Os dias que se seguiram para Melise foram terrivelmente vazios. Os vizinhos convidavam-na para diversas atividades em grupo, na esperança de que houvesse uma aproximação entre ela e Clayton, mas não obtiveram sucesso.
O próprio Clayton foi algumas vezes à casa de Melise e só conseguiu algumas rápidas conversas, sem nenhuma esperança de que ela um dia viesse a aceitar casar com ele. Ele se conformou e entendeu que ela nunca seria dele e que o relacionamento nunca extrapolaria os limites da amizade. Uma pena, porque se descobrira apaixonado pela sua melhor amiga.
Depois de alguns dias da partida deles, Melise começou a observar algumas melhorias na propriedade em diversos ambientes e descobriu que Andrew havia promovido aquilo tudo. Ela ficou imaginando em que horário ele fazia isso, já que sempre estavam juntos. E aí descobriu que diariamente ele acordava ainda antes do nascer do dia e onde carecia de conserto e de organização determinava educadamente aos empregados o que fazer, e, muitas vezes, ele mesmo os ajudava nas tarefas. Ela chorou copiosamente. Que saudade do seu amigo, do seu amor, de sua filha. E agora o tinha descoberto como o seu protetor. Fechou os olhos e padeceu a dor.
Haviam partido há duas semanas e ele não voltaria para buscá-la. Teve tempo suficiente para ler a carta e preferiu assim. Ela fizera a última tentativa. Agora tinha de esquecer e seguir adiante com aquela vida solitária e sem graça. Se fosse covarde diria que não vale a pena viver. Mas não era. A carta era a prova contundente de que ela não era covarde. Pelo contrário, fora muito corajosa.
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Desde o dia que voltara para casa, Andrew fechara- -se numa concha onde ninguém conseguia penetrar, falando apenas o necessário com as pessoas e tentando dedicar-se um pouco mais a Victoria. Ele desenvolveu um costume diário de ensinar geografia a sua filha, que encantada, aprendia rápido. Tinha de encontrar algo para fazê-lo esquecer aqueles dias maravilhosos passados na casa de Melise. Ele queria o bem dela, mas isso o estava matando, porque era às custas da sua própria paz.
Na primeira noite após chegar em casa, Andrew foi ao antigo quarto de Melise, sentou-se na cama e trouxe à memória todos os momentos que tiveram juntos. Aquela lembrança o fez chorar, deitado na cama dela. E naquela noite dormiu ali. E nas três noites seguintes. Todos os dias perdia o sono e o cansaço físico tornou- -se seu companheiro diário. Aguardava o tempo passar para começar a acostumar com a situação, mas tudo que tinha conseguido até agora era sentir mais a falta de Melise. Andrew contratou uma professora de francês e uma de piano para dar continuidade aos ensinos interrompidos pela ausência de Melise, já que a nova preceptora não possuía as mesmas habilidades dela.
Depois de duas semanas dormindo mal e nas poucas horas de sono, sonhando com Melise, começou a se perguntar como ela estaria. Será que o esqueceria? Ou será que o amor dela era forte e verdadeiro? Se assim o fosse, ele teria feito um grande mal a ela. Só valeria a pena aquele sofrimento pela felicidade dela. Mas se essa dependesse dele? Mas lhe ocorria que talvez estivesse pensando assim por egoísmo, por causa da saudade que estava sentindo. Acreditava que estava ficando louco. Não sabia mais o que pensar ou como agir. Queria um sinal de Deus do que fazer. Mas Deus não falava com ninguém. Já fazia quase cinco semanas de sua chegada quando a governanta chegou com um papel na mão.
– Senhor Clark, encontrei isso no seu casaco.
Ele pegou o papel, dobrado em quatro partes e um pouco amassado. Não lembrava de haver colocado nada em seu bolso. Sentou-se na cadeira em frente à lareira e abriu o papel, reconhecendo imediatamente a letra de Melise. O que significava aquilo? Assim era difícil esquecer, ele estava até vendo a letra dela em qualquer papel que encontrasse. Fechou os olhos e balançou a cabeça, como se buscando clarear a vista, e voltou a olhar o papel. Era realmente a letra dela. Começou a ler com ansiosidade, o coração descompassado:
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Amor Impossível
RomanceDISPONÍVEL NA AMAZON - Amor Impossível é um romance que tem como principais personagens Andrew Clark e Melise Evans. O ano é 1815 e Hamptonshire, cidade campestre da Inglaterra, é o cenário onde ocorre a fascinante narrativa. Andrew é um lindo viúvo...