A sala estava escura, a não ser pelas luzes piscantes e coloridas que rodeavam o lugar. Havia pelo menos duas dúzias de pessoas e eu pude sentir um cheiro insuportável de maconha.Mas não era aquilo que tinha prendido minha atenção e feito meu coração se apertar dentro do peito.
É que ali na sala, sentado em um sofá enquanto segurava uma cerveja, estava aquele mesmo homem do outro dia. Seus pés estavam apoiados na mesinha de centro e ele ria de alguma coisa que Gabriel havia dito. Olhei para aquela cena e vi meus olhos se encherem de lágrimas.
Gabriel sabia que era meu primeiro dia no trabalho. Ele sabia que eu estaria cansada e que eu sempre odiei qualquer tipo de festa.
O mais engraçado, era que Gabriel havia dito que Max não voltaria. Ele havia dito e agora aquele homem estava ali de novo.
Olhei novamente para aquele idiota, meus olhos estavam marejados. Eu não sabia se era pela raiva que crescia dentro de mim ou pelo medo que sentia daquele homem.
Passei com um pouco de dificuldade pelas pessoas que estavam no corredor e entrei no meu quarto.
—Meu Deus! —Tapei os olhos ao ver um casal na minha cama.
Era a minha cama!
—Querem fazer o favor de sair do meu quarto? —Falei, alto.
Ambos resmungaram e a moça passou por mim, apenas de sutiã, empurrando meu ombro.
Fechei a porta atrás de mim e tirei o lençol da cama, jogando-o no canto. Eu não dormiria por cima de um lençol em que pessoas que eu nem conhecia estavam se pegando.
—Filho da puta. —Murmurei, depois de me sentar na cama.
Senti meu rosto úmido e afastei as lágrimas com força. Por que ele era tão imbecil? Gabriel tinha uma necessidade tamanha de me atingir. Era até pior do quanto eu gostava de vê-lo afetado. Desde sempre, todas as coisas que eu fazia ele criticava ou arrumava uma piada em relação para poder tirar sarro. Eu até já pensei que com o tempo isso pudesse passar, talvez quando ele ficasse adulto.
Mas acabou que tudo só foi piorando.
E agora minha cabeça latejava enquanto eu ouvia o som abafado do lado de fora.
Peguei o meu celular na bolsa e disquei o número de Daphne.
Tok! Tok!
Olhei para a porta.
—Está aí dentro, benzinho? —Aquela voz. —Te vi entrando.
Corri para a porta a fim de tranca-la, mas já era tarde.
Max estava ali dentro, mas por sorte a porta ainda estava aberta.
—Oque você quer? —Perguntei, tendo coragem de encara-lo.
—Eu não sei. —Deu de ombros fechando a porta —Isso vai depender se você vai querer me dar.
Senti o meu estômago embrulhar dentro de mim. Eu não podia acreditar... E tudo era culpa de Gabriel!
—Eu não quero dar nada a você. —Falei, ríspida. —Por favor, sai do meu quarto.
Minhas pernas estavam trêmulas, eu realmente esperava que elas não falhassem.
Dei um passo para trás quando Max enfiou as mãos nos bolsos e riu. Aquele riso seco, de uma pessoa que passou a vida inteira fumando.
—Você tava chorando? —Ele se aproximou um passo, eu recuei outro. —Tá com medo?
Olhei para a porta uma porção de vezes pensando o que aconteceria se eu corresse até a ela e tentasse sair do quarto.
—Eu sou um bom rapaz. —Ele deu outro passo e eu recuei mais um, batendo as pernas nas laterais da cama. —Você gosta de bons rapazes?
De repente, toda aquela vontade de chorar estava de volta. Eu poderia tentar gritar, mas duvidava muito que alguém ouvisse. A música estava muito alta.
—Você fica bem de toalha —Ele apontou para minha toalha estendida sobre a cabeceira da cama —Queria ver mais do que as pernas.
—Por favor, Max. Por favor, sai daqui. —Supliquei.
Ele riu novamente e arqueou uma sobrancelha.
—Você sabe o meu nome? —Perguntou, se aproximando mais um pouco. —Eu também sei o seu... Louisa. Gabriel comentou sobre você. Uma vaca provocadora.
Limpei as lágrimas que escorriam e apontei para a porta.
—Eu vou sair agora. —Avisei e, depois de respirar fundo, fui a passos largos até a porta.
Eu sabia que se tentasse ele iria me impedir e realmente me impediu.
Seu corpo estava impressado na porta e agora estava bem próximo a mim. Senti meu corpo estremecer e recuei, mas suas mãos apertaram meu braço, impedindo que eu me afastasse.
—Fica calma, benzinho. Eu já falei que sou bom rapaz. —Ele lambeu o lábio inferior e olhou para o meu casaco —Você não acha que tá quente, aqui? Porque não vai tirando o casaco enquanto a gente conversa?
—Eu não...
—Tira logo! —Gritou.
Um soluço saiu da minha garganta. Levei os dedos trêmulos, enquanto ele ainda segurava meu braço, e desci o zíper do meu casaco.
Talvez ele não fosse fazer nada. Talvez ele realmente não quisesse.
—Vem, vamos sentar na cama.
Max me puxou pelo braço e me sentou na cama, mas ele ficou em pé na minha frente e me olhou de cima. Pegou meu casaco e o cheirou, fechando os olhos por um breve momento.
—Cheiro delicioso, Louisa. Tira a blusa pra mim, vai.
Soluçei outra vez e neguei com a cabeça. Naquele momento eu estava desesperada.
—Por favor, não. —Funguei e o olhei.
Max sustentava um sorriso nos lábios. Um sorriso que me causou arrepios e fez virar a cabeça para não ter que encarar.
—Sabe, eu te quis desde o momento que te vi de toalha. —Ele levou as mãos até o cós da minha blusa e puxou, rasgando com um único movimento —Vamos ver se é tão gostosa quanto aparenta ser.
Nesse momento eu soube que, mesmo que colaborasse, ele no final tentaria abusar de mim. Então eu o empurrei com toda a força que encontrei e corri para a porta. Consegui destranca-la, mas antes de agarrar a maçaneta, Max me puxou pelos cabelos e me jogou na cama. Minha testa bateu na parede e senti uma dor me atingir.
—Você não quer fazer isso. —Chorei, enquanto tentava me virar para levantar outra vez.
—Ah, Louisa, eu quero sim. —Riu ele, se sentando sobre meus braços e se inclinando para beijar meu pescoço.
Comecei a gritar. Gritei com todo o fôlego que encontrei em mim, mas a música era muito alta. Gritei por Gabriel e naquele momento, até por papai. Gritei por socorro e clamei a Deus, mas Max tapou minha boca e puxou minha legue para baixo.
—Assim, gata borralheira. Nervosa do jeito que eu gosto. Agora observa eu domar você, benzinho.
Com uma das mãos, ele apertou meus braços atrás do meu corpo enquanto abria o ziper da sua calça com a outra mão. Gritei, já que ele não tapava a minha boca e me debati embaixo dele. Max ria e se esfregava em mim.
Quando ele finalmente abriu o zíper e se encaixou entre minhas pernas, a porta foi lançada no meio do quarto e o sorriso sínico de Max desapareceu de seu rosto.
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Atração sem Limites
RomanceLouisa precisou se mudar para a casa do meio-irmão Gabriel, com quem tinha um grande problema de convívio desde que se conheceram. Um relacionamento a base de intrigas e sarcasmos começou a dar lugar para carícias e um romance que não tinha a aprova...