Cheguei em casa um pouco mais tarde. Passei na casa de Mika para conhecer. Era bem grande e bonita, Mika realmente tinha algum dinheiro.Comentei com ela sobre eu querer arrumar algum trabalho e Mika me contou sobre uma vaga em um bar. Ela parecia ter aparecido na minha vida para me salvar.
Abri a porta de casa e encontrei tudo escuro. Fui para o quarto, já havia jantado com Mika, e quando entrei e fechei a porta, quase morri do coração.
Gabriel acendeu a luz e o encontrei sentado na minha cama, a camiseta aberta e os botões da calça desabotoados. Pisquei um pouco e me virei. Não queria ficar olhando, ou ele ia achar algo para poder me infernizar.
—Oque você quer aqui? —Perguntei, enquanto tirava as sapatilhas e deixava meus materiais no chão.
—Você é uma cadela, sabia? —Ele disse.
O olhei e sorri. Gabriel parecia irritado e eu sabia que ele tentaria de alguma forma me irritar também. Era só ter cautela.
—Você já me disse coisas piores. —Dei de ombros, indo até o guarda-roupa para pegar meu pijama.
—Não acredito que ligou para o Jhon.
—Ah, ele é o meu pai. Porque eu não ligaria?
Gabriel se levantou e veio até a mim,com o rosto bem próximo e esbanjando ódio.
—Você tem ideia das coisas que eu tive que escutar? —Perguntou, eu dei de ombros —Sua vaca pretenciosa!
Eu ri e apontei para a porta.
—Gabriel, eu estou cansada, quero ir tomar um banho e dormir. Sai daqui, por favor.
—Ele te tocou? Ele por acaso insinuou que ia te tocar? Porque eu duvido muito, Louisa.
Olhei pra ele.
—Acha que eu menti?
—Mas é claro que você mentiu. É tudo o que você sabe fazer. Mente e se faz de vítima só pra poder ter a atenção do seu pai.
Pisquei, ele realmente estava conseguindo me irritar.
—Eu tenho a atenção do meu pai, Gabriel. Mas e você? —Me aproximei, apontando o dedo em seu peito —Sua mãe é uma cadela que só sabe viajar e gastar dinheiro e o seu pai foi embora porque nem ele aguentou essa família doente. E sou eu quem quer atenção?
Ele segurou meu braço e me empurrou contra a parede.
—Sabe o que você quer mais do que atenção? Você quer uma porra de um pau pra enfiar na boca e nessa sua buceta que ninguém quer comer. Isso inclui o Filipe. Sua vagabunda de merda.
Foi o bastante pra mim.
O empurrei com todas as minhas forças e sai do quarto, batendo a porta com força.
Sai da casa com os olhos ardendo em lágrimas. Filho da puta, desgraçado! Eu o odiava!
Antes
Era uma sexta feira a tarde e minha mãe deixou que eu fosse com Daphne para a casa do meu pai. Chamamos uma amiga, Tamiris, porque lá tinha piscina e o calor estava demais. Nós decidimos fazer uma brincadeira e eu, como sempre, fui a primeira a ter que fazer. Eu tinha dezesseis anos e naquela idade passavam mil coisas na minha cabeça, inclusive garotos, principalmente o Filipe que era o garoto mais bonito da escola.
A brincadeira era simples. Em um papel, eu devia escrever três coisas que eu tinha vontade de fazer, mas eu não podia, o porquê e com quem.
Vontades:
1- Experimentar Vodca.
2-Colocar um pênis na boca.
3- Fazer sexo com cara mais velho.
Queria experimentar todas essas coisas com Filipe. Mas eu não posso porque sou de menor e porque eu não tenho coragem.Só que quando eu acabei de escrever, Gabriel tomou o papel de mim. Dois dias depois, a escola toda estava sabendo. Ele teve a coragem de entregar a Filipe que nem olhava na minha cara. Passei a semana inteira sem voltar na escola ou ir na casa do meu pai e nunca mais voltei a falar com Tamiris, porque ela e Gabriel riram tanto que eu acabei tendo um ódio mortal dela. Daphne nunca mais tocou no assunto, e Gabriel parecia ter esquecido.
Mas eu sabia que ele juntava todas as cartas e depois usava contra mim.
E agora eu o odiava mais ainda, mesmo antes eu achando que não era possível.
(...)
Na sexta feira depois da aula, Mika me deixou no bar onde ela havia comentado sobre a vaga de trabalho.
Ajeitei minhas roupas no corpo e caminhei até lá. Havia um homem, aparentemente seus vinte e tantos anos, talvez trinta. Ele estava limpando entre as mesas, e outro mais novo colocando as cadeiras para o alto, enquanto o mais velho vinha e limpava.
—Olá! —Cumprimentei, enquanto esperava que eles se virassem —Vim pela vaga de emprego.
O mais velho nem se deu ao trabalho, parecia ocupado de mais. O mais novo, parecendo dois ou três anos mais velho que eu, sorriu e veio até a mim.
—Oi. Sou o Tom.
—Louisa. —Apertei sua mão e o olhei esperançoso.
—Você pode esperar a gente terminar aqui? Meu pai logo vai falar com você.
—Claro. —Sorri, e me sentei na calçada.
Quase meia hora depois, Tom veio até a mim e me convidou a entrar. Ele foi para trás do balcão e seu pai se sentou em uma mesa ali perto, apontando o lugar vazio a sua frente. Ele parecia ser um homem sério.
—Então, Louisa —Começou, depois que eu me sentei —Quantos anos mesmo você tem?
—Eu tenho dezoito.
—Tem alguma experiência em lidar com pessoas?
—Sim. Minha mãe trabalha em um restaurante a muito tempo, agora minha irmã também trabalha lá. Algumas vezes eu já parei para dar uma forcinha. —Sorri, tentando ser gentil.
—Dar uma forcinha certamente não é ter experiência. —Ele disse, olhando para o filho —E porque você não trabalha nesse restaurante com elas?
—Eu não sou de Cambridge. Não somos daqui, da Inglaterra. Vim fazer faculdade e não posso ficar de mãos cruzadas enquanto minha mãe e irmã trabalham pra me mandar algum dinheiro. —Suspirei, cruzando as mãos sobre o colo —Na verdade, tem mais uma coisa.
—Estou escutando.
—É que eu estou morando com... Ele é meio que o meu irmão. Só que a gente não se dá muito bem e eu preciso alugar outro lugar, caso contrário vou enlouquecer.
—É seu ponto de escape?
—Perdão?
—Quero saber, Louisa, se você trabalhar aqui significa responsabilidade e comprometimento ou é só uma coisa que você precisa fazer para te manter ocupada.
—Não. —Balancei a cabeça. Não queria passar uma imagem ruim —Eu realmente sou esforçada, você ficaria surpreso.
Ele balançou a cabeça e se levantou.
—Minha mulher ficou doente e morreu a alguns meses, desde então são só eu e o Tom. É melhor mesmo que alguma mulher tente colocar ordem nas coisas por aqui, Tom não sabe lhe dar muito bem com a arrumação.
O olhei, tentando não me empolgar tanto.
—Aliás, eu sou o Rob, seu chefe.
Sorri, agora sim me animando e segurei sua mão.
Ele não fazia ideia de que tinha acabado de salvar a minha vida.
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Atração sem Limites
RomanceLouisa precisou se mudar para a casa do meio-irmão Gabriel, com quem tinha um grande problema de convívio desde que se conheceram. Um relacionamento a base de intrigas e sarcasmos começou a dar lugar para carícias e um romance que não tinha a aprova...