Princesa de Godava

Capítulo 16

        - Berlina, você fez um ótimo trabalho.  Queria pagar você agora,  mas primeiro quero ver se é verdade mesmo o que me diz. Anna é muito difícil de convencer. - Catarina estava falando com Bernarda.

       - Meu nome não é Berlina, Alteza... -falava Bernarda. Mas Catarina à interrompeu.

       - Seu nome não me interessa. Quero ver Jorge e Anna separados,  só assim posso capturar os dois com mais facilidade. Agora suma daqui. Se quizer comer comida de qualidade, desça e vire a direita. Agora saia do meu quarto. Preciso pensar.

      - Sim. Vossa Alteza. - Bernarda se dirigiu para onde Catarina disse ter comida.

        Catarina estava pensativa no quarto. Ela tirou alguma coisa de baixo da cama, parecia um caderno, talvez fosse seu diário.

        Quando ela abriu,  imagens se passavam na página,  como em uma televisão,  só que sem todo aquele brilho.

     - Meu querido Derival, mostre-me onde está Anna. Deve estar caída em algum lugar do Reino.

       O livro ficou inteiramente preto, mas só por alguns segundos. Depois, apareceu na página direita um redemoinho,  parecia real, mas era apenas uma imagem fosca se mechendo em uma simples página. O redemoinho foi se desfazendo, e no seu lugar, pude ver uma jovem desmaiada ou morta. Vestido sujo e cortado, cabelos castanhos e encaracolados... nem preciso terminar.  A garota que estava naquela página,  era eu. O que é um tanto óbvio. Ela pediu para que o livro "me" localizasse.

       - Curioso o fato de você demorar um certo tempo para me mostrar o que pedi. Como se estivesse pensando se realmente seria uma ideia sábia fazer o que fez. - ela estava falando com o livro mágico,  pelo visto seu nome era Derival.  O mais estranho que ver ela falando com o livro, foi ver o livro responder,  com a voz grossa de um homem.

       - Estou à anos preso aqui dentro. Se ao menos me deixasse sentir um pouco da liberdade... - respondeu Derival.

      - NUNCAA!! - Catarina gritou, visivelmente desconfortável.- Quando permiti que você sentisse a liberdade,  você quase me deixou para sempre. Você,  assim como eu, não tem mais idade para sair por aí, andando como se fosse uma pessoa normal.

        -Eu sou uma pessoa normal. Ou pelo menos era, até você me transformar nessa coisa.

       -Foi para seu próprio bem.

       - Que seja. A garota não vai ficar desacordada por muito tempo. É melhor você agir logo.

      - Agora está do meu lado?  Agora pouco estava me repreendendo...

      - Não vem ao caso. Se você conseguir o que quer,  vai me libertar mais cedo.  Então conte comigo.

      - Assim é melhor.

     Catarina fechou o livro e o guardou em baixo da cama. Depois seguiu para o banheiro.

      - Querido espelho! O que seria de mim sem você e meu marido? Sinceramente... não sei se valeria a pena viver.
        E para completar o inimaginável,  o espelho respondeu.

       - Sua juventude fez de mim seu melhor amigo. Sua juventude fez aquele homem,  que hoje é seu marido,  se apaixonar por você.  Se você não colocar logo em prática o que está planejando,  perderá sua juventude,  e sua idade real prevalecerá. Por seguinte... nem preciso falar. Perderá à mim. E depois que seu marido for libertado,  provavelmente o perderá também. Então,  sugiro que você comece a agir com mais pressa.

     - Liu! Por que me trata assim?
    
     - Você não vai se abastecer da beleza de sua filha por muito tempo. Precisa agir logo.

     - Eu sei. Mas não sei o que fazer exatamente.

     - Muito simples, soberana. Mate o casal para governar sozinha com seu marido. Em seguida, sugue a beleza e jovialidade de Anna para você,  e de Jorge, para Derival. Soube que eles ja estão separados.  Isso facilita muito seu trabalho.

       Catarina saiu do banheiro e se deitou na cama. Em seguida,  adormeceu.

       - Aaaahhh...!-  levantei do chão com o pouco de força que me restava. - Isso não pode estar acontecendo.  - Falei entre soluços. Foi então que percebi, que alguém me observava. E eu conhecia aquela pessoa. Tenho certeza de que conhecia. Só que não conseguia lembrar quem era.