Vinte e três

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—Onde estava? —Daphne me perguntou, assim que cheguei a sala.

—No banheiro. Não estou me sentindo muito bem. —Murmurei.

—Ao menos arrume essa fita no cabelo. —Ela disse e passou por mim para se sentar ao lado de papai.

Olhei para ela por um tempo. Não sabia se Daphne tinha ou não percebido, mas achei estranho o tom com que ela me disse.

Agarrei minha bolsa no sofá e peguei meu celular de la.

"Acho que Daphne percebeu." Digitei para Gabriel.

Não tive uma resposta, só que dois minutos depois ele estava ali na sala. Piscou para mim despistadamente e se sentou no braço do sofá onde Scarlet estava sentada.

—Que cheiro é esse? —Perguntou, alto.

Papai e Scarlet o olharam. Eu e Daphne já estávamos o encarando desde que entrou.

—Não estou sentindo nenhum cheiro. —Sua mãe disse.

Ele levou a mão até o nariz e o tampou.

—Você tem razão, Scarlet. Não é nenhum cheiro, é o odor que está vindo... —Gabriel apontou para mim e sorriu —Não toma banho a quanto tempo, Louisa?

Senti meu rosto vermelho e meu pai revirou os olhos.

—Achei que passaríamos ao menos uma noite sem as suas piadinhas, Gabriel.

—Não é uma piada. —Falou e voltou a olhar para mim.

Depois de uns segundos, entendi o seu plano. Na verdade, Gabriel não estava tentando me insultar (pelo menos não de propósito). Estava apenas respondendo a minha mensagem.

Sorri e respirei fundo.

—Está tudo bem papai. —Olhei para Gabriel —O odor deve estar vindo de baixo de seu nariz. É o mesmo que sinto toda vez que você fala e eu estou perto.

—Você não consegue ser tão engraçada quanto eu.

—Não estou tentando ser engraçada, Gabriel. Estou apenas ligando os fatos.

—Ah, qual é! Não vão começar, vão?—Scarlet suspirou.

—Ele não vale a pena, Lou. —Daphne disse ao meu lado, de modo que só eu ouvisse.

—Eu sei. —Falei para ela —Estou bem.

Ela me analisou por um segundo e depois deu de ombros.

Gabriel sorriu e tirou um cigarro do maço.

Ficamos na sala por alguns minutos, enquanto Daphne e papai conversavam. Scarlet foi a primeira a se retirar, murmurando que iria dormir. Gabriel permaneceu até que Daphne por fim me chamasse para ir embora.

Eu não queria ir e não me despedir de Gabriel, mas me contive a caminho do táxi. Dei um abraço em papai e olhei uma última vez antes que o motorista desse partida.

Eu e Daphne não trocamos nenhuma palavra até chegarmos. Ela parecia pensativa e séria em comparação em como ela realmente era, engraçada e divertida.

Mamãe estava assistindo TV e sorriu quando nos notou em casa. Pisquei para ela e fui logo em direção ao meu quarto, fechando a porta. Queria ligar para Gabriel, mas teria que esperar até que Daphne dormisse. Ouvi alguns murmúrios ao lado de fora e apertei o travesseiro na cabeça, não queria esperar. Queria ouvir a voz de Gabriel e falar mais sobre nosso "encontro romântico". Eu não podia acreditar que eu tivesse descoberto aquilo assim, apesar de não gostar muito de surpresas.

Atração sem LimitesOnde histórias criam vida. Descubra agora