nosso celular, nosso almoço

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Precisou ficar até o fim do show, essa foi a verdade. Duas horas aguentando a cantoria sem fim daquele grupo que não ligava nem um pouco. Seu gosto musical era totalmente distante do pop sul coreano, que deus o livrasse daquela massa adolescente pirada. Convivia com dois adolescentes e sabia bem como aquilo podia ser irritante. Sabia o nome dos grupos graças sua meia-irmã e as coreografias graças a Jeno, que estranhamente adorava imitar e sair por aí demonstrando seu talento para a dança. Não que ligasse, porque não. Seu tipo musical tava mais para o rock clássico e aqueles indie meia tigela que você escuta e dá vontade de atolar a cara em um barril de cerveja. E é isso.

Durante todo aquele tempo que esteve ali, impaciente, gravou alguns vídeos curtos para sua irmã e os enviou imediatamente. Teve seu chat coberto por emojis e pouco ligou para aquilo, estava mais impaciente para o show terminar e quando terminou, pouco acreditou. Bateu cartão e devolveu aquela roupa ridícula. Droga de roupa feia. Era quase dez da noite quando chegou no hospital público de Bucheon e suspirou ao notar que talvez tenha demorado demais para encontrar-se com o tal Minho, irmão do dono do celular que estava no bolso traseiro do jeans. Jaebum suspirou.

Por que não podia simplesmente ter um trabalho normal? Sempre entrava em alguma coisa maluca. Andou calmamente olhando em volta, tentando achar alguém que pudesse "reconhecer", levando os traços do garoto gravados em sua memória. Era lindo e não era uma beleza que podia esquecer facilmente. Porém, não achou.

— Droga. — Praguejou pegando o aparelho que apitava bateria fraca. 10%. Se não se apressasse, teria problemas. Desbloqueou a tela com um arrastar do polegar, indo nas chamadas recentes. Colocou para discar. Não demorou muito para ser atendido. — Oh, olá. Aqui é Im Jaebum, cheguei no hospital.

Certo. Venha por favor no ambulatório, eu estou aqui e não posso sair. — O tom rouco disse do outro lado. — Será rápido.

O Im grunhiu em confirmação e guardou o aparelho no bolso novamente, entrando no hospital e indo diretamente na porta de ferro onde ficava um segurança. Usou o distintivo e mentiu um pouquinho – bem pouquinho – sobre precisar falar com um paciente. Foi liberada sua entrada e se orientou pelas plaquinhas nas paredes. Cheiro forte de produto de limpeza, gente doente lhe dava certa ânsia, mas seguiu mesmo assim, chegando em um corredor extenso onde tinha uma abertura grande que indicava o ambulatório. Entrou e correu os olhos por ali.

— Pois não? — Uma enfermeira se aproximou do policial que ainda vasculhava o grande cômodo com macas, cadeiras reclináveis. Estava cheio. — Cadê seu prontuário?

— Ah? — Franziu o cenho em confusão e negou rapidamente. — Eu não sou paciente, só vim entregar algo para um. Pode me dizer onde está Choi Youngjae?

A mulher baixinha pareceu um tanto confusa, mas andou alguns passos curtos e apontou para uma maca onde o Im pode visualizar bem o jovem garoto ali, deitado enquanto conversava com um homem alto e forte, o cabelo castanho igual... só podia ser o tal Minho. Agradeceu curvando-se rapidamente e foi andando um tanto sem jeito até os dois que rapidamente pararam de conversar e encararam o novato ali. O moreno suspirou.

— Você deve ser o oficial Im Jaebum, certo? — O Choi mais velho foi o primeiro a dizer algo, aproximando-se do mais novo que assentiu. — Muito obrigado por tudo.

Ouvir seu nome ser acompanhado pelo honorífico deu ao mais baixo uma sensação gostosa. Era bom ser tratado daquele jeito respeitável, mesmo que ainda fosse um novato. Passou a mão no topete natural e sorriu gentil. Youngjae ajeitou-se como pôde na cama e fez uma careta de dor por ter a intravenosa presa em seu braço. Ainda se sentia meio zonzo, mas era tudo culpa daquele remedinho inútil chamado dipirona.

Our Diary • [2jae]Onde histórias criam vida. Descubra agora