Haviam-se passado três dias desde o retorno de Andrew e ele permanecia a maior parte do tempo vistoriando a enorme propriedade, junto ao seu administrador. Viu que tudo tinha corrido conforme ele determinara antes de partir, e ficou bastante satisfeito. Seus empregados continuavam suas tarefas de forma ordeira e responsável, mesmo durante sua ausência.
Nesses dias, encontrava a filha e Melise apenas durante as refeições, que transcorriam em absoluta tranquilidade. No quarto dia, percebeu que as duas sempre faziam algumas atividades antes da rotina de estudo, principalmente referentes à diversão, e isso o incomodou. Apesar de Melise ser uma ótima preceptora, o pai achava que estava deixando a desejar nesse quesito. Na sua vida inteira, o lazer nunca precedeu a obrigação.
- Srta. Evans, quero conversar em particular com você - informou Andrew no quinto dia.
- Sim, senhor. Deixarei algumas atividades para Victoria fazer e voltarei em seguida - respondeu Melise calmamente.
Após alguns minutos, retornou e ficou calada olhando para ele, com as mãos juntas na frente do vestido de cor rosa clarinho que usava.
Andrew não cansava de dizer a si mesmo que ela era realmente uma figura deslumbrante. Teria de ter cuidado para não perder o raciocínio enquanto conversassem. Bem, ele estava ali para exigir explicação e não para admirá-la. Se necessário fosse, até reclamaria da forma irresponsável como achava que ela vinha procedendo.
- Percebi que algumas atividades são realizadas antes dos estudos de minha filha. Inclusive, algumas relacionadas a lazer. Verdade? - era uma pergunta retórica, já que ele sabia a resposta.
- Verdade, Sr. Clark. Percebi que Victoria estava muito dispersa durante os primeiros dias de aula e observei que ela é diferente da maioria das crianças que conheço. Apesar de nunca haver trabalhado com nenhuma, tenho vizinhas com filhos e sempre me interessei por crianças. Então achei que era uma boa estratégia mudar a ordem das coisas. Assim, primeiro fazemos alguma coisa da qual ela goste e, em seguida, eu a ensino. Deu certo e ela tem alcançado um resultado bastante satisfatório. Poderei retornar à antiga ordem, se o senhor desejar.
Melise era segura nas respostas e suas palavras transpareciam verdade. Ele ponderou sobre o que ela disse e lembrou que uma das reclamações das antigas preceptoras era a dispersão de Victoria. Será que ela, a despeito de tudo, tinha conseguido enxergar sua filha melhor até do que ele mesmo? Recusava-se a acreditar prontamente nisso. De qualquer forma, ela poderia ter razão. Melhor observar antes de agir.
- Certo. Prestarei atenção e depois falaremos sobre isso.
Após a conversa, Melise se dirigiu-se ao jardim e ali permaneceu com Victoria até o almoço, quando sentou à mesa, como se nada tivesse ocorrido e aguardando pacientemente suas ordens posteriores. Em determinado momento, Victoria engasgou-se sem que ele percebesse a tempo. Rapidamente Melise levantou-se e a segurou com as costas rente à sua barriga, e com um movimento preciso livrou-a do incômodo. A filha estava vermelha e os olhos cheios de lágrimas. Melise abraçou-a carinhosamente, acalmando-a. Andrew ajoelhou- -se para fazer o mesmo, quando se deu conta do que estava acontecendo. Nesse momento, seus dedos tocaram Melise sem querer. Seu corpo contraiu-se imediatamente. Quem visse de longe, poderia pensar tratar-se de uma cena de pais e filha.
Ao cabo de tudo, voltaram a se sentar e continuaram a refeição normalmente. Melise tinha uma maneira particular de lidar com cada situação e isso o tranquilizava. Sempre que fosse imperioso viajar a filha estaria em boas mãos.
Realmente Melise estava certa. Victoria ia muito bem nos estudos e isso foi demonstrado de forma bastante clara quando ele pegou alguns livros e, à medida que fazia perguntas à filha, ela respondia corretamente. Isso o encheu de orgulho. Ela não seria mais uma daquelas garotas fúteis que transitavam nos bailes à procura de marido rico. Além do mais, ele se preocuparia em deixar um patrimônio para ela quando morresse. Apesar de ela ser ainda muito nova, como pai, entendia que deveria resguardá-la o quanto antes. Principalmente agora que soube da história de Melise, cujos pais morreram precocemente e a deixaram em profunda e injusta pobreza. Victoria ia tão bem nos estudos que Andrew adiava a cada dia a contratação de uma professora de línguas, até porque, não estava vendo uma sobra de tempo para mais essa atividade. Também observou que Melise estava assoberbada de trabalho, pois nunca parava. No entanto, nunca demonstrava insatisfação. Talvez fosse uma forma inconsciente de manter-se longe de pensamentos tristes.
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Amor Impossível
RomansaDISPONÍVEL NA AMAZON - Amor Impossível é um romance que tem como principais personagens Andrew Clark e Melise Evans. O ano é 1815 e Hamptonshire, cidade campestre da Inglaterra, é o cenário onde ocorre a fascinante narrativa. Andrew é um lindo viúvo...