Capítulo 11

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         Conseguimos sair do castelo sem ser notados por Anabella.Corremos tanto que estávamos sem fôlego. Sabíamos que cedo ou tarde iam nos achar. Mas preferimos não pensar mais nisso.

      - Acho melhor pararmos aqui e descansar.  Essa árvore vai nos esconder por um tempo. Amanhã vamos pensar em um plano.- Disse Jorge. - Tome. Isso lhe pertence. Desculpe colocar quase tudo a perder. Mas... eu precisava sair logo de lá. Não consegui pensar duas vezes.

        - Não acredito que ela vá nos achar nesse lugar. Mas, quanto ao plano, é melhor pensarmos logo. Godava está em nossas mãos.

        - Anna, eu sei que você tem pressa, mas é melhor esperarmos até amanhã. Amanhã continuaremos a caminhar pelo reino e tenho certeza que vamos conhecer pessoas novas para nos ajudar. Todo o reino de Godava odeia Catarina. Ja Anabella... eles a vêem como uma nova esperança. Eles acham que ela é você. Catarina fez com que eles acreditassem nisso. Deixe para continuar amanhã.

       - Você tem razão. Vamos.

       Entramos dentro de uma enorme árvore.  À princípio fiquei com um pouco de medo. Pois estava escuro e podia ter algum bicho la dentro. Mas depois percebi que um inseto nojento era o menor de meus problemas.

        Jorge me envolveu em seus braços. E assim ficamos.  Conversando baixinho para que ninguém podesse nos ouvir.

      Foi estranho. O tempo realmente não é o mesmo aqui. Ja estava de manhã, mas parecia que só havíamos dormido por alguns minutos.

        Hoje teríamos que sair para procurar ajuda de algum cidadão, e também torcer para que acreditem que Anabella não é quem eles pensam que é.

         Saímos. E apesar de ja ter amanhecido, não parecia. Uma neblina fazia o favor de privar nossa visão.  Só conseguíamos ver o que estava perto, ao nosso redor.

         Finalmente chegamos à uma pequena casa. Feita de madeira ja um pouco apodrecida. Pensamos duas vezes antes de bater na porta.

     -Qu... quem é? - Falou uma voz femenina de dentro da casa.

     -Desculpe icomodar senhorita, mas precisamos de sua ajuda...- Disse Jorge.

      - Ah, francamente. Por que um homem iria precisar da ajuda de uma simples menina como eu? Não o deixarei entrar. Sinto muito.

       -Estamos perdidos aqui. Não sabemos para onde ir, e... precisamos da ajuda de alguém que ja conheça a região.  Por favor. Nos deixe entrar?- Falei. Esperava que ela só negasse abrir a porta novamente.  Mas logo que terminei de falar, ouvi um gemido de porta. E quando olhei, estava de frente com uma mocinha de cabelos pretos que iam até a cintura. Ela era branca como a neve, e usava um vestido longo, azul bem clarinho.

      - Podem entrar. Vendo por suas vestes vejo que são nobres. Não reparem na situação de minha humilde casa. Ela ja fora melhor antes. - Disse a menina. Acho que ela tinha uns dezoito anos mais ou menos. - Vocês querem beber alguma coisa?

       - Água! - falamos juntos, Jorge e eu.

         Enquanto ela ia pegar a água,  observávamos a casa. Era muito acabada. Não tinha energia. Era tudo a luz de velas.

       -Então... por que precisam da minha ajuda? -perguntou a mocinha.

       - Queremos acabar com Catarina e Anabella...

       - Anabella? Ta maluco? Ela é nossa última esperança. Sinto muito,  mas não vou ajudar. - ela interrompeu Jorge.

       - Anabella está do lado de Catarina. Ela é a vilã. Você precisa acreditar em  nós.  - Insistiu Jorge.

       - Anabella vem aqui frequentemente.  Eu saberia se ela estivesse aprontando alguma coisa.

    

      - Catarina e Anabella fez todos vocês acreditarem que ela sou eu. Eu sou a verdadeira princesa, e não Anabella. Você precisa acreditar e nos ajudar,  ou tudo estará perdido e não haverá mais paz e harmonia em Godava. - falei. Ela parecia estar começando a ceder.

        - Mas... por que... - gaguejou, e nos entregou a água - tudo bem. Eu tenho uns amigos e vou pedir para que se juntem a nós.  Enquanto isso, achem um lugar aí pelo chão para dormirem.  Eu só tenho uma cama, e não vou dividir. A não ser que seja com o bonitão aí. 

        - É... desculpe, mas... já me acostumei a dormir no chão. Vou dormir aqui na sala com Anna. Mas obrigada pelo convite. - Se Jorge gaguejou, acredito que estava pensando em aceitar a proposta dela. Mas que cara de pau. Ainda por cima na minha frente. Não me controlei.

        - Escuta aqui. Não sei se deu pra notar, mas Jorge está acompanhado. Chega perto dele e acabo com você,  sua vadiasinha de meia tigela.

       - Calma, Anna. Nós não podemos perde-la agora por causa de um ciúme bobo seu. - disse Jorge. - Vamos dormir ali. Como é seu nome? 

         - Bernarda. Mas enfim, ainda não está na hora de dormir, vamos dar uma volta aí por fora e ver como está as frutas para que possamos nos alimentar.

         - Podem ir vocês dois. Não quero que meu "ciúme bobo" atrapalhem durante o percurso. -disse, franzindo a testa. Não acredito que estava com ciúmes de Jorge com aquela garota que à um minuto atrás não sabíamos nem o nome.

        - Vai sonhando. Até parece que vou te deixar sozinha aqui. Se você não for, eu também não vou. E caso encerrado. - Jorge parecia decidido.

        -  Qual o problema de vocês?  Nasceram grudados? E não acredito que você ta com ciúme dele comigo.  Só quiz ser generosa em relação à cama. - disse Bernarda.- A propósito,  não vou trazer comida pra vocês.  Se não quizerem morrer de fome, é melhor me acompanharem.

       Jorge e eu nos olhamos, e sabíamos que não tínhamos escolha. Ela ja estava do lado de fora quando nos levantamos.  Jorge me pegou pelo braço e fez com que eu ficasse frente a frente com ele, nossos rostos à centímetros de distância.  Então ele cochichou:

         - Eu sei que é cedo pra dizer, mas... eu amo você Anna. - Confesso que agora ele fez com que eu me derretesse. Mas recuei e fiz cara de raiva, soltando meu braço com força das mãos dele.

         - Você tem razão - falei de costas para ele - é cedo pra dizer. Você é jovem e eu também... ah, esquece.  Vamos logo.

          - Você vai me ignorar? Acabei de me declarar pra você.  O que eu tenho que fazer para que me entenda. Olha onde estamos.

          - Isso não é hora. Bernarda está nos esperando. Se quizer ficar aí,  não me importo. Vou assim mesmo. - eu saí, e ele veio logo atrás.

       

      

Princesa de GodavaOnde histórias criam vida. Descubra agora