Melise e Victoria viajam para Londres e Andrew sente a falta delas

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Logo cedo, Melise entrou no quarto de Victoria para ajudar na rotina diária. Observou que as roupas da garota estavam ficando pequenas. Ela havia crescido muito nesses meses. Então decidiu que antes de ir embora compraria roupas, sapatos e outros adereços usados por meninas da idade de Victoria. Melise recordou que a mãe sempre fez questão de vestir bem os filhos, não deixando que nada faltasse ou que os envergonhasse na convivência com os demais colegas. Também ensinou-lhes diversas formas de comportamento, sempre voltados para as faixas etárias em que tivessem atravessado. Desde cedo Melise aprendera a, além de falar duas línguas e tocar piano, vestir-se de acordo com cada ocasião, a fazer as refeições à mesa – usando talheres e copos de forma correta – e tantas outras coisas ela devia aos pais, principalmente à mãe.

Era exatamente o que ela agora mesma fazia com Victoria, sua filha do coração. Mas, especialmente com a mãe, aprendeu que o casamento deveria ser fruto do amor entre um homem e uma mulher. Ela lhe ensinou que não existem segredos entre o casal e nem obrigação matrimonial; que durante toda a sua vida tivera prazer em ser casada com seu pai, pois ele a amava dentro e fora do quarto. Sua mãe nunca teve acanhamento de falar sobre a vida íntima de um homem e uma mulher e informou-lhe que, com exceção do momento da perda da virgindade, a mulher poderia ter prazer no relacionamento íntimo, pois esse era para ser desfrutado pelo casal. Enfim, a mãe, que era uma mulher à frente de sua geração, preparou-a para amar sem receios. Também aprendeu com ela que o amor unilateral não é suficiente para sustentar satisfatoriamente um casamento.

Meditando nos ensinamentos da mãe, Melise compreendeu que tudo o que aprendera perderia o sentido se ela se casasse sem amor, ou com alguém que não a amasse. Seus pais realmente conheceram o verdadeiro amor, porque o sentiam e o vivenciavam diariamente. Amar, para eles, extrapolava os limites da emoção, pois era praticado e demonstrado nas mínimas ações. Amar é sinônimo de atitude. Voltando o pensamento para Victoria, tentaria esquecer o que ocorreu no seu quarto na noite passada e falaria com Andrew imediatamente sobre as necessidades dela. Portanto, antes de Andrew sair com o amigo, para fazer o costumeiro passeio pela propriedade, ela se aproximou, e disse-lhe:

– Sr. Clark, preciso falar-lhe um momento. Andrew teve um sobressalto. Ela vai embora, pensou. Ele a acompanhou até o escritório e antes que ela começasse a falar, ele disse:

– Melise, não diga nada antes de...

– Victoria está precisando de roupas, e se o senhor permitir, gostaria de levá-la a Londres, a uma modista. Suas roupas estão pequenas e os sapatos, apertados. Além de outras coisas de que uma menina precisa. Antes de partir gostaria de providenciar isso, se for possível. Temo que a próxima preceptora não tenha essa atenção. Ela disse que partiria, mas não era imediatamente. Ele teria tempo. Andrew suspirou aliviado e por uma fração de segundos compreendeu a imensidão do amor dela por Victoria. Isso o encheu de coragem para dar continuidade ao que decidira fazer. Fazendo uma leitura errada da reação dele, ela disse:

– Quanto ao que aconteceu ontem, não se preocupe, pois não pedirei para casar comigo. Ou o senhor esqueceu de que não tenho ninguém a quem dar satisfação sobre a minha virtude? As palavras dela foram pior do que uma punhalada. Ele merecia ouvir aquilo. Afinal, estava tratando-a sem nenhum cavalheirismo. Andrew sentiu vergonha de si mesmo, e não teve o que dizer. Esperaria o momento certo para falar sobre a decisão que havia tomado na noite passada.

– Concordo com você quanto às roupas. Eu realmente não tenho fiscalizado as vestes e outras coisas em Victoria. Agradeço sua atenção – preferiu pegar um atalho e falar somente das necessidades da filha.

– Então, quando o senhor decidir o momento certo e a forma, avise-me – disse ela.

Ela já ia se afastando quando ouviu a voz de Andrew:

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