Capítulo 13

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              - Estofa! Calma bebê. Eles são apenas turistas. Não me parece que apresentam alguma ameaça.

        Desesperada de mais para ver quem falava, não abri os olhos, nem mesmo levantei a cabeça.  Só sabia que era a voz de um homem.

         - Você ta acordada? - Perguntou ele. - Pelo menos um de vocês podem me responder. Não vou poder transportar os três de uma vez. Sou forte, mas não tanto.

           Ele não parava de falar. Tinha uma voz doce,  grossa também.  Queria olha-lo. Foi o que fiz. Apesar da neblina e pouca luz que abastecia o dia, pude ver um homem forte. Ele usava roupas de um camponês, velhas e desbotadas, até mesmo remendada em certas partes, tão bem remendadas que era quase impossível notar no escuro.

 

        - Você fala? -perguntou ele. Fiz que sim com a cabeça. - Então me diga quem é você, e se consegue andar.

          - Cla... claro. Desculpe. - falei. - Eu me chamo Anna. E... ai meu Deus!- gritei quando me dei conta que a tartaruga gigante ainda estava lá.

          - Calma, calma.- Disse ele, se aproximando para me acalmar, pegando em minhas costas e batendo devagar. - Ela não vai machucar ninguém,  é minha amiga. Desculpa se ela assustou vocês...

        - Assustou?! - interrompi - Essa coisa quase nos matou, você não vê o que está bem na sua frente.  Meu amigo e essa garota estão desacordados. Isso se não estiverem mortos. - agora estava com raiva.

         - Ela ia matar vocês mesmo.

         - Obrigada por falar o óbvio.

  

        - Mas não matou. Então por favor fique calma, deixe eu ajuda-la.

      

        - Não preciso da sua ajuda. Posso me virar sozinha.

        - Deixa de besteira. Sua perna ta  sangrando tanto que você não vai nem conseguir se mexer. 

         - Estou machucada graças ao seu bichinho de estimação. - Quando terminei de falar, percebi que a tartaruga não estava mais gigante,  agora estava pequena igual antes. Para minha surpresa ela estava procurando um lugar confortável no meu vestido que estava esparramado pelo chão.  Não resisti. Devagar fui com minha mão em direção ao seu casco, e quando comecei a fazer carinho lá, o homem pegou minha mão e a direcionou para a cabeça do animal.

         - O casco é para proteção, ela não irá sentir o calor do seu toque se não tocar na pele dela.

         - Ela. Como sabe se é menino ou menina?

        - Que pergunta embaraçosa. - Ele passou a mão no cabelo.  - Mas vou responder. Machos ficam com cerca de 25 cm e as fêmeas 30 cm de comprimento. Nas fêmeas, o plastrão, que é a parte inferior da carapaça, é meio convexo, dando espaço aos ovos. A cauda é mais fina e a cloaca é mais perto da base. Já nos machos, o plastrão é reto ou côncavo para melhor ajustar-se à fêmea durante a copulação. As unhas dianteiras são maiores do que as traseiras e a cauda é mais gorda...

       - Ok. Ja entendi, não precisa mais falar. - Falei.  Ele ja estava igual ao meu professor de biologia,  quando começava um assunto, se empolgava de mais. - Agora afaste- se para que eu possa me levantar.

         Comecei a tentar me levantar, a dor estava absurda. O menino me olhava como quem diz: "Que tola. Jura que vai conseguir mover um músculo sem ajuda." E começo a dar razão à ele. Fiz tanto esforço para conseguir ficar em pé, mas quando fiquei senti uma dor maior nas pernas, uma dor que não dava nem para descrever,  só sabia dizer que era muito forte,  e que estava ficando cada vez mais difícil ficar em pé. Ainda assim comecei a andar. Não queria dar razão para aquele desconhecido.

Princesa de GodavaOnde histórias criam vida. Descubra agora