o gripado e o guardinha

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Jaebum achava que entrando para a academia de polícia de Bucheon fugiria de sua realidade, mas a verdade é que ela o acompanhava até ali. Primeiro que, certo, não era uma coisa muito extraordinária ele com vinte e um anos ser aprovado na academia de polícia. Nem era um policial de verdade para começo de conversa, era quase que um estagiário dentro da delegacia. Era isso. Mas sua família achava grande coisa e, por isso, deu uma festa quando recebeu a carta de admissão. Uma festa desnecessária, realmente. Como algo que envolvia as duas famílias poderia ser bom?

Veja bem, sua família era meio esquisita. Ele tinha uma madrasta que não era bem uma madrasta e dois irmãos, fora o seu biológico – que mais era seu perseguidor do que irmão. E, claro, um pai e uma mãe que, a trancos e barrancos, ainda estavam casados; e estranhamente a ex-amante de seu pai tinha virado uma pessoa próxima da família. Não amiga, mas próxima. Vai entender, certo?!

Depois de sobreviver àquela festa ridícula teve que sobreviver, também, à repercussão que seu primeiro trabalho deu. Não esperava que ser guardinha no show do Super Junior inspirasse tanta animação.

— Você vai poder pegar um autógrafo do Siwon-oppa pra mim, certo? — Doyeon agarrou na barra de sua camisa, puxando-o enquanto tentava lavar os pratos. — Não, melhor! — Abriu bem os olhos que já eram grandes. — Será que o Donghae-oppa grava um áudio me chamando de linda?

Jaebum suspirou e continuou a lavar a louça. O que aquela maluca fazia ali, afinal? Era colegial e deveria estar enclausurada dentro da escola, pensando nas provas de admissão da faculdade e não perturbando seu juízo. Fora que ela não morava ali, morava com a mãe no outro lado da cidade. Ela e Jeno tinham que estar com a mãe e não ali, na casa dos Im. Mas isso não parecia afetar a garota de longos cabelos pretos que ainda puxava a camisa do irmão mais velho, querendo sua atenção.

Se Hyunwoo a visse ali, colocaria todo mundo para correr rapidinho. Ele os detestava. Não lidava bem com a outra família de seu pai, como Jaebum lidava, ou tentava lidar. As crianças não tinham nada a ver com isso.

— Cadê seu irmão? — Questionou o paradeiro do garoto um ano mais novo que a menina. — Sua mãe sabe que você está aqui me perturbando?

Doyeon bufou e largou do Im que riu fraquinho e a encarou de soslaio. Era engraçada.

— Jeno matou aula pra andar de bicicleta com aqueles amigos estranhos dele. — Delatou e o policial novato, atual guardinha, olhou com mais atenção para a irmã. — Um bando de pirralhos que se acham donos do próprio nariz.

— Papai não conversou com ele sobre más companhias?

— Acorda. — Virou-se para o mais alto e colocou as mãos na cintura fina, uma expressão de tédio no rosto bonito. — Ele não liga.

— Claro que liga, vocês são os caçulas. — Voltou a lavar a louça. — Além do mais, você é a princesinha dele, é a única menina. — Sorriu quando recebeu um tapa fraco nas costas. Doyeon e aquele jeito meio bruto. — Você sabe que é verdade.

— Você age mais como nosso pai do que ele. — Sussurou, encarando as unhas pintadas delicadamente num rosinha claro.

Jaebum nada disse. Era verdade. Seu pai pouco ligava para os caçulas, sua paixão mesmo eram Hyunwoo e Jaebum, sempre foi. Eles eram seus garotos prodigiosos, um que estava seguindo o sonho de ser militar e o outro que, apesar de largar a escola muito cedo por odiar estudos, estava se dando muito bem na oficina mecânica do pai. Trabalhavam juntos! E era aquilo. Hyunwoo costumava dizer que a Lee, mãe dos outros dois, fora só uma aventura e por isso que os frutos da relação não eram algo relevante. Mas não. Para Jaebum as crianças não tinham culpa e por isso precisavam ser tratados como filhos tanto quanto ele e o irmão.

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