me desculpe, jaebum-ah

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É, ele não conseguiu dormir. Não que esperasse conseguir dormir e tudo mais, mas a realidade de ter sua noite de sono roubada por tanta angústia e insatisfação era péssima. Vejamos, rebobinando o negócio: Youngjae havia se declarado, isso era incrível e muito bom. Significava que então, finalmente, poderiam se conhecer melhor. Mas aí entrava o porém: que tanta merda era aquela que ele falou? Heterossexualidade, namoro... quê? Fala sério.

Sempre achou bonitinho o fato de o garoto ser todo solto e falante, mas estava odiando naquele momento. Nem ao menos conseguiu falar, droga. Que espécie de monólogo foi aquele? E como se não bastasse todo esse circo de horror, quase fora atropelado. Se não fosse por Doyeon, talvez tivesse virado rejunte de calçada. Que belo fim.

Bateu na própria cabeça com as mãos, agarrando os fios escuros com certa impaciência. Nem ao menos havia deitado. Porque... é, né. Do que valeria deitar se ia levantar e ter uma crise de raiva?

— Mas que porra. Ele nem sequer me atende. — Pegou o celular que havia tacado entre as cobertas, vendo que as chamadas não completavam, provavelmente estaria em modo avião. — Me bloqueou no Kakao... — Refletiu o que já havia visto. Bufou. — Qual o problema daquele cara? Sinceramente.

Não que achasse que Youngjae fosse inseguro, mas achava isso mesmo. Que tipo de gente okay da cabeça faria toda aquela revolução? Tiveram um sábado incrível, um domingo ótimo. Qual a parte em que havia errado?

Porque, sim, considerava-se meio bostão e fazia umas merdas por aí, mas não lembrava de fazer nada. Aliás, tentava falar pouco para justamente não afastar o mais novo. Parece que dessa vez isso, essa tática havia sido errada.

Mas quando não errava, né? Céus.

Isso que se passava pela cabeça louca do Choi. Deitado, coberto até a cabeça enquanto se agarrava no próprio travesseiro, revivia mais uma vez todo aquele drama. Fez a coisa certa, não foi? Antes de ir à casa de Jaebum, meditou. Sua mãe disse que ele precisava de clareza porque a mente andava muito perturbada, então meditou. Talvez tenha sido essa sua sorte porque daí arrumou forças para quebrar aquele ciclo.

Precisava... respirar. Não respirar Im Jaebum, mas respirar sozinho. Sem Yongguk, Jaebum ou qualquer outro ser humano que pudesse mexer com seu coração carente. Sua história era uma das mais esquisitas da Terra. Apaixonou-se pelo guardinha que havia salvado sua vida no show do Super Junior e... droga, por que ele tinha que ser tão bonito?

Era permitido policiais serem tão bonitos daquela forma? A Coreia deixava isso? E a fama dos "rostos mais bonitos da Ásia"? Se eles morressem, então...? Ah! Não. Só de aliar Jaebum e a profissão dele, começou a chorar. Por que demônios foi pensar em morte?

Sério... por quê?

...

Olhou o relógio de pulso e suspirou. Não sabia exatamente a hora em que ele entrava no emprego, mas arriscava que fosse cedo e ficasse até a tarde, não é? Esperava que sim. Ajustou o boné da polícia de Bucheon e caminhou até a porta bonitinha que sinalizava ali ser uma creche.

Parou antes de tocar a campainha. Será que estava certo... ir atrás dele e tal? Precisava se explicar, isso era fato, mas ele não parecia querer ouvir. Engoliu em seco e tocou a porta colorida, logo encostando a testa ali. Tinha pouco tempo, precisava voltar para a delegacia, estava no meio de uma ronda e se o delegado soubesse das coisas que andava fazendo na hora de serviço, jamais seria policial de primeira instância.

Para sempre guardinha serás e jamais delegado se tornarás.

— Com licença? — Uma voz feminina soou um tanto temerosa e ele deu um salto se afastando da porta e se curvando em respeito para uma mulher baixinha que vinha andando com um garotinho de bochechas fofas. — Obrigada. — Sorriu sem jeito e curvou a cabeça para o oficial que retribuiu.

Our Diary • [2jae]Onde histórias criam vida. Descubra agora