– Um professor amigo do meu pai e ele próprio, pois tocava muito bem. Andrew entendeu o porquê das lágrimas e se culpou por tê-la feito passar por mais essa angústia. Numa sincronia perfeita de pensamentos Melise encontrou os olhos de Andrew e disse:
– Eu adoro tocar. Sinto como se meu pai estivesse presente, mesmo sabendo que isso não é possível. Sou transportada para aqueles dias em que ele me ensinava. É um sofrimento bom.
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Amor Impossível
RomanceDISPONÍVEL NA AMAZON - Amor Impossível é um romance que tem como principais personagens Andrew Clark e Melise Evans. O ano é 1815 e Hamptonshire, cidade campestre da Inglaterra, é o cenário onde ocorre a fascinante narrativa. Andrew é um lindo viúvo...